ATA DA OCTOGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 17-10-2001.

 


Aos dezessete dias do mês de outubro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Sétima Sessão Solene, que foi aprovada. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Cassiá Carpes, a Indicação nº 041/01 (Processo nº 3904/01); pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador Humberto Goulart, o Pedido de Informações nº 183/01 (Processo nº 3846/01) e a Emenda nº 01 ao Projeto de Resolução nº 084/01 (Processo nº 3624/01); pelo Vereador Luiz Braz, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Nereu D'Avila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 262/01 (Processo nº 3938/01); pelo Vereador Raul Carrion, o Projeto de Lei do Legislativo nº 244/01 (Processo nº 3629/01). Também, foram apregoadas as seguintes Emendas Populares, todas ao Projeto de Lei do Executivo nº 026/01 (Processo nº 3738/01): de nº 01, de autoria do Colégio Santa Família, Associação dos Amigos do 4º Distrito e Paróquia São Geraldo; de nº 02, de autoria da União das Associações de Moradores de Porto Alegre, Conselho Comunitário do Bairro Cavalhada – COMCAV – e Clube de Mães da Vila União. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 002/01, da Vereadora Maria Celeste, Presidenta da Comissão Especial constituída com a finalidade de analisar os Processos nºs 0896, 0921 e 1414/01; 009/01, do Senhor Breno Beutler Júnior, Juiz de Direito do Primeiro Juizado da Infância e da Juventude de Porto Alegre – RS. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Guilherme Barbosa, Secretário Municipal de Obras e Viação, presente a este Legislativo na tarde de hoje para prestar informações sobre as obras da III Perimetral. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Waldemar Moura Lima, Presidente do Movimento Quilombista Contemporâneo, que teceu considerações a respeito dos problemas enfrentados pelos afro-descendentes brasileiros, particularmente no que se refere ao preconceito racial e à luta pela igualdade, dignidade e cidadania plena. Também, defendeu a instituição de feriado municipal no dia vinte de novembro, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Haroldo de Souza, Humberto Goulart, Luiz Braz, Raul Carrion, Maristela Maffei, Beto Moesch e Clênia Maranhão manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e cinqüenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e três minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Estadual Onyx Lorenzoni. A seguir, o Senhor Presidente registrou o comparecimento, nos termos do Requerimento nº 233/01 (Processo nº 3811/01), de autoria do Vereador Beto Moesch, do Senhor Guilherme Barbosa, Secretário Municipal de Obras e Viação, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra à Sua Senhoria, que discorreu sobre a execução de obras pertencentes ao complexo viário da III Perimetral, explicando os motivos pelos quais foram realizadas alterações no projeto original da elevada sobre a Avenida Nilo Peçanha. Ainda, reportou-se à construção do Terminal Triângulo, entre as Avenidas Assis Brasil e Baltazar de Oliveira Garcia. Também, foram registradas as presenças dos engenheiros João Jorge Boeira e Maria Isabel Flores. Em prosseguimento, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do comparecimento do Senhor Guilherme Barbosa à presente Sessão, tendo o Vereador Estilac Xavier manifestado-se sobre o assunto. Também, nos termos do § 1º do artigo 138 do Regimento, o Vereador Beto Moesch manifestou-se e formulou questionamentos ao Senhor Guilherme Barbosa acerca do assunto em debate. Na ocasião, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores Reginaldo Pujol, João Antonio Dib, Humberto Goulart, Estilac Xavier, Elói Guimarães, Raul Carrion e Clênia Maranhão, que se manifestaram sobre o assunto abordado pelo Senhor Guilherme Barbosa. Em seguida, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Guilherme Barbosa, que prestou esclarecimentos acerca das manifestações feitas pelos Senhores Vereadores em razão da presença de Sua Senhoria a esta Casa. Também, o Vereador João Bosco Vaz manifestou-se acerca de proposta, de autoria de Sua Excelência, para denominação do viaduto em construção na confluência das Avenidas Protásio Alves e Carlos Gomes, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto. Às quinze horas e cinqüenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e cinqüenta e cinco minutos, constatada a existência de quórum. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 4ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Executivo nºs 026, 027, 028, 029 e 030/01, discutidos pelos Vereadores João Antonio Dib, Sofia Cavedon, Adeli Sell, Maristela Maffei, Estilac Xavier e João Carlos Nedel. Na ocasião, por solicitação do Vereador Reginaldo Pujol, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Leonísio Malabarba, falecido ontem. A seguir, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea "g", do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador Luiz Braz, que discursou acerca de visita realizada por Sua Excelência, como integrante de Comissão Externa formada nesta Casa, a ruas da Região Norte da Cidade, que integram o trecho da Radial Anita Garibaldi. Nesse sentido, relatou a preocupação de moradores daquela região com a possibilidade de prejuízos em decorrência de desapropriações necessárias para implementação dessa obra e propugnou pelo estudo de alternativas que não afetem a população local. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Resolução nºs 049 e 099/01, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 142/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 053/00, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 248, 251, 253, 254/01, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, e 255/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Adeli Sell, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 022/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Sofia Cavedon, Juarez Pinheiro e Marcelo Danéris; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 239, 241, 249 e 250/01, os Projetos de Resolução nºs 084, 091, 092 e 093/01; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 082/01. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Avila, comentando o pronunciamento feito em Pauta pelo Vereador Marcelo Danéris, questionou propostas contidas no Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01, que versam sobre a alteração na forma de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU – e a atualização da Planta de Valores do Município. Ainda, analisou a tributação do IPTU sobre as propriedades localizadas na área rur-urbana de Porto Alegre. O Vereador Antonio Hohlfeldt manifestou-se acerca de denúncias de irregularidades no Abrigo Municipal Ingá Brita, criticando a direção dessa instituição e a Presidência da Fundação de Assistência Social e Cidadania – FASC, no que se refere à falta de providências para averiguar essas questões. Ainda, informou a intenção de Sua Excelência de pedir autorização judicial para ter acesso a documentos daquele Abrigo, os quais comprovariam as denúncias apresentadas. O Vereador Cassiá Carpes apoiou a iniciativa do Curso Pré-Vestibular Unificado, que promoverá a 4ª Jornada Unificada de Debates, a ser realizada no dia vinte e três de outubro do corrente, para discutir a respeito do consumo de drogas nas escolas, comentando o Projeto de Lei do Legislativo nº 127/01, alusivo a esse tema. Também, avaliou o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 003/01, que define o novo traçado da Radial Anita Garibaldi. O Vereador João Antonio Dib analisou o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01, que dispõe sobre a cobrança, de forma progressiva, do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, relatando as dificuldades encontradas por Sua Excelência ao examinar o material anexado ao referido Projeto, especialmente no que tange à Planta de Valores do Município. Ainda, discorreu a respeito de dados relativos à arrecadação dos impostos cobrados pelo Executivo Municipal. O Vereador Sebastião Melo questionou a contratação, de forma emergencial, pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, da empresa Coletora de Resíduos Limitada - CORES, informando que solicitará a convocação do Senhor Darci Campani, Diretor do DMLU, para prestar esclarecimentos sobre o assunto, salientando que tal medida está em desacordo com a Lei nº 8666/93, que institui normas para licitações e contratos na Administração Pública. O Vereador Raul Carrion discursou acerca de diligências efetuadas pela Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, para averiguar o cumprimento de ação de reintegração de posse de imóvel localizado na Vila Safira. Também, teceu considerações sobre as dificuldades enfrentadas pela comunidade que ocupa os loteamentos irregulares Túnel Verde I e II, no sentido de proceder à regularização dos mesmos junto à Secretaria do Planejamento Municipal - SPM. A Vereadora Clênia Maranhão manifestou-se favoravelmente à proposta do Vereador Antonio Hohlfeldt, de constituir uma Comissão Especial para averiguar denúncias de irregularidades no Abrigo Municipal Ingá Brita, especificamente em relação aos procedimentos adotados por essa entidade no atendimento às crianças e adolescentes. Também, discursou acerca das políticas públicas desenvolvidas pela Prefeitura Municipal na área de assistência social do Município. O Vereador Carlos Alberto Garcia reportou-se à apresentação realizada pelo músico Eric Clapton no dia dez de outubro do corrente, aludindo ao descumprimento da Lei nº 8203/98, que versa sobre a apresentação de artistas porto-alegrenses na abertura de eventos musicais internacionais na Cidade. Nesse sentido, informou que encaminhará um Ofício para o Senhor César Alvarez, Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio - SMIC, solicitando informações a esse respeito. O Vereador Haroldo de Souza pronunciou-se a respeito dos trabalhos da presente Sessão, defendendo a necessidade de alterações no Regimento que priorizem o debate de questões pertinentes aos problemas da população. Ainda, discursou sobre as condições assistenciais do Abrigo Municipal Ingá Brita, ressaltou a importância da instalação de um posto policial no Morro Santa Teresa e contrapôs-se à implantação de pista de eventos nas proximidades do Colégio Santo Inácio. O Vereador Marcelo Danéris teceu considerações a respeito do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, destacando benefícios que poderão ser proporcionados à população através da aprovação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01, que versa sobre a aplicação do IPTU progressivo em Porto Alegre. Ainda, questionou as declarações do Vereador Nereu D’Avila, atinentes aos critérios adotados para a implementação de alíquotas progressivas no referido Imposto. O Vereador Luiz Braz contestou a política adotada pelo Executivo Municipal no que se refere à arrecadação do IPTU. Também, citou os artigos nºs 156 e 182 da Constituição Federal, que estabelecem os princípios a serem observados para a aplicação progressiva das alíquotas desse Imposto, afirmando que, no entender de Sua Excelência, as alterações propostas pelo Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/01 são inconstitucionais. Após, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, por vinte e dois votos SIM e sete votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Almerindo Filho, Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Raul Carrion, Sofia Cavedon e Valdir Caetano e Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz e Reginaldo Pujol. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Humberto Goulart, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 015/01, com Veto Parcial, o qual foi discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Elói Guimarães, Ervino Besson e Juarez Pinheiro, tendo o Senhor Presidente declarado encerrada a discussão do referido Projeto. Na ocasião, o Vereador Sebastião Melo procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, de Requerimento solicitando o comparecimento, a este Legislativo, do Senhor Darci Campani, Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, no sentido de prestar esclarecimentos sobre a suspensão da licitação para contratação de serviços de limpeza urbana, tendo o Vereador Elói Guimarães manifestado-se a respeito e o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto. Também, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a tramitação do Projeto de Lei do Executivo nº 015/01. Às dezenove horas e vinte e nove minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, em verificação solicitada pelo Vereador Marcelo Danéris, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Carlos Alberto Garcia, Reginaldo Pujol, Paulo Brum e Ervino Besson e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Antes de passarmos à Tribuna Popular, queremos comunicar aos Srs. Vereadores o comparecimento do Secretário Municipal de Obras e Viação, Sr. Guilherme Barbosa, que nos trará informações acerca das obras da III Perimetral e do Terminal Triângulo.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Waldemar Moura Lima, Presidente do Movimento Quilombista Contemporâneo, falará a respeito da instituição de feriado municipal no dia 20 de novembro, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. WALDEMAR MOURA LIMA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que as nossas primeiras palavras sejam de louvor e honra ao Grande Zumbi dos Palmares: primeiro herói nacional, excluído até hoje da História oficial do Brasil.

Zumbi dos Palmares, nosso herói e líder, com seu exemplo de luta, ainda aponta o caminho que devemos seguir para a conquista da nossa dignidade.

Sabem, por certo, as senhoras e os senhores aqui presentes, que foi tanta a violência legalmente praticada contra a população afro-descendente, durante quatro séculos de nossa história, que, hoje em dia, apesar de sermos praticamente metade da população, somos empurrados para condições de vida que envergonham a Nação brasileira.

Na raiz dessas desigualdades está um sentimento carregado em silêncio, que ninguém admite ter, mas que está em toda a parte. Um sentimento que minimiza a fúria dos senhores de engenho, e potencializa a revolta dos que sofreram e sofrem como ninguém a violência da exclusão social.

O preconceito racial, durante a história, se apresenta de todas as formas possíveis, do descaso à violência, do ódio às afinidades que preparam as traições. Hoje estas afinidades se revelam em sua forma mais refinada: através de um discurso da igualdade, onde todas ações reparatórias são rechaçadas como inoportunas.

Ex.mo Sr. Ver. Luiz Fernando Záchia, digno Presidente desta Casa do Povo, senhoras e senhores Vereadores; irmãos de todos os quilombos contemporâneos. O que queremos é nada mais do que uma ação concreta, entre tantas que se seguirão, para que oficialmente seja resgatada a auto-estima de milhares de porto-alegrenses.

A questão racial, porque trata da essência da dignidade humana, é mais do que uma grande obra. E porque sabemos que não é da tradição desta Casa a aprovação parcial de uma obra, nada mais esperamos do que o atendimento e o respeito integral às nossas ações reparatórias.

Zumbi dos Palmares, como Tiradentes e Sepé Tiarajú, foi imolado no altar da liberdade, da justiça e da fraternidade, no comprometimento em defesa da Nação brasileira. Seu sacrifício, no entanto, não sensibilizou os detentores do poder, que mantiveram a escravidão ainda por quase duzentos anos. Não seríamos pretensiosos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no desejo de que nossa ação contemporânea tenha mais êxito, não fosse pela confiança que temos na instância de poder que representam, na sensibilidade de V. Ex.as, já suficientemente miscigenada pela nossa diversidade étnica. Nossas forças já teriam-se esgotado se não perseverássemos após inúmeras ações paliativas oferecidas por aqueles que reconhecem nosso sofrimento, mas limitam-se, intimidam-se ante a responsabilidade de assumir as mudanças.

O que queremos, senhoras e senhores, é também oferecer-lhes a glória de participar da construção de uma nova história.

Ao pleitearmos nesta tribuna que o dia 20 de novembro, dia da imortalidade de Zumbi dos Palmares e Dia Nacional da Consciência Negra, seja feriado municipal em Porto Alegre, esperamos que esta Casa, historicamente comprometida com os ideais de liberdade e justiça, assuma conosco a luta, para que possamos ter, em breve, 20 de novembro, feriado nacional, e que, a exemplo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, com seu apoio político e estrutural, avance no reconhecimento da metade esquecida da população; que cada gabinete desta Câmara seja uma trincheira nessa batalha, para que possamos conseguir as assinaturas necessárias à aprovação pelo Congresso Nacional do dia 20 de novembro, feriado nacional.

Milhares de votos construíram os mandatos de V. Ex.as, e é em nome desses votos garimpados nas vilas periféricas, nas escolas de samba, nas casas de religião afro, nas COHABs, nos quilombos contemporâneos, que buscamos, nesta Casa, a cumplicidade cívica na conquista do nosso pleito.

Vejam, senhoras e senhores, estamos aqui em uma missão de igualdade, de equilíbrio de oportunidades. Muitas vezes, reivindicações como esta foram atacadas como se fossem geradoras de um desconforto para uma parcela de seus eleitores. Entretanto, mantêm-se as diferenças sociais e econômicas por critério racial. Segundo informações do IBGE, no Boletim de 4 de abril deste ano, em estudo realizado de 1992 a 1999, embora a população brasileira tenha tido um avanço genérico, as condições de vida de brancos e não-brancos mantém-se distanciadas por índices inalterados.

Em artigo da revista Veja de 5 de setembro de 2001, o cientista político Sérgio Abranches defende ações específicas para eliminar o racismo, como “um viés do bem”. Sem isso, ele afirma que nada mais se conseguirá senão a melhoria da distribuição de renda entre os brancos.

Gostaríamos de contemplá-los com uma informação valiosa. Não será com ações reparatórias que se estará produzindo uma inversão racial, onde negros e afro-descendentes passem a ter a posição de domínio sobre a sociedade hoje no poder. Precisaríamos, no mínimo, quatrocentos anos submetendo a outra comunidade, a comunidade branca, às violências que foram perpetradas contra nós. Não será assim, senhoras e senhores, porque essa diferença racial foi construída, oficialmente, como dissemos, há quase quatrocentos anos. Jamais teremos uma inversão social na sociedade. O que queremos é dignidade, respeito e oportunidades iguais. O temor que acompanha as nossas reivindicações decorre, tantas vezes, da falta de conhecimento sobre as violências que nós sofremos

Dentro da normalidade das leis vigentes, lenta, gradual e progressivamente, nós quilombistas, vamos recontando a História brasileira, segundo a ótica dos que construíram esta Nação. Buscaremos, como quilombistas, resgatar a verdade histórica que, infelizmente, não chegou aos bancos escolares, por isso, até hoje, somos um País inconcluso; um País que não mostrou a sua verdadeira face; um País que não se reconhece, pois nega a sua verdadeira história.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, os tambores, os agogôs, os atabaques, os berimbaus de Angola, as nossas vozes, nossos e-mails, as nossas artes e todos os nossos meios de comunicação, nosso correio nagô, certamente registrarão o respeito, a atenção e a vontade política de Vossas Excelências, nesta luta em busca de nossa auto-estima e para a conquista de nossa cidadania plena.

De posse destas informações, a comunidade negra e afro-descendente de Porto Alegre saberá retribuir o comprometimento de Vossas Excelências com nossa causa específica.

No último dia 19, o Teatro 7 de Abril em Pelotas, foi palco de Sessão Especial onde a Câmara de Vereadores daquela Cidade aprovou o dia 20 de novembro como feriado municipal. Dos Estados do Sul do Brasil, a cidade de Pelotas, pioneiramente reverencia a comunidade afro-descendente, instituindo o 20 de novembro como marco de reflexão, louvor e honra aos mártires que a construíram.

Quem sabe, Sr. Presidente, possamos ter já, nos próximos dias, atitude similar desta Casa, antecipando-se à cidade de São Paulo e transformando o próximo dia 20 de novembro em feriado municipal?

Nossa demanda, pelo princípio de justiça histórico que a motiva, se superpõe aos campos políticos ideológicos convencionais de direita, centro ou esquerda, porque também a desigualdade encontra apoio na direita, no centro e na esquerda.

Zumbi vive no coração de todo o ser humano que luta pela causa da justiça social e da liberdade, seja ele negro, branco, índio, cafuzo ou mameluco.

Certos de estarmos construindo juntos a vitória, dizemos:

Zumbi vive, é rei! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Convidamos o Sr. Waldemar Moura Lima para fazer parte da nossa Mesa Diretora dos trabalhos.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, boa-tarde, meu querido Pernambuco, Waldemar Moura Lima - que saudades de você! Esta é uma das figuras mais fantásticas que eu conheço. Que bom você estar aqui. Pelé é um cidadão do mundo e nem o Pelé conseguiu acabar com esse ranço que existe contra a raça negra. E a escravidão foi um dos atos mais bárbaros da história da humanidade. Muito, mas muito mesmo, teremos de fazer para reparar esse mal que cometemos, que a raça brasileira cometeu. O pedido de um feriado municipal no dia 20 de novembro, sim; indiscutivelmente, sim, por que não? A minha bisavó foi escrava numa usina de açúcar na cidade de Jacarezinho, no Paraná, e não é uma frase de efeito como a do Fernando Henrique: eu tenho, sim, o pé na África; não é nem o pé, é quase o corpo inteiro. Agora, sim ao feriado municipal de 20 de novembro.

E que você, Pernambuco, continue sendo essa figura, batalhando por essa raça, que é um orgulho do Brasil. Sim, ao feriado municipal, para que o Brasil mostre, definitivamente, a sua cara; não só nas cédulas do seu dinheiro, mas na realidade do respeito e do reconhecimento para com a raça negra. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu querido amigo e companheiro, inclusive companheiro de lutas ideológicas, Pernambuco. Quero enviar minha saudação, a saudação da nossa Bancada, o PDT, e, em especial do Ver. Ervino Besson, que auxiliou o Dep. Ciro Simoni naquele trabalho que foi publicado sobre negritude. Quero, ao me manifestar para o meu querido amigo Pernambuco, lembrar algumas coisas, principalmente que fui, junto com o nosso querido juiz Barbozinha e com a Eni Canarin o candidato do Movimento Quilombista para as eleições de Deputado Estadual, em 1998, o que muito me ajudou. E quero lembrar a figura querida de um negro amigo, fui criança junto com ele e não me dava por conta que existia essa história de preto e de branco, não me dava conta, naquela época, no Rio de Janeiro; depois é que eu fui vendo que existiam políticas antinegritude e que existiam preconceitos, mas fui criado longe disso, meus pais me criaram longe disso, meus amigos eram pretos, eram brancos e eu não me dava conta - que é Jorge Alves Ferreira - Jorge Carioca -, que é nosso amigo comum, que nos ajudou muito na cultura do carnaval, na cultura da negritude e que partiu tão cedo para outro mundo, nos deixando uma saudade imensa aqui e deixando uma luta toda por fazer, porque era um grande representante na luta da negritude.

E me lembro aqui, em tua homenagem, de uma música que fizemos a teu pedido, louvando a negritude e louvando Zumbi: “Negros do mundo, uni vossos cantares, pois não demora um novo Palmares, mais forte, vai surgir, e aí será a verdadeira liberdade entre os homens. Viva Zumbi! Viva Zumbi!” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, se existe uma pessoa que nos orgulha muito quando vem a esta Casa para falar em nome dos negros e dos movimentos que tentam a sua libertação real, esta pessoa é o nosso amigo Pernambuco. Eu encontro o Pernambuco em todas as frentes de luta. É um homem que procura ter todo o conhecimento necessário para poder orientar todos os movimentos culturais e sociais. Eu já encontrei o Pernambuco na capoeira, já encontrei o Pernambuco onde os negros discutem os seus direitos, os mais elementares, às vezes, ele sempre está presente e sempre orientando. E fico muito contente quando vejo o Pernambuco aqui, hoje, solicitando algo que devia ser natural: que o 20 de novembro, Dia de Zumbi, possa ser transformado em feriado em nossa Cidade - e também deveria ser feriado nacional.

Quero aproveitar a oportunidade da tua presença, Pernambuco, para lembrar que existe, também, uma história - penso que irá discriminar mais o negro ainda - de querer reservar espaços para o negro dentro das universidades. Penso que não se tem que fazer isso. Devemos é dar as condições para que o negro possa ser igual desde o início, desde o princípio, fazendo com que todas as escolas, desde a fundamental, possam realmente dar aquela oportunidade que ele precisa, para que ele também possa ter os conhecimentos e possa aprender e lutar de igual para igual, concorrendo de igual para igual, e aí não será preciso reservar nada para ele em nenhuma universidade e em lugar nenhum, porque ele concorrerá de igual para igual conquistando, pelo seu conhecimento, o lugar que merece.

Então, Pernambuco, eu te vejo na frente de tantas lutas, liderando o movimento de libertação da raça negra e fico contente em vê-lo aqui, mais uma vez, lutando para que este 20 de novembro possa ser um dia glorioso e um dia, realmente, em que possamos lembrar que a raça negra é uma raça igual a todas e não deve ser tratada com discriminação, como é hoje em toda a Nação brasileira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiro Pernambuco de tantas lutas comuns em defesa dos negros, em defesa da justiça, em defesa da liberdade, com quem inclusive nos encontramos, nesse final de semana, no II Fórum Gaúcho de Capoeira, onde tivemos a oportunidade de lá estarmos juntos. Queria parabenizá-lo pela sua iniciativa, e dizer que, evidentemente, o Brasil não seria, nem material nem culturalmente o que é sem a imensa contribuição dos negros; contribuição forçada. Relembramos grandes heróis negros da nossa história.

O primeiro deles, Zumbi; mas também Pageú em Canudos, também o Almirante negro João Cândido, também o nosso camarada Osvaldão, Comandante da Guerrilha do Araguaia, durante a ditadura militar. Zumbi dos Palmares é uma das maiores figuras históricas do nosso País, símbolo da primeira grande luta dos oprimidos e explorados desta Nação. Tanto é assim que nós, já no dia 3 de maio, encaminhamos nesta Casa, protocolamos um Projeto dando o nome de Largo Zumbi dos Palmares ao atual Largo da EPATUR, e esperamos que a Casa, com o apoio de todos os Vereadores - que aqui já se manifestaram e se manifestarão -, aprovemos essa homenagem colocando o nome de Zumbi no grande Largo da EPATUR, com os dizeres: “Símbolo da luta pela liberdade.” A nossa simpatia pela proposta que trazes aqui.

Uma grande saudação da Bancada Comunista, parceira histórica da luta dos negros contra todo o tipo de opressão e de discriminação. Muito obrigado e um grande abraço.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Gostaria de cumprimentar o nosso companheiro Pernambuco, e louvar a todas as liberdades democráticas de todos os povos, de todas as nações. Também gostaria de reafirmar a posição não apenas da Bancada do Partido dos Trabalhadores, mas, com certeza, de todas aquelas instituições democráticas que, cada vez mais, primam pelo centro de termos a certeza de que nos relacionamos com seres humanos e não com cor, não com etnias, não com a diferença e respeitando as diferenças. Aconteceu há pouco tempo, companheiro Pernambuco, a Ver.ª Clênia Maranhão nos representou, esteve presente na Conferência Internacional e nos trouxe um relatório que nos deixou estarrecidos, mais uma vez, com a questão da dizimação das comunidades africanas. E, infelizmente, cada vez mais, a supremacia branca internacional, principalmente guiada pelos ingleses, pelo governo inglês, pelo governo americano fazem essa dizimação, um dos maiores terrorismos que nós já vimos na história internacional. Isso nos cala fundo e nos faz pensar as coisas todas que estão acontecendo no mundo.

No Brasil, nós tivemos uma das piores formas de escravidão, porque, lá do berço, foram arrancados e trazidos para cá os nossos reis, as nossas rainhas, uma cultura riquíssima que deveria servir de exemplo para todo mundo, mas lá no quilombo resistiram com bravura e com a cultura que nós louvamos cada vez mais. Com certeza, esse dia vai ser importante para que todos os dias possam ser lembrados não apenas por nós, mas pelos nossos filhos.

Portanto, companheiro Pernambuco, viva Santa Inácia! Viva Zumbi! O nosso grande guerreiro. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum) O Ver. Beto Moesch está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr. Waldemar Moura Lima, talvez V. S.ª não se recorde, mas nós já trabalhamos juntos, quando conseguimos aprovar a Lei de Incentivo à Cultura, em nível estadual. Quando assessorava o Dep. Francisco Turra, nós nos mobilizamos e conseguimos elaborar e aprovar a Lei de Incentivo à Cultura. Nós estamos, justamente, tratando disso, eminentemente do aspecto cultural. O nosso grande desafio, como sociedade, é preservar a cultura e aprimorá-la constantemente. Nós temos que resgatar o valor histórico da comunidade negra aqui no Brasil. Eu ainda consegui, como estudante de 2º grau, estudar a comunidade dos quilombos, melhor dizendo, Palmares foi a principal, por meio da sua grande liderança Zumbi, mas as comunidades negras da época conseguiram se libertar da escravidão e conseguiram realizar comunidades promissoras, prósperas e exemplares até hoje; conseguiram isso por meio de muito trabalho, mas também porque tinham uma cultura, tinham amor à vida e tinham amor-próprio.

Nós estamos – por intermédio do trabalho de vocês – estudando e eu cheguei – volto a dizer – a estudar isso no 2º grau; coisa que até muito tempo atrás não se fazia.

V. S.ª colocou muito bem o papel do Zumbi dos Quilombos, que é o da justiça social, da liberdade. Nós estamos vivendo num momento de reflexão, pois o grande o problema da humanidade é justamente o preconceito; as várias formas de preconceitos. E é isso que nós temos que nos libertar.

Portanto, parabéns e, com certeza, vocês sempre terão o apoio desta Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra nos termos do art. 206.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, queremos saudar o Sr. Waldemar, do Movimento Quilombista Contemporâneo. Quero-me desculpar por ter chegado atrasada e não ter podido ouvi-lo hoje, mas vou pegar as notas taquigráficas para poder acompanhar a sua intervenção, que penso ser de extrema relevância, no momento em que nós estamos, inclusive, preparando a nossa Casa para as comemorações do dia 20 de novembro.

Eu creio que, recentemente, o mundo inteiro pôde ter uma preocupação mais próxima com essa questão.

A Ver.ª Maristela Maffei já referiu que eu tive o privilégio, a honra e a grande responsabilidade de representar esta Casa na Conferência de Durban. Penso que foi um momento histórico, quando o mundo pôde visualizar os esforços que são feitos hoje pelas comunidades de todos os países, de todos os continentes na defesa de uma sociedade que ponha fim à exclusão social; que ponha fim à questão da perseguição, à divergência e que valorize a multiplicidade racial, religiosa, ideológica de todos os povos.

Eu também tenho o orgulho muito grande de ser autora de dois Projetos de Lei que trabalham nesta Casa a luta contra a discriminação racial no nosso Município e pela busca pela visibilidade do papel que os afro-descendentes têm tido na sociedade porto-alegrense, na sociedade gaúcha.

A presença de V. S.ª nesta Casa, acredito que reforça o compromisso que todos nós temos que ter na defesa de uma política pública que venha propiciar condições de uma representação equânime do conjunto dos afro-descendentes e de todas as etnias que compõem o nosso Município.

Temos muito a agradecer pela sua presença, por resgatar, inclusive, para nós, uma lembrança, que é uma das mais gratas, mais importantes, mais representativas do ponto de vista da luta do povo brasileiro, que foram os quilombos. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Agradecemos ao Sr. Waldemar Moura Lima, que é o Presidente do Movimento Quilombista Contemporâneo, pela presença. Tenha a certeza de que esta Casa está engajada nessa sua luta.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 14h53min): Estão reabertos os trabalhos. Queremos registrar e saudar a presença do Deputado Estadual Onyx Lorenzoni. Convidamos o Deputado para fazer parte da Mesa. Seja bem-vindo, em companhia do seu correligionário, grande colega Ver. Reginaldo Pujol. O abraço de todos nós a V. Ex.ª, Deputado.

Convidamos também para integrar a Mesa o nosso Ver. Guilherme Barbosa, que é o Secretário Municipal de Obras e Viação do Município de Porto Alegre, bem como a Eng.ª Maria Isabel Flores e o Eng.º João Jorge Boeira, assessores do Sr. Secretário.

O Secretário Guilherme Barbosa está com a palavra. Após sua manifestação, abriremos espaço para que as Bancadas presentes façam as suas explanações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, Deputado Onyx Lorenzoni, Srs. Engenheiros da empresa Esbel que estão aqui presentes, é com satisfação que retorno a esta Casa, mais uma vez, aceitando o convite feito por este Plenário, a partir de solicitação do Ver. Beto Moesch, para que possamos transmitir aos Srs. Vereadores, representantes da população da nossa Cidade, informações sobre dois temas importantes do trabalho da nossa Secretaria que têm uma repercussão também grande para a nossa população.

Como já anunciado - mas quero destacar - estou acompanhado da Engenheira Maria Isabel Flores, que é a nossa chefe do escritório da III Perimetral, e do Engenheiro João Jorge Boeira, que é o Engenheiro Gerente da obra do Terminal Triângulo.

Inicialmente, quero-me referir à obra do viaduto da elevada sobre a Av. Nilo Peçanha, que faz parte do complexo da III Perimetral. A obra da Avenida foi dividida em vários trechos, várias etapas, sendo o viaduto uma destas etapas. Licitada a obra, ela teve início no começo deste ano, e, logo em seguida, se começou a trabalhar na modificação da infra-estrutura do local, no deslocamento das redes de água, da rede de esgoto cloacal, da rede de esgoto pluvial, telefonia, e assim por diante. Ao mesmo tempo, como é comum num trabalho como este, revisando o projeto da parte estrutural, a parte central do complexo daquele cruzamento.

Detectou-se, então, na seqüência, que havia um detalhe técnico, difícil de ser verificado inicialmente, que poderia trazer algum tipo de problema, de acordo com a utilização não indicada daquele viaduto. Percebeu-se, então, que um veículo que, por acaso, tivesse acesso ao viaduto e o quisesse atravessar com a velocidade exagerada, com uma velocidade alta, digamos entre 80 e 100 quilômetros por hora, por um detalhe de desenvolvimento da curva, poderia acontecer - Ver. João Antonio Dib, ex-Secretário de Obras e também de Transportes - um momento em que esse veículo poderia ser quase que ejetado e ficaria, em algum momento, com as rodas suspensas no ar, saindo da própria laje do viaduto. É claro, repito, isto poderia acontecer numa situação em que ele estivesse numa velocidade alta. É claro que, nós, mesmo numa situação como essa, excepcional, deveríamos superar essa questão. Detectado esse ponto, a empresa executora da obra propôs ao nosso escritório, e a SMOV discutiu em conjunto com o GAPLAN, que gerencia a parte financeira, a possibilidade de nos apresentar um outro projeto. Já que teríamos que fazer essa adequação, foi então trazida a possibilidade de termos um outro projeto, modificando inclusive a forma de execução da nossa elevada, que, inicialmente, seria uma estrutura com concreto moldado no local. Feita essa proposta, verificamos que poderia ocorrer, sim, a partir de uma outra idéia, de termos vantagem nessa modificação. Quando a empresa, afinal, nos trouxe um anteprojeto dessa nova proposta, tivemos a confirmação de que era vantajosa a troca para uma outra possibilidade. Essas vantagens eram, praticamente, nós termos uma estrutura bem mais esbelta, com a viga principal sendo 1,20m mais baixa, portanto uma estrutura com menor impacto visual; nós termos a execução mais simples, porque essa outra estrutura seria com concreto pré-fabricado, as peças construídas fora do local da obra, levadas para a obra e montadas no local, o que praticamente não iria transtornar o trânsito naquele cruzamento, reduzindo inclusive o tempo de execução. Nós tínhamos doze meses para executar a obra na sua proposta original, e, através dessa nova proposta, nós teríamos, então, a execução em dez meses, repetindo: sem transtornar o trânsito, pois, na primeira alternativa, haveria algum problema.

Acrescente-se a isso, além desses pontos, a possibilidade de reduzir-se o custo da obra, obra inicialmente cotada em 7 milhões e 800 mil reais, no primeiro momento reduziríamos em 670 mil, o que, depois, em estudos e debates com o GAPLAN e nossa equipe, verificou-se a possibilidade de reduzir para 950 mil reais a economia da obra. Portanto, vejam V. Ex.as que, de um valor inicial de 7 milhões e 800 mil, nós poderemos, com essa nova proposta, chegar a uma redução de 950 mil reais. Portanto, mais de 10% daquilo que era o valor inicial e outras vantagens como as já mencionadas.

A partir daí nós iniciamos todo o processo de tratativas com o agente financiador, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que pediu que um terceiro profissional, que não fosse nem da empresa executora nem dos quadros da SMOV, analisasse aquela proposta, ainda em nível de anteprojeto, e desse um parecer sobre isso. Assim foi feito; houve a contratação de um profissional conhecido da nossa Cidade, e ele elaborou um parecer que confirmou as vantagens desse novo projeto, vantagens aqui já referidas. Na seqüência, nos encaminhamos ao Banco para termos a sua posição final sobre essa alternativa. De certa maneira foi uma surpresa para nós, porque acreditávamos que o Banco Interamericano de Desenvolvimento, já que tinha pedido o parecer de um consultor, de um terceiro profissional, ao receber a posição daquele profissional, imediatamente iria dar o sinal verde para que nós executássemos a obra. Isso não aconteceu, infelizmente, em termos de tempo, porque o BID pediu, então, que, para dar uma sinalização definitiva, seria necessário que nós tivéssemos, então, o projeto executivo, que são passos adiante do anteprojeto. O anteprojeto, Srs. Vereadores que não são da área técnica, é um esboço mais qualificado, onde se tem a perspectiva, o desenvolvimento da estrutura, a possibilidade de se fazer uma cotação de preços, mas não permite a execução da obra.

Ao ser feita essa exigência, nós passamos a trabalhar nesse passo; é aquilo que se está fazendo agora: a empresa vencedora da licitação de execução está elaborando um projeto executivo que deve ser entregue à SMOV no final de novembro, e nossa expectativa - embora dependa desse terceiro elemento importante no contexto, que é o agente financiador - é de que, até o final do mês de dezembro, nós tenhamos essa autorização e que voltemos a executar a obra na sua estrutura principal, a partir do mês de janeiro. Se isso ocorrer, como já foi falado há pouco, o tempo de execução da obra do viaduto é de dez meses, o que nos remeteria, então, para o mês de outubro do ano que vem. Mas sem causar um transtorno, repito, ao trânsito daquele cruzamento, nem um transtorno maior como os que já sabemos que existem, até porque é impossível haver a execução de uma obra desse porte sem qualquer transtorno, embora tenha sido uma permanente preocupação da SMOV, junto com a EPTC, a de diminuir ao máximo o transtorno à população.

Dirijo minhas explicações a outro ponto sobre o qual foram solicitados os nossos esclarecimentos, que é o Terminal Triângulo, para os quais trouxemos aquela imagem, que é uma maquete eletrônica. O Terminal Triângulo localiza-se no encontro da Av. Assis Brasil com a Av. Baltazar de Oliveira Garcia e que tem a forma desse elemento geométrico. A importância desse equipamento é que ele vai servir de terminal de todos os ônibus que vêm de alguma das cidades da Região Metropolitana: das cidades de Cachoeirinha, de Gravataí e de Alvorada. Ver. Elói Guimarães, V. Ex.ª já foi Secretário de Transportes, a partir dali, daquele ponto, têm-se todo o transporte dessa população, que é grande, para o Centro de Porto Alegre, através, principalmente, da Av. Sertório. Esse equipamento faz parte de um programa da Prefeitura de Porto Alegre chamado “Corredor Norte-Nordeste”, que, por sua vez, se integra num programa do Governo do Estado, ainda da Administração Antônio Britto, que é o Projeto Linha Rápida. Do Projeto Norte-Nordeste, obras que são executadas com recursos da Prefeitura, nós já temos o Terminal Parobé, o próprio alargamento e as estações da Av. Sertório e o alargamento da Av. Assis Brasil. Esse terminal, então, vai-se enquadrar dentro desse projeto com financiamento do BNDES.

Essa obra foi dividida em duas etapas. O que nós estamos executando nesse momento é a etapa da infra-estrutura do Terminal Triângulo, é a parte que se verifica em termos de vias em seu entorno e na parte central, por onde os ônibus vão-se deslocar, e a parte inferior onde teremos túneis, porque os pedestres não irão atravessar nem a Assis Brasil nem a Baltazar de Oliveira Garcia por cima dessas vias, mas eles irão entrar em túneis para fazer a travessia com segurança.

Neste momento, nós estamos com 65% dessa obra finalizada e estamo-nos preparando, numa negociação com o Governo do Estado, para fechar uma acordo sobre a licitação da parte superior da obra, que vai custar em torno de 4 milhões de reais, a serem financiados pelo Governo do Estado, que contrai financiamento do BNDES, enquanto que a Prefeitura se encarregará de fazer desapropriações ao longo da Av. Baltazar de Oliveira Garcia, Ver. Raul Carrion, que tem acompanhado isso, que faz parte do Projeto Linha Rápida.

Todos sabemos que a Baltazar será alargada, que será construído um viaduto sobre a Manoel Elias. Para isso nós estamos fazendo este acordo: o Governo do Estado financiará a parte superior do terminal, enquanto a Prefeitura vai fazendo o trabalho de desapropriação necessário para o alargamento da Av. Baltazar de Oliveira Garcia e a construção do viaduto sobre... Aliás, é um viaduto na direção da Manoel Elias sobre a Av. Baltazar de Oliveira Garcia.

Termino aqui esta primeira manifestação e me disponho a responder, com toda a satisfação, as indagações dos Srs. Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passo a direção dos trabalhos ao nosso Presidente, Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Eu quero um esclarecimento, Sr. Presidente. É que, ao término da intervenção do ilustre Secretário de Obras do Município, ele falou que estaria à disposição dos Srs. Vereadores para responder questões. Antes, nós havíamos recebido a informação de que cada Bancada teria dois minutos para se manifestar, não com questões, mas com observações. Nós gostaríamos de, antes de nos inscrever ou para questionar ou para fazer a manifestação, saber qual a orientação que a Presidência vai determinar.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ver. Beto Moesch, antes de conceder a palavra a V. Ex.ª, até porque sei a direção do seu pronunciamento, conversávamos antes sobre isso, quando na Sessão que foi marcada a honrosa visita do Secretário Municipal de Obras e Viação Ver. Guilherme Barbosa, o Ver. Beto Moesch estava destinado a convocá-lo. Convocação de Secretário tem um rito todo especial. O diligente Vereador Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em acordo com o Ver. Beto Moesch, pediu que o Ver. Beto Moesch não fizesse essa convocação, porque ele traria o Secretário, espontaneamente, para que aqui viesse e respondesse as questões. Isso foi acertado, me parece, durante uma Sessão plenária. Só que sendo assim, Ver. Reginaldo Pujol, tem um rito todo especial e daí altera toda a disposição desta Mesa Diretora, até porque, hoje, temos prazo de Vetos, temos ainda a Pauta Especial que não correu na Sessão anterior, portanto temos prazo também legal para isso e o Ver. Beto Moesch, atento Vereador, veio preparado para formular questionamentos ao Secretário.

Se for no entendimento desta Presidência, que até diverge um pouco da Assessoria Legislativa, se for pelo Regimento, em Comparecimento, seria destinada às treze Bancadas o espaço, àquelas que tivessem interesse, de até dois minutos, mas como o Ver. Beto Moesch, que tinha a anuência da grande maioria deste Plenário em convocar o Secretário para que fosse oportunizado o questionamento e abriu mão, entendendo que, com a vinda do Secretário, seria possibilitado o seu questionamento, e vindo como comparecimento fica prejudicado, esta Presidência, de uma maneira excepcional, entende que as Bancadas que quiserem manifestar-se poderão fazê-lo até por até dois minutos e o Ver. Beto Moesch poderá fazer os seus questionamentos para que o autor não tenha prejuízo, porque, de boa-fé, o Ver. Beto Moesch entendeu que essa alteração atendia aos interesses do questionamento. Perfeito, Vereador?

Então, para que haja um equilíbrio dos interesses, o Ver. Beto Moesch teria um tempo regimental de até cinco minutos para que ele pudesse formular as suas questões e as outras Bancadas que tenham o interesse de fazer, poderão ter um prazo de até dois minutos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Quero cumprimentar V. Ex.ª pela sábia decisão.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Agradeço a compreensão, me parece, de todo o Plenário. Então, o Ver. Estilac Xavier não tem toda essa concordância. Ver. Beto Moesch, a sua manifestação é a primeira, porque a sua o Secretário responde. V. Ex.ª dispõe de até cinco minutos.

 

 O SR. ESTILAC XAVIER: Boa-tarde! Sr. Presidente, na verdade, eu fiz uma manifestação ambígua. É que, quando tratamos da concordância da vinda do Secretário, se viria por convocação ou por comparecimento, não me ative a esse detalhe dos questionamentos, talvez, o Ver. Beto Moesch tenha-se atido e ele tenha razão nisso.

Agora, a convocação é sempre um ato oficial e o questionamento é sempre, preliminarmente, dado a conhecer a quem vem. Por isso penso que causa um problema...

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Na convocação, no convite não...

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Na convocação. Por isso que eu quero resguardar esse espaço...

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): No convite, os Vereadores se inscrevem, até dez Vereadores, e eles podem, por um tempo de cinco minutos. Então veja Vereador, nós queremos fugir disso, seriam cinqüenta minutos para os Vereadores, mais o tempo de resposta do Secretário Guilherme Barbosa. Nós temos Pauta Especial, Pauta, para que possamos entrar no Veto. Penso que é desnecessário cumprirmos isso, e vamos priorizar com o Ver. Beto Moesch.

V. Ex.ª, Vereador, dispõe de cinco minutos.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, agradeço a sua compreensão, agradecemos também a presença do Secretário e Ver. Guilherme Barbosa, que, portanto, entende esse processo todo. Nós queríamos convocar apenas pelo processo oficial, mas a idéia era justamente dirimir dúvidas, nada mais que isso. Tenho apenas perguntas a fazer, nada mais. Vou começar a fazê-las.

Por que foi licitada e iniciada a obra, com base no projeto que não seria exeqüível, que é o original? Por que se iniciou, tanto a licitação como a obra? Por que não é exeqüível o projeto original? Há compatibilidade entre os projetos arquitetônicos, estrutural e geométrico do projeto original, e talvez por isso ele não seja exeqüível? Quando o BID - que é o órgão financiador, 60% BID, 40% contrapartida da Prefeitura -, recebeu alteração do projeto, por que as vias de acesso, muretas de contenção, etc., que são projetos, são medidas que não têm nada a ver com o projeto em si, com alteração do projeto, não foram executadas de maneira a minimizar os transtornos, tanto da comunidade do entorno como da Cidade. A Prefeitura não poderia usar a sua contrapartida para essas obras que não dependem da alteração do Projeto, para que não se paralisasse a obra? Qual a documentação enviada ao BID? Houve ordem para paralisação das obras? Fala-se aqui, com relação ao terminal, o triângulo, a mesma coisa com relação à III Perimetral: “Preparando a Cidade do futuro, uma grande ordem da participação popular.” Perguntamos: houve consulta à comunidade sobre a alteração do Projeto dentro do discurso apregoado pela Prefeitura? A Prefeitura já recebeu os recursos financeiros para a realização da obra de arte, no caso, o viaduto? Por que foi dada a ordem para iniciarem as obras da alteração do Projeto? Nós temos conhecimento disso no final de setembro. Aqui há duas coisas: o início da obra do Projeto original. Por que foi dado, se haviam sido constatados problemas no Projeto? Por que foi dada, agora, a ordem para iniciarem as obras da alteração do Projeto, se o BID ainda não deu o retorno estabelecido pela própria Prefeitura? Seriam esses os nossos quesitos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Secretário Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Beto Moesch, não sei se peguei tudo, acredito que sim. Vou tentar responder às perguntas uma a uma.

Por que, licitada a obra e dado início, se havia esse problema. Essa pergunta se repete muito, e é óbvia. Eu tenho respondido que essa é uma obra de muita complexidade, um projeto de engenharia de muita complexidade, e um item como esse é difícil de ser detectado. Tanto assim, que frisei na minha intervenção que, só no momento em que um veículo tiver uma velocidade bastante alta, é que vai sofrer esse tipo de problema. Se ele acessar o viaduto e atravessá-lo a 60 quilômetros por hora, não terá esse problema. É um aspecto do Projeto muito difícil de ser detectado. Quero afirmar que não considero que, por parte da Prefeitura, da SMOV, e mesmo do GAPLAN, que trabalha um pouco junto nessa questão, tenha havido falha, pela dificuldade que é, sim, detectar um aspecto como esse, mas felizmente nós detectamos, e temos a possibilidade de também, numa situação excepcional, de alguém que comete uma infração de trânsito, porque não resta a dúvida que, atravessar uma obra de arte com uma velocidade como essa, estaria cometendo uma infração de trânsito, pode haver um acidente sério. Portanto queremos evitar isso e ter uma nova estrutura absolutamente segura.

Com isso, já respondo a segunda pergunta da não exeqüibilidade da obra. Ela é exeqüível sim, ela poderia ser construída sem maior problema de segurança, era mais a questão da segurança do trânsito.

Foi perguntado também quando o BID recebeu a proposta de alteração? Acho que foi essa a pergunta, ajudem-me.

 

O SR. BETO MOESCH: Só para colaborar com o Secretário, é que a terceira tem a ver com a exeqüibilidade do Projeto, se há compatibilidade entre os projetos arquitetônicos estrutural e geométricos do projeto original? Talvez por isso possa ter sido alterado, não sei.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sim, exato, havia esse problema geométrico, desenvolvimento geométrico do projeto, ele não tem problema estrutural, repito, ele tem problema de trânsito, vamos dizer assim. Com relação à alteração, deixa eu procurar aqui, eu tenho um calendário, no dia 26 de junho, esteve aqui, em Porto Alegre, a Eng.ª Cláudia Neri, Engenheira Chefe do BID no País, seu escritório se localiza em Brasília, ela esteve aqui, quando recebeu a primeira informação mais concreta da modificação que estávamos propondo, e sinalizou para essa possibilidade de seguirmos adiante, mas levou um mês, só no dia 25 de julho é que houve a autorização para a contratação de um profissional, o Eng.º Charles Simon, engenheiro competente da nossa Cidade no trabalho estrutural, para que ele elaborasse o seu parecer. Em 14 de agosto, o Engenheiro entrega o relatório, nos reunimos em seguida com a empresa e encaminhamos de uma forma mais oficial para o BID no dia 29 de agosto deste ano. Foi essa a seqüência - faço aqui um comentário, o ato de terrorismo em Nova Iorque também chegou a nos atrapalhar porque logo que encaminhamos para o BID, a Eng.ª Cláudia Neri estava na América do Norte e levou duas semanas a mais para conseguir voltar ao nosso País, devido ao acontecimento do terrorismo nas torres, lá em Nova Iorque.

Na seqüência, V. Ex.ª perguntou sobre as muretas. Por que não? É uma pergunta inteligente e que todos perguntam, e nós próprios tentamos fazer isso. O Ver. João Antonio Dib ligou para mim, e depois a Engenheira Maria Isabel conversou com o Ver. João Antonio Dib, à época, porque nós pretendíamos fazer essa parte imediatamente, e a Engenheira Cláudia sinalizou com a possibilidade de fazer aquela parte, e três dias depois que voltou a Brasília, ligou dizendo: “Olha, cancela, porque, ou isso tem uma aprovação geral ou não deve ser executado”. Neste momento, nós estamos fazendo todo um esforço, porque além das muretas, nós também queríamos fazer o que chamamos de ramos, as saídas laterais de quem vem, por exemplo, pela Av. Carlos Gomes e quer acessar a Av. Nilo Peçanha, então, a pessoa acessa lateralmente. Nós já queríamos ter feito essa parte, que não é do viaduto, mas faz parte do complexo, mas não tivemos a autorização do banco. Há sinalização positiva, talvez nesta semana tenhamos alguma coisa positiva com relação a isso, o que vai permitir que possamos avançar ali nas obras.

Quanto à documentação com relação ao BID, eu já respondi. Nós encaminhamos - repetindo - no dia 29 de agosto o estudo, o anteprojeto para o Banco.

V. Ex.ª perguntou se houve ordem de paralisação. Não formal, mas devido a todo o processo que estava sendo seguido, de consulta e de preparação de um novo projeto, a obra, na sua parte principal, foi paralisada.

Aqui há uma outra pergunta que eu não consegui captar. Parece-me que V. Ex.ª perguntou sobre a alteração do Projeto e, logo em seguida, sobre a paralisação. V. Ex.ª pode repetir, por favor?

 

O SR. BETO MOESCH: A sétima, o senhor já respondeu. E a outra é se houve consulta à comunidade.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: A resposta é que não, formalmente não, nós consideramos aí uma resposta deste Secretário. Não há com essa modificação uma modificação que seja tão significativa que merecesse um debate com a comunidade e, ao contrário, o que há de modificação é um impacto com certeza positivo, na medida em que nós teremos, como eu disse no início, uma estrutura mais delgada, mais esbelta e de menor impacto visual. Portanto, consideramos que em uma situação como esta não seria necessário fazer uma consulta à comunidade.

Em seguida, V. Ex.ª perguntou sobre os recursos. Sim, todos os recursos de toda a Avenida, a III Perimetral, estão garantidos. Quando se aprovou o financiamento, todos os recursos estão garantidos para a obra.

 

O SR. BETO MOESCH: Por que foi dada a ordem para iniciar as obras, agora em setembro? Houve um reinício.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Talvez V. Ex.ª esteja confuso, porque há alguns trabalhos que fazem parte do trecho da Av. Carlos Gomes, que tem a ver, também, com o lançamento de rede de telefonia. Então, tem algum trabalho nessa ordem, mas não exatamente do viaduto sobre a Av. Nilo Peçanha.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, ilustre Sr. Secretário Municipal de Obras, sabe a Casa que nós temos algumas restrições sobre os convites, a vinda de autoridades do Município, com a finalidade de esclarecer alguns fatos, porque isso não logra ocorrer nessas visitas, pela sistemática da Casa. Não se pode estabelecer um diálogo da forma que deveria ocorrer com o Secretário que, de boa vontade, veio até a Casa, porque não posso questioná-lo, tenho que me manifestar e ele certamente ficará com o desejo de me responder, não podendo fazê-lo, em função do Regimento.

Mas eu fico, Ver. Guilherme Barbosa, com a opinião confirmada de que V. Ex.ª é um grande debatedor, porque só V. Ex.ª é capaz de trazer a esta Casa a informação de que está-se parando uma obra por um ano, como cautela de que alguém possa ingressar nesse túnel a mais de 60 quilômetros por hora, quando nós sabemos que o limite máximo do trânsito de Porto Alegre é 60 quilômetros por hora. Então, eu recebo a informação até espantado, Vereador Presidente, de que se parou uma obra por um ano ou mais, porque há temores de que alguém possa ingressar nessa elevada a mais de 60 quilômetros por hora. O projeto, segundo diz o nosso ilustre Secretário, era bom, só não tinha essa previsão; por isso justifica-se toda essa situação de desconforto que hoje vive a população daquela área. E nós estamos, aqui, recebendo a informação de que o projeto que era bom, que era exeqüível, porque não tinha a cautela de prever situações anômalas, reconhecidas pelo próprio Secretário, como a possibilidade de alguém ingressar na elevada a mais de 60 quilômetros por hora, para esse tipo de situação, se parou a obra por um ano.

Então, Sr. Secretário, certamente essa minha colocação justificaria um debate entre nós, o que certamente vai ocorrer em determinado momento, que não vai ser hoje, em função do Regimento da Casa. Mas eu digo a V. Ex.ª, com toda a sinceridade, que os esclarecimentos de V. Ex.ª, para mim, foram altamente convincentes, de que houve um grande erro de projeto e que por isso V. Ex.ª foi compelido a fazer essa paralisação, que, pela sua explicação, ninguém aceita como razoável.

Nós só podemos admitir que exista algum fato muito maior para justificar que por um ano inteiro fique, depois de licitada uma obra, com um projeto anterior - e eu não acredito que o antecessor de V. Ex.ª não tivesse o cuidado de verificar se o projeto era exeqüível ou não -, depois de licitado, depois de adjudicada a construção, depois de tudo isso, ordem para que os trabalhos começassem, aí verifica-se que o projeto está errado porque não previa que alguém pudesse entrar a mais de 60 quilômetros por hora na elevada.

Sr. Secretário, nem a brilhante inteligência de V. Ex.ª nos deixa tranqüilos. Algo precisa ser explicado, e não vai ser hoje, quem sabe em outra oportunidade, eu até me disponho a ir buscar uma explicação. Provavelmente V. Ex.ª não queira tornar público, mas para mim, que sou seu amigo, V. Ex.ª vai dar. Porque é inexplicável essa situação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra pela Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, meu caro Secretário de Obras, eu diria que o projeto não foi errado, até por que eu acompanhei, tenho insistido reiteradamente que a obra comece, que a obra ande, que a obra seja concluída. Na verdade foi apresentado um projeto de melhores condições - e em engenharia isso é possível, porque cada engenheiro poderia ter um projeto diferente. E, evidentemente, a empresa era capacitada e poderia fazer um projeto melhor, apresentou e foi aprovado. E aí é que está toda a minha preocupação. A minha preocupação é mais uma constatação do que uma contestação com o que está acontecendo aí.

A administração da Prefeitura não tem preocupação com o custo benefício das obras. Então, se perde no tempo como está acontecendo com esta obra. Eu tenho falado várias vezes com V. Ex.ª e com o Gabinete de Planejamento porque não dá para entender que a obra não esteja em andamento. E a Prefeitura têm recursos.

Aqui no Triângulo, na Assis Brasil, a Prefeitura está tão preocupada com o custo benefício que já apagou a data de conclusão da obra para que ninguém conferisse. Eu gostaria que houvesse preocupação com o custo benefício das obras, que as obras fossem mais aceleradas, porque não é falta de recursos. E até a pressão sobre o agente financiador para que libere, de uma vez por todas a obra que precisa ser concluída o mais rápido possível.

Recentemente, nós tivemos aqui esta lagoa de contenção que o DEP fez - não sei se está funcionando a contento - e que levou tempo excessivo, quando aos sábados e domingos não tinha ninguém trabalhando, como aconteceu também no viaduto lá do Obirici. Eu estou cuidando os seis meses do viaduto Dona Leopoldina para ver se ele fica pronto no prazo definido pela administração da Prefeitura. É importante que esteja presente em todos os atos da Secretaria de Obras o custo benefício. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Secretário Guilherme Barbosa, gostaria de falar em primeiro lugar da dificuldade que tenho em não poder estar junto com V. Ex.ª neste Plenário para conhecer seus argumentos, sempre inteligentes, uma vez que nos distanciamos quando pela primeira vez assumo e V. Ex.ª agora é Secretário. Mas eu tenho que fazer uma intervenção: quando se aproximou a idéia do Executivo da implantação do Orçamento Participativo, eu achei que seria muito difícil nós, do campo popular, não estarmos sempre junto, muito junto, uma vez que havia esse paroxismo da democracia que até é encaminhado para outros limites além-mar, além-meridianos desta terra para mostrar como funciona. Eu tenho observado – como eu disse outro dia – existe uma “verdadinha” e existe uma mentirinha nessa idéia de querer saber o que o povo pensa. Por quê? Pela terceira vez eu fico frustado nesse encaminhamento de saber o que pensa o povo. Primeiro, nessa ação desse famigerado incidente do Montepio em que não se quer saber o que os funcionários querem de verdade através de uma consulta aos funcionários.

Também, lá na FEBEM que está para ser instalada na zona de Belém Novo, não se quer saber por que o povo não quer e o que o povo quer, lá daquela região, porque é uma coisa menor. Mas para eles é uma coisa maior, é expressiva e, agora, está escrito com grande destaque nesse cartaz: “Uma grande obra da participação popular.” E eu ouvi V. Ex.ª dizer que não era tão importante o assunto que se tivesse que perguntar para o povo, não é Ver. Beto Moesch? Então, me causa espanto isso! Eu acho que, uma vez que abraçamos uma ideologia, uma causa e difunde uma idéia, ela tem que ir ao fundo do seu paroxismo, se é que tem que haver credibilidade. Essa era a minha participação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra pela Bancada do PT.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, caro Secretário Guilherme Barbosa, Engenheira Cristina, Engenheiro Boeira, primeiramente quero dizer que tentei evitar a convocação do Secretário, porque o Secretário, como qualquer membro do Governo sempre está à disposição desta Casa. Acertamos creio que na intenção de trazer o Secretário, como ato voluntário permanente de nosso Governo, mas errei no enquadramento do Regimento. Não foi satisfatório, portanto, nem para mim e nem para o Ver. Beto Moesch, porque o Secretário precisava - e é de direito dele - que ele conhecesse em detalhe todas as perguntas, porque o Secretário tem uma equipe e a sua equipe o ajuda em detalhes técnicos. O Secretário, nesse caso, domina, mas assim mesmo não é correto e, portanto, o Regimento tem de ser cumprido. Por isso, Ver. Beto Moesch, houve esse pequeno atrito, espero não ter atrapalhado a sua intenção. Creio que o Ver. Beto Moesch poderá, no momento oportuno, com o nosso apoio, inclusive, com a disposição do nosso Secretário de vir à Casa de novo, para esclarecer, tecnicamente, toda a questão.

Há uma confusão normal feita sempre quando se trata das obras das cidades. O que estamos tratando? Estamos tratando de uma obra que tem uma duração de quase quatro anos, um complexo viário que vai da Avenida Farrapos até Teresópolis, que sofre alteração no curso do processo. Recentemente, sabemos que lá na Avenida Teresópolis onde estavam previstas duas pistas, vão ser três pistas. Tivemos alterações na passagem de nível aqui da Carlos Gomes com a Protásio Alves e correções de projetos geométricos, foram feitas várias vezes. Esta Casa não tem estranheza sobre esse assunto, basta ver como presenciamos e acompanhamos os trabalhos da reconstrução da Avenida Assis Brasil, que tanta celeuma causou e que hoje recuperou e tem até depoimentos de proprietários e de comerciantes daquela região que foram beneficiados logo após com a duplicação das pistas, ou com a terceira pista no sentido bairro Centro e com trechos no sentido Centro bairro e que foram executadas. Eu não tenho os detalhes técnicos, porque não acompanho já há algum tempo essa questão, mas até gostaria, Secretário, de ter maiores informações a respeito das alterações do Projeto que sofreu ou que irá sofrer o Viaduto da Nilo Peçanha com a Carlos Gomes.

Agradeço a V. Ex.as pelo comparecimento; como sempre, é elucidativa a vinda dos técnicos da Prefeitura aqui e dos dirigentes políticos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Secretário de Obras e seus Assessores, quero dizer a V. Ex.as que possíveis críticas que se pudesse fazer ao Projeto original, V. Ex.ª Secretário, com a sinceridade que sempre lhe caracterizou e a presteza que sempre teve, ponderou sobre a complexidade da obra. Trata-se de uma obra de grande complexidade, não saberia lhe dizer - estatisticamente - se sobre obras desse vulto tem uma estatística de correções, talvez a indústria da engenharia tenha estatísticas de correções. Obras de determinado vulto ao longo de sua execução se corrige neste ou naquele fator.

De qualquer forma, eu acho que as suas respostas às perguntas formuladas foram convincentes no meu entender. Quero saudar V. Ex.ª e desejar-lhes êxito. Os atrasos em obras públicas são altamente dolorosos para a população, mormente para a circulação de trânsito, mas desejo a V. Ex.ª que tenha êxito na concretização desta obra, que é importante, importantíssima para a Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar a nossa saudação em nome da Bancada do PC do B, ao Secretário Guilherme Barbosa, à Engenheira Isabel, ao Engenheiro Boeira, que prontamente atenderam ao convite desta Casa. Nós pudemos escutar aqui esclarecimentos sobre essa alteração, que trará uma economia de 10% para a nossa Cidade - uma quantia bastante significativa -, um menor impacto ambiental e menos transtornos para a população. Então cremos que isso deve ser algo a ser saudado por nós. Talvez possamos dizer que seria melhor se já no primeiro Projeto isso já tivesse sido observado. Mas se não foi possível, no primeiro Projeto, creio que a modificação para melhor só pode ser saudada por nós e não criticada. É claro que o fator tempo, que é uma preocupação que os Vereadores aqui expressaram, não depende somente da Administração Municipal; acredito que a Casa está à disposição do Executivo para auxiliar no sentido de obter o aval do próprio financiador, o mais rápido possível - se for preciso nós contribuiremos para isso.

Por outro lado, quero dizer - com a experiência que tenho de participação no Orçamento Participativo, há quase dez anos acompanhando esse processo -, que a decisão da população se dá em relação a realização das obras, aos grandes rumos de uma obra. Nunca, na aprovação de uma obra no Orçamento Participativo, as questões técnicas são abordadas em maiores detalhes. Portanto, parece-me que, realmente, não caberia, nova consulta ao OP nessas circunstâncias, a não ser que houvesse uma mudança do traçado da obra, deixasse de passar o Viaduto por uma área e passasse por outra, ou aumentos de custos; o que, no caso, não existe.

Também não me parecem procedentes as observações de que essas alterações são contrárias ao espírito da participação popular e ao espírito do Orçamento participativo.

Mais uma vez, a nossa saudação. Colocamos a Bancada do PC do B à disposição para auxiliar em todos os momentos que se fizerem necessários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente. Sr.as e Srs. Vereadores, queremos saudar a presença do Secretário Guilherme Barbosa, Vereador desta Casa, e agradecer a vinda de V. Ex.ª e dos técnicos aqui na Câmara para responder às nossas questões e dar os esclarecimentos que hoje preocupam, não apenas a esta Casa, mas a uma parcela significativa da população de Porto Alegre que é afetada pelo fato de as obras não estarem no cronograma previsto e de acordo com a exigências do BID.

Quero aproveitar este momento, da presença do Secretário, para colocar que eu acompanhei pela imprensa a repercussão que isso traz na vida das pessoas que não apenas usam aquela avenida, mas também das pessoas que têm moradia naquela região e que lá são proprietários. Lendo e ouvindo essas pessoas, pelos veículos de imprensa, deram-me um indicativo sobre a urgência que esta Casa tem em aprovar um Projeto de Lei, que tramita há quase dois anos, que aprovado será uma lei pioneira no Brasil. É um Projeto que trabalha as repercussões sócio-econômicas das obras públicas na vida das pessoas.

O movimento ambientalista conseguiu uma grande conquista no Brasil, que foi o Estudo de Impacto Ambiental, e penso que hoje as várias iniciativas de construções de viadutos e pontes de Porto Alegre - a famosa história que gerou desemprego na Zona Norte, na Assis Brasil, e outros fatos, nos deram a indicação desse Projeto. Então, penso que realmente fica evidente que esses transtornos, quando acontecem, acabam sendo transtornos importantes para a vida das pessoas que moram e trabalham naquela região.

A vinda de V. Ex.ª e as informações que aqui foram dadas, aumentam a minha certeza de que é urgente a aprovação de um Projeto que faça com que o Poder Público, antes de começar qualquer obra, faça um planejamento das repercussões sócio-econômicas na vida das pessoas, para mitigar esses problemas e minimizar os transtornos que infelizmente temos visto com freqüência. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Não havendo mais nenhuma Bancada inscrita, de uma maneira excepcional, concedemos ao Secretário Municipal de Obras e Viação, Ver. Guilherme Barbosa, o tempo de três minutos.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Obrigado, Sr. Presidente, eu vou tentar ser bastante objetivo. Acho que o Ver. Reginaldo Pujol não está no Plenário, e também não estava na minha primeira manifestação. Talvez por isso o Vereador tenha feito aquela manifestação com relação à velocidade de 60 quilômetros por hora. Se conseguimos, com a modificação do Projeto, economizar uma vida, para nós já valeu a pena fazer a modificação. Mas reafirmo que esse foi o mote da modificação. A partir daí, vamos ter uma estrutura mais segura, mais esbelta, com menos impacto visual, economizando 950 mil reais aos cofres da Prefeitura. Essas são as razões completas de se ter uma outra obra bem melhor, como disse o Ver. João Antonio Dib, que também é engenheiro, que nós vamos fazer.

Comentarei, Ver. João Antonio Dib, uma parte da fala de V. Ex.ª. Concordo com parte dela. Com relação ao viaduto Dona Leopoldina, o prazo da obra no total, oito meses, trancado o trânsito por cima, seis meses. Mas, a obra, em seu todo, são oito meses.

Ver. Humberto Goulart gostaria de me referir à questão do Orçamento Participativo. Em relação a essa obra chamamos, neste ano, uma reunião; panfleteamos em todos os prédios, todos apartamentos, todos imóveis na região da Carlos Gomes - e o Ver. Beto Moesch estava presente -, na região da Aparício Borges, na região da Teresópolis fizemos quatro reuniões com a comunidade, e agora nos preparamos para fazer reunião também com a comunidade da Dom Pedro. Portanto, não há nenhuma contradição no nosso discurso. Ao contrário, nesta obra estamos reforçando o discurso de ouvir a população.

O Ver. Estilac Xavier, como Secretário, que iniciou esta importante obra, fez uma importante manifestação. Agradeço ao Ver. Elói Guimarães pelas palavras gentis. O Ver. Raul Carrion também colocou algumas questões importantes. Todos os impactos da modificação que se vai elaborar são positivos.

Por último, sobre a fala da Ver.ª Clênia Maranhão, quero dizer que este é um debate que acho importante, sim. Sempre nas reuniões que temos feito esse assunto é colocado. Acho que há uma dificuldade para se levantar estes impactos.

É claro que também acho que teríamos que levantar, depois, o impacto positivo, quando a obra estiver pronta, porque há um período de redução de negócios, de movimentação financeira, mas, é claro, há, depois, uma retomada, quem sabe a um melhor patamar. Acho que é um debate que faz parte deste contexto. Não tem entrado no bojo dos financiamentos recursos que pudesse abranger este ponto.

Por último, agradecendo a paciência, agradeço novamente pelo convite feito pela Casa, a partir do Ver. Beto Moesch, e me coloco sempre à disposição. Repito, para este Secretário é um prazer voltar a esta Casa, e ter contato com os Srs. Vereadores, porque aqui temos a representação de toda Porto Alegre. Muito obrigado e até uma outra vez.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra, para uma Questão de Ordem.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Quero cumprimentar o nosso Secretário, companheiro Ver. Guilherme Barbosa, e dizer que este Vereador já enviou ao Prefeito Municipal, ao então Secretário João Motta, e também a Vossa Excelência, e até agora não recebi nenhuma informação, a sugestão para que se coloque o nome do ex-Deputado e Jornalista Mendes Ribeiro no viaduto da Carlos Gomes com Protásio Alves. Informaram-me que eu não poderia apresentar projeto. Então, mandei um ofício sugerindo, e, até agora, ninguém me respondeu, passado um ano.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Esta Presidência pode lhe responder, eu nem sabia que V. Ex.ª havia enviado esse pedido, diretamente, mas recebi, há questão de trinta dias, a informação do Prefeito Municipal Tarso Genro, de que a Prefeitura - por iniciativa - vai denominar o viaduto da Carlos Gomes com a Protásio Alves, de Viaduto Deputado Federal Mendes Ribeiro.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Muito obrigado. Fico agradecido. Eu inclusive fiz um pronunciamento aqui, está nos Anais desta Casa. Fico muito contente que o Sr. Prefeito tenha aceito a sugestão deste Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Me desculpe, se esta Presidência soubesse disso já teria lhe informado.

Antes de agradecer a presença do Secretário Municipal Guilherme Barbosa, da Eng.ª Maria Isabel Flores e do Eng.º João Jorge Boeira, queremos solicitar ao sempre Ver. e Secretário Guilherme Barbosa que em todas as obras do Município, em suas placas de divulgação, conste a Lei Municipal de data de início e término das obras. É uma maneira de podermos informar à população sobre as datas das nossas obras, e esse é o objetivo da Lei, e a Secretaria está cumprindo-a na sua grande maioria.

Esta Câmara sente-se agradecida pela presença do Secretário e de sua Assessoria. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às 15h55min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 3738/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/01, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3739/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/01, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3740/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 028/01, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3741/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 029/01, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

PROC. 3742/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 030/01, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC - para o exercício econômico-financeiro de 2002.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia) O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, bendita a Lei de Responsabilidade Fiscal! A Lei de Responsabilidade Fiscal veio trazer seriedade e responsabilidade a quem fornece os números para o conhecimento, não só dos legislativos, mas, também, da população. É só olhar a proposta orçamentária deste ano. A Prefeitura não colocou, como todos os anos fazia de forma equivocada, o gasto com pessoal. Por que não colocou? É que nos anos anteriores a Prefeitura colocava 65%, 66% e o limite era 65%. Depois, o limite era 60% e a Prefeitura gastava 62%. Mas nós tentávamos descobrir para onde iam aqueles 62%, e não havia jeito de passar dos 50% ou de chegar aos 50%. Agora, a maravilhosa Lei de Responsabilidade Fiscal mostra que a Prefeitura gasta com os seus servidores 42%. Está 12% aquém do é permitido, poderia gastar 54%. Eu não estou proclamando que se gaste os 54%, não, mas eu estou dizendo aquilo que reiterada vezes disse nesta tribuna: que a Prefeitura não gastava mais de 50% com o seu pessoal. Ainda que a Prefeitura não entenda bem de leis; eu não sei o que fazem lá sessenta Procuradores, que não são consultados pelo Prefeito, pelo Secretário de Administração! E gastam o dinheiro de pessoal em cartas-contrato, de forma indevida, de forma ilegal, e eu digo desonesta até. Eu já tenho dito muitas vezes desta tribuna que não podem fazer aquilo. Mas continuam fazendo.

Onde está o Ver. João Bosco Vaz? Ver. João Bosco Vaz, o jornal Zero Hora de domingo, traz, na página 10: “O Prefeito de Itacurubi, Antônio Martins Trilha, foi condenado pela 4ª Câmara Criminal por contratar servidores ao arrepio da lei”. O Dr. Raul Jorge está sendo julgado na 4ª Vara Criminal por cartas-contrato ao arrepio da lei. E aqui está um exemplo só. Eu tenho trazido, diariamente, aqui: “quinze enfermeiros”, “doze auxiliares de enfermagem”, mais “quinze enfermeiros” mais “três enfermeiros”. Tenho trazido aqui essas contratações assinadas pelo Prefeito.

Vejam só, há sessenta Procuradores lá na Procuradoria, e a Procuradoria não é consultada. Eu duvido que um Procurador fizesse - eu ia usar um termo violento, mas não vou fazê-lo - a barbaridade que aqui está, feita no dia 2 de outubro. Contrataram uma jovem senhora ou senhorita, que deve ser competentíssima até, não sei, pelo prazo de sessenta dias. O enquadramento legal é da Lei nº 7.770/96, art. 4º, caput. Eu tenho que cuidar para não usar uma palavra violenta: esta barbaridade que aqui fazem para com este Vereador, que se preocupa e que vai ler - para ver se tem enquadramento legal - o art. 4º, caput, da Lei nº 7.770/96: “As admissões serão efetivadas por tempo determinado, observado o prazo máximo de 120 dias.” Só trata do prazo, só do prazo! Eu continuo não entendendo: uma Prefeitura que vai arrecadar muito dinheiro, tanto que tem superávit apresentado na proposta orçamentária de 108 milhões de reais na Administração centralizada.

Essa Prefeitura, que tem tanto dinheiro, deixa esta Cidade ficar alagada, especialmente aquelas pessoas que aqui vêm e que não são atendidas por ninguém. O Prefeito já foi lá no Colégio Santa Família, prometeu solução para os alagamentos do Bairro São Geraldo, e não fizeram nada na proposta orçamentária. Aliás, fizeram sim, diminuíram o orçamento do DEP e, ontem, o Diretor estava se queixando. Ele tinha 18 milhões de reais para o Orçamento de 2001 e não podia fazer as obras. Deram-lhe 13 milhões de reais para o Orçamento de 2202, ele irá fazer muito menos obras, não vai fazer nada! A proposta orçamentária do Município é de 2 milhões e 600 mil reais para obras. Mas o Município tem tanto dinheiro, tem 200 milhões no Sistema Financeiro, rendendo talvez 1% ou 1,5% ao mês!

É por isso que eu disse: tem que examinar sempre o custo/benefício das obras. O que custa para o povo a ausência da obra lá, naquele local, onde todos eles pagam taxa de pluvial, e a Prefeitura sabendo das necessidades, se o Diretor do DEP foi lá no Colégio Santa Família, se o Prefeito foi lá, se pediu que fizessem comissões para analisar o problema, chegaram a conclusão que precisavam de 27 milhões de reais: 22,5 milhões para o conduto forçado Álvaro Chaves e 4,5 milhões para as obras do Bairro São Geraldo. O que faz a Prefeitura quando criou uma expectativa de que o problema seria solucionado? Ou começaria a solucionar o problema? Diminuiu os recursos do DEP!

Então, essa proposta orçamentária é realmente importante; é realmente necessário que a população de Porto Alegre saiba o que faz a Administração da Prefeitura. Mas, na parte da publicidade, isso eles não esqueceram; ali, até no DEP tem verba de 300 ou 400 mil reais para fazer publicidade. Vão fazer publicidade, Ver. Pedro Américo Leal, da Cidade alagada ou da Cidade Viva? Já que a Cidade Viva, que tem muito dinheiro não socorre a Cidade alagada. Isso é o que eu espero que ocorra: a Cidade Viva socorrendo a Cidade alagada e nós tendo menos gente a reclamar.

Quero dizer que estão muito bem os moradores do Bairro São Geraldo, quando dizem que os alagamentos trazem doenças. Trazem sim, alguém já viu o transbordamento do arroio de Dilúvio, o que saem de ratos e baratas? Alguém já viu? E o trasbordamento do arroio Dilúvio foi várias vezes anunciado por mim nesta tribuna: “vai acontecer; não está sendo tragado; está assoreado. A Prefeitura jogou dentro do arroio terra, areia, sementes e raízes”. Aconteceu! Aqueles ratos, aquelas baratas que surgiram, será que são favoráveis à saúde dos porto-alegrenses? Porto-alegrense que paga imposto e bastante imposto e a Prefeitura quer mais. Na proposta orçamentária não colocou quanto é que pretende arrecadar a mais de IPTU. Aquele valor que está ali na proposta orçamentária, não precisa fazer alteração nenhuma, é só cobrar que arrecada mais.

Portanto, vamos ao trabalho, Sr. Secretário da Fazenda, Sr. Prefeito, Bancada do PT, porque o que nós precisamos é seriedade no números. Saúde de paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, o Orçamento montado com a participação popular, eu penso que vem a esta Casa para nos dar força e legitimidade. Diferente do que alguns Vereadores pensam: que tira poder deste Parlamento, que vem amarrado, que nos constrange, enquanto Vereadores, porque afinal vem aqui os representantes do Orçamento Participativo defender a Peça que já vem discutida pela população. Pelo contrário, afirmo: a democracia representativa ganha legitimidade, ganha força, à medida do seu compromisso e da sua inserção no movimento social; na medida em que é representativo do movimento social; na medida em que está junto ao movimento social. Claro, refletindo, problematizando esse movimento, mas, fundamentalmente, fortalecendo-o, sabendo ouvir, sabendo perceber as necessidades, o diagnóstico, o conhecimento que o povo tem das suas necessidades. E instrumentalizando o povo, na forma do movimento social, para que ele possa incidir sobre o governo, sobre o governo nas suas instâncias: Legislativo, Executivo, Judiciário. O Orçamento é um dos monopólios fundamentais para a ação do Estado. O Orçamento, a verba, a lei e o poder da pressão, a força, a força da Polícia, o Orçamento público e as leis são três braços fortíssimos, que só o Estado pode monopolizar. Roberto Romano veio dizer isso para nós. E, por muito tempo, esses três monopólios fundamentais do Estado foram privatizados por quem detém o poder do Estado. Privatizado porque utilizados em favor de poucos. E a Frente Popular vem, ousadamente, dizer que não, que o Orçamento estará na mão da população; estará sob controle social. Desde o mais simples, do analfabeto ao maior técnico, ao mais especializado, vai ter oportunidade de discutir e opinar sobre o Orçamento. As prioridades deste Governo serão definidas pela população, numa organização que permita a participação maior possível de todos.

Portanto, inaugura a Frente Popular a democratização de um dos braços fundamentais do Estado, que é o seu Orçamento público, braço essencial na definição da qualidade da população. E eu entendo que o Parlamento precisa reconhecer que essa democratização é fundamental para mudarmos a relação do povo com o Estado, para rompermos a relação clientelista e autoritária que se estabeleceu ao dominarmos o Orçamento, ao Estado privatizar esse Orçamento, porque, se o Orçamento é dele, é privatizado.

Jader Barbalho e os Senadores que renunciaram antes da cassação, mas que, para mim, foram cassados, são um exemplo de como foi privatizado ou de como se usa para comprar consciências. Sobre a SUDAM e a SUDENE, que precisavam de uma CPI, ninguém mais fala, nem dos milhões que foram desviados e que o Governo Federal disse que já estava investigando, mas suspendeu, acabou, terminou com a SUDAM e com a SUDENE, e terminou com o dinheiro público.

Esse Estado, usando privativamente o Orçamento público, fez clientelismo, comprou consciências, continua comprando posicionamentos e consciências. Romper com isso faz com que se rompa com esse Estado clientelista, corruptor e corrompido.

Portanto, esse Orçamento que vem para cá tem esse símbolo, tem essa significação; e nós, como Câmara, se acharmos que este Estado tem de estar sob controle social, se acharmos que ele não pode ser clientelista, que ele não pode ter corrupção, nós temos de respeitar profundamente o processo de discussão deste Orçamento. Podemos criticá-lo, devemo-nos organizar e participar do processo do movimento social, devemos buscar qualificação, devemos contribuir com essa qualificação, mas não afirmar que aqui se perde poder por causa dessa participação; o que se perde é o vício que se criou, a deturpação que se criou do que deveria ser público e só é estatal. Esse é o caráter fundamental que temos que dar ao Orçamento que chega a esta Casa. Temo que nós, no exercício do nosso mandato, pequemos muito por não representar a necessidade e a vontade da coletividade.

Tivemos, há pouco, dois episódios, duas votações, nesta Casa, fundamentais que dão repercussão na vida das pessoas da Cidade, e eu questiono o quanto conseguimos traduzir o que é o interesse da coletividade e não apenas o interesse corporativo de algum segmento da comunidade. O episódio das empenas cegas é um deles. O programa Polêmica, do Lauro Quadros, é um indicador para nos dizer que a coletividade é contrária ao que se permitiu aprovando aqui o Projeto das empenas cegas, a permissão da colocação de telas com luminária, a flexibilização generalizada na colocação de propagandas, a retirada da multa para quem faz uma infração dessa ou repete. Isso é muito sério, foi aprovado por esta Casa e, certamente, a população é contrária. Como é que a nossa Casa não faz a leitura, não discute com o movimento social e não percebe que há muitas restrições ao que nós aprovamos aqui? Penso que nos falta, como Parlamento, maior sensibilidade e maior cuidado com a delegação que nos foi dada como representantes da população.

Outro exemplo, o da previdência pública dos municipários: o Projeto da Previdência aqui aprovado, com emendas, com mudanças, com dilemas, com divergências tem o respaldo de mais de quatorze entidades representativas dos funcionários públicos municipais, e, no entanto, a sua vontade, que não foi uma vontade pontual de uma ou outra pessoa de diretoria, que há dois anos vem discutindo com as suas bases, realizando assembléia, a sua vontade foi desconhecida ao derrubarmos o Veto dizendo que tem de haver um referendo dos municipários. Quem é que nós representamos aqui, quem é que ouvimos, quem nos dá legitimidade para votar a previdência aqui? As quatorze entidades dos municipários ou SIMPA ou a Direção do SIMPA, que é uma Direção golpista, que, no primeiro ano modificou o seu Estatuto, em um assembléia, em fevereiro? E provamos que a lista...

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Estou falando sobre o Orçamento e do quanto esta Casa tem de representá-lo. O SIMPA foi o que aqui vinha defender a votação da previdência que foi feita e que forjou e continua, há cinco anos, forjando eleição, sendo inoperante, completamente deslocada dos municipários. Esta Casa não leu a fala e a reivindicação de quatorze entidades, mas atendeu o que o SIMPA, que não é legítimo, veio trazer aqui? Quais interesses a nossa democracia representativa atende aqui, se o referendo está previsto para os municipários, se o referendo não abre para toda a população?

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Bosco Vaz.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Está na Pauta, porque nós discutimos aqui o caráter do Orçamento Participativo, a legitimidade que ele tem, por vir de um processo coletivo, e eu estou discutindo aqui o quanto a Casa faz a leitura do movimento social ou o quanto aqui desrespeitamos a representação da sociedade, e isso tem a ver, sim, com o Orçamento que estamos discutindo.

Nós temos de ter o grande cuidado para nos tornarmos mais legítimos, e a população reconhecer aqui um espaço legítimo seu. Precisamos, realmente, ouvir os movimentos sociais, legítimos representantes da sociedade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, discutindo o Orçamento do nosso Município, em primeiro lugar, eu quero lastimar que, na segunda-feira, nós não tivemos, Ver. João Antonio Dib, essa discussão como estava prevista. Lastimo profundamente.

Ontem, nós realizamos, conforme manda a Lei de Responsabilidade Fiscal, Audiência Pública chamada pela Comissão de Economia, Finança e Orçamento desta Casa, que eu tenho o prazer de participar há cinco anos. Infelizmente, o debate apenas se posicionou em duas questões. Uma pequena demanda vinda da União da Associação de Moradores de Porto Alegre para uma atividade esportiva e o resto do tempo, infelizmente, nós gastamos discutindo apenas um tema, apesar dele ser extremamente importante, e principalmente importante para o 4º Distrito, que é a questão dos alagamentos e uma demanda vinda do Bairro São Geraldo e de 2 milhões de reais. Eu penso que nós temos que discutir e atentar para essa demanda. É uma comunidade importante, são algumas boas dezenas, centenas de moradores envolvidos. Este Orçamento teve uma discussão prévia nas comunidades, cinqüenta mil pessoas tiveram algum grau de discussão e de opinião sobre ele. Agora, sem dúvida nenhuma, a palavra final está nesta Casa, está conosco, os trinta e três Vereadores.

Eu gostaria muito que nós déssemos uma atenção especial à exposição de motivos, os dados e as informações que temos no nosso Orçamento. Sou obrigado a repetir alguns números que já havia insistido em dias anteriores. O nosso Orçamento tem um valor global de 1 bilhão, 449 milhões, ou seja, em números redondos, 1 bilhão e 500 milhões. Nós temos uma previsão de arrecadação com receita tributária de 333 milhões, 597 mil. Aqui está um dos grandes problemas.

Nos últimos anos, infelizmente, houve uma certa estagnação da arrecadação e há responsáveis. Em qualquer lugar deste País, quando tivermos uma estagnação da arrecadação é porque há responsáveis, e vou nominá-los: em primeiro lugar, sonegadores; em segundo lugar, os que pirateiam. Sim, existem piratas, Ver. Pedro Américo Leal. E o grande problema de Porto Alegre é que existe sonegação, contrabando e pirataria e isso faz com que o retorno do ICMS, que o Ver. João Antonio Dib acompanha tão de perto, inclusive fez apostas comigo, deixa de acontecer, estamos deixado de arrecadar ICMS. Eu digo até o seguinte, que com esse problema não há IPTU progressivo, não há uma nova Matriz Tributária no Estado que resolva o nosso problema. Eu concordo tanto com a Matriz Tributária quanto com o IPTU progressivo, que falarei no outro ponto de Pauta, em seguida, e vou defendê-lo inclusive. Mas o grave problema da falta de arrecadação é que há pessoas que, como se gosta de dizer aqui nesta Casa, “dão nó em pingo d’água”; o pior é que essas pessoas dão um nó no nosso bolso, no bolso da Prefeitura, que, depois, não tem como aplicar o dinheiro que seria necessário aplicar em vários investimentos. Eu quero lembrar inclusive que na telefonia, seja a Telefonica contra a CRT, são empresas que estão manipulando o Imposto Sobre Serviços na nossa Cidade. O “0900” não paga ISSQN. O sapateiro da esquina paga. Mas, quando é instalado um telefone, são cobrados 60 reais, deveriam pagar 5% para a Prefeitura e a CRT não paga. E eu quero saber se o povo de Porto Alegre e nós, os Vereadores, que os representamos, vamos ficar calados diante disso? Ou nós vamos ficar calados quando o sapateiro da esquina, o dono da oficina, o bom mecânico paga 5% sobre os serviços prestados, e, no entanto, o dono de cartório, que nos cobra uma “babilônia de dinheiro” para colocar um carimbo e uma assinatura, não paga esse tributo? Por isso que nós não chegamos a 400 milhões de arrecadação tributária em Porto Alegre.

E tem mais: no dia 11 de outubro, o jornal o Estado de São Paulo publicou uma importantíssima matéria sobre flats em São Paulo. E, se nós olharmos dias atrás o Jornal do Brasil, idem, e as informações que tenho de outras cidades, idem. É o caos! Em 1999, aprovamos a Lei nº 8.445, de minha autoria, e houve gente dizendo aqui que era uma lei ilegal e iria para justiça. Gritou! Fez um carnaval aqui dentro, mas não recorreram. E graças a isso, nós temos isonomia: hotel paga a mesma coisa que flat. Portanto, temos justiça fiscal e isonomia tributária.

Estou ouvindo alguns apartes anti-regimentais sobre diminuição do ISSQN. Pois, nós diminuímos do serviço de asseio e vigilância. A empresa que faz asseio e vigilância aqui pagava antes 5%, agora ou 3% ou 2,5%, dependendo do quanto gasta com seus funcionários. Nós podemos diminuir alíquotas, mas nós queremos que todos que operem em Porto Alegre paguem em Porto Alegre. Inclusive, algumas empresas que tiveram fazendo lobby aqui, na segunda-feira, mudaram as suas empresas para o outro lado do rio para sonegar imposto em Porto Alegre e querem se beneficiar de Porto Alegre. Vamos fazer este debate! Do contrário, não chegaríamos a 400 milhões de reais. Aí, sim, nós teremos condições, sem dúvida nenhuma de resolver alguns graves problemas aqui do Orçamento.

Por exemplo: no Orçamento da SMIC, vamos gastar com fomento ao trabalho 1 milhão e 700 mil. É um dinheiro que, aparentemente, é generoso. Mas, se nós olharmos para a Cidade que tem, nos últimos meses, um índice de desemprego em torno de 14% - e não é dos mais altos do País, 14% é alto -, deveríamos aplicar cinco vezes mais. Mas como nós vamos aplicar mais dinheiro em fomento ao emprego, criação, por exemplo, de frentes de trabalhos? Nós destinamos no Orçamento do ano passado, Ver. Reginaldo Pujol, 500 mil reais. É uma soma razoável, mas diante do desemprego, é pouca. Agora, tem gente que não paga imposto. Então nós temos que resolver este dilema. Não dá para ficar aqui propondo isenção, isenção, não pagando imposto e termos de aplicar, por exemplo, 27 milhões de reais para resolver o problema das enchentes no 4º Distrito.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um parte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar V. Ex.ª, até mesmo porque fui testemunha da sua luta na alteração do Orçamento passado que destinou esses 500 mil reais para as frentes de trabalho, e não se tem maior notícia da sua aplicação até o presente momento, mas eu acredito, tranqüilamente, sou homem de boa-fé, que ele esteja bem aplicado. Agora, quanto ao problema de aumentar a arrecadação do Município, Vereador, vejo V. Ex.ª tão obstinadamente pugnar por esse fato, eu lhe daria uma sugestão para que V. Ex.ª refletisse sobre a possibilidade de que o Município desamarrasse os seus órgãos, liberasse inúmeros projetos na área da construção civil que estão há anos aguardando uma deliberação, com isso aumentando a sua arrecadação no IPTU de forma expressiva, que é, sem dúvida nenhuma, uma das grandes fontes de receita do Município.

 

O SR. ADELI SELL: Nisso um petista tem concordância com um liberal. Nós não queremos burocracia e sabemos que a burocracia é nefasta, mas, nesta gestão do Ver. João Motta, conseguimos mudar um conjunto de procedimentos na SPM que estão agilizando os processos. Mas eu sei que existe burocracia em qualquer estado, seja federal, municipal ou estadual, e nós temos que quebrar isso, porque os empreendimentos não podem parar, eles têm de fluir. Por exemplo, nós precisamos, sim, avançar, no que se refere ao setor imobiliário na Cidade, claro que com controle, evidentemente. Meu caro Presidente, muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, antes de V. Ex.ª passar a palavra ao próximo orador inscrito, eu queria participar à Casa o falecimento do Sr. Leonísio Malabarba, ocorrido no dia de ontem, cujo sepultamento deve ocorrer dentro de breve tempo, ainda na tarde hoje, e, ao mesmo tempo, quero requerer à Casa, como homenagem póstuma a esse cidadão de grandes atividades no Bairro Santana, que deixou um círculo de relações muito fortes, cujos amigos estão muito pesarosos - já há algum tempo ele estava adoentado -, um minuto de silêncio, para registrarmos nosso pesar em homenagem ao Sr. Leonísio Malabarba.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Mesa defere de plano o Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol e pedimos aos Srs. Vereadores que façamos um minuto de silêncio.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, não é pouca coisa o que nós estamos discutindo, quando nós pensamos todo o planejamento de nossa Cidade, e temos claro que nós não conceituamos uma cidade como um supermercado ou como um gerenciamento de uma empresa, e quando, cada vez mais, partirmos do pressuposto da inclusão de todos, temos de primar, neste momento, por uma profunda reflexão. E, analisando a proposta do Planejamento Plurianual da Fundação de Assistência Social e de Cidadania, nos deparamos com a necessidade que se estabelece como o grande desafio que nós temos nessa quarta gestão em Porto Alegre, que é a questão da inclusão social. E, para tanto, senhoras e senhores, não podemos, simplesmente, discutir aqui esses paradigmas sem também aprofundarmos a discussão sobre o contexto em que vivemos e suas conseqüências, com as quais nos deparamos, e temos de encarar este grande desafio que temos pela frente.

Analisando a profunda crise gerada em nível internacional, nós, cada vez mais, observamos que temos uma nação dependente como nação, dependente como economia, e, por conseqüência, também dependente na questão política. Analisando, por exemplo, alguns perfis de primeiro mundo, vemos que, enquanto os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e, possivelmente, a Alemanha caminham, movem-se na direção do Estado mínimo, do estilo neoliberal, seria ainda possível que outros países do mundo subdesenvolvido possam resistir a este tipo de economia? Bastaria pôr-se a pergunta central: um Estado detendo cada vez menos recursos e, por conseqüência, o Município, porque a responsabilidade cabe, cada vez mais, ao Município no sentido de cuidar dos empobrecidos, Ver. Humberto Goulart - que presta atenção no meu pronunciamento -, sem falar na deliberação das instituições sociais, irá proteger a quem? Mesmo assim, não nos calamos. Porto Alegre não se curva, e nem esta Casa, porque temos grandes desafios pela frente. No pano de fundo, emerge na habitual hipocrisia de tirar e recolocar as máscaras, no convencimento crescente das massas, e é mister, mais cedo ou mais tarde, a questão da redistribuição da riqueza para além das políticas sociais, Ver. João Antonio Dib, meramente acomodadas, muitas vezes intencionais. Refiro-me ao problema da pobreza.

Os novos parâmetros da produtividade, senhoras e senhores, permitem que a riqueza cresça sem que aumente a inserção das pessoas no sistema produtivo. Como então redistribuir a riqueza acumulada por esses sistemas? Não se tratam aqui das migalhas assistencialistas que, muitas vezes, vemos muito às vésperas das eleições. Mas referimo-nos ao direito à cidadania; no capitalismo, infelizmente, coloca-se o mercado acima da cidadania. A exclusão aumenta e esse fato é o que de mais real temos. O Estado e o Município não são suficientes para se contrapor à má vontade neoliberal, uma globalização compulsória que, ente outras coisas, impõe limites cada vez mais severos aos Estados e à soberania nacional.

Alguns economistas ainda atribuem a conceituação de pobreza à redução, à carência de renda. Mas, senhoras e senhoras, a própria ONU, ao discutir temas, como nós estamos discutindo hoje nesta Casa - sim, nós temos de aprofundar o debate sobre esse tema -, tem evoluído no sentido de ressaltar os aspectos de mera carência material, por coerência com o seu conceito de desenvolvimento, mas um desenvolvimento com oportunidades. O maior problema da população empobrecida não é, Vereadores João Antonio Dib e João Carlos Nedel e outros Vereadores que estão aqui aprofundando esse tema, meramente a fome, mas a falta de cidadania, que os impede de se tornarem sujeitos da sua própria história, e os impede, também, de tomarem consciência de que a fome também é imposta.

E nesse raciocínio, quero colocar aqui que o Orçamento Participativo, por exemplo, não pode servir apenas para ser um fiscalizador das questões fiscais da nossa Cidade; ele abre um canal importante para que as pessoas busquem, depois, nas suas organizações, por meio do debate a respeito do Orçamento desta Cidade, poder colocar em prática os seus direitos, que são sagrados.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora, eu gosto de ouvir o discurso sobre o atendimento social à comunidade brasileira. Se nós, em Porto Alegre, acelerássemos as obras que estão em realização, nós criaríamos mais emprego e faríamos atendimento social. Mas discurso não resolve o problema de todos! Eu vejo aqui, por exemplo, uma Moção de Solidariedade, porque foi estendido à mãe adotiva o salário e a licença-maternidade. Em 1985, na Prefeitura do João Dib, se fazia isso.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Parabéns, Vereador, é um sinal de que V. Ex.ª foi um Prefeito democrata. Aliás, foi uma grande conquista e eu quero parabenizar o Ver. Raul Carrion por colocar em Pauta essa solidariedade à Deputada Federal do PC do B que conseguiu fazer com que passasse essa proposta no Congresso.

 

O Sr. João Bosco Vaz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu não ouvi bem. Eu só gostaria que V. Ex.ª repetisse essa frase de elogio ao Prefeito João Antonio Dib. O que foi que V. Ex.ª falou mesmo?

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Não tenho nenhum problema em fazer elogios quando as colocações são pertinentes, até porque, Ver. João Bosco Vaz, V. Ex.ª jamais verá desta Vereadora uma oposição no sentido desqualificado. Por que não podemos elogiar algo que foi bom para a sociedade?

 

O Sr. João Bosco Vaz: Eu não ouvi. Qual foi a frase, Vereadora?

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Eu não me recordo, mas V. Ex.ª pode pegar as notas taquigráficas. Eu as libero para V. Ex.ª.

Voltando ao tema, eu gostaria de dizer que o limite, as pretensões assistencialistas, que são o que temos muito na nossa sociedade, essas somente se viabilizam dentro de uma visão funcional, ou seja, ajustar os empobrecidos ao sistema, condicionando-os à ração, domesticando-os e não os fazendo sujeitos. Até hoje, Ver. Ervino Besson, nunca foi possível nós combinarmos – e a maior prova disso aqui no Brasil é a exclusão social que nós temos – capitalismo com justiça social. Escamotear que existe sempre uma relação inversa entre recursos disponíveis e o crescimento da pobreza, inverter a questão da emancipação da população empobrecida, essa é a lógica absolutamente agressiva, porque ela é fundada no mercado – para o mercado ela é agressiva, sim – e essa não é a nossa visão. Portanto, pensar na inclusão não pode vir desvinculado do aprofundamento de suas causas. Seria estéril deixar de ver que a inclusão, que nós tanto queremos e pela qual estamos lutando aqui em Porto Alegre, não pode acontecer num esquema assistencialista, já que esse sistema não pode se auto-sustentar, se não para aqueles que o concebem.

Para os defensores da globalização, o parâmetro do mercado é mais decisivo que os direitos humanos. E esse, me parece, novamente, é o eixo fundamental das nossas diferenças, o eixo pelo qual a oposição nos acusa; o projeto que há anos estamos implementando aqui em Porto Alegre e, agora, no Estado do Rio Grande do Sul é o eixo da construção da cidadania. Aqui em Porto Alegre estamos tentando colocar em prática - e não apenas no discurso, mas impondo ao mercado - alguns padrões de ajustes sociais. Exemplo: a exclusão social, que parecia uma ocorrência residual no centro do sistema capitalista, principalmente sob a pressão de visões britânicas e norte-americanas, tem-se tornado, no mundo, a vontade dos empobrecidos, eles não têm mais vontade de sair da pobreza porque a sua auto-estima está esmagada, o seu poder de querer resistir à brutalidade que hoje sofrem está em baixa.

O assistencialismo - Ver. Pedro Américo Leal, que V. Ex.ª tanto combate aqui - e o tráfico de drogas formam, hoje, duas maneiras normais de ganhar a vida, sob os olhos dos grandes senhores do mundo, e o acento é posto sobre os efeitos perversos - globalmente negativos - das políticas da justiça social. Fabrica-se uma cortina de ferro moralista para encobrir o limite do próprio sistema, que não se dá em uma política de proteção aos fracos, mas em uma política global de desregulamentação. Basta ver o que fizeram com as leis trabalhistas e o que estão fazendo. É necessário que se diga: tornar as políticas sociais classicamente compensatórias denega as conquistas mínimas da democracia. O que pode curar a pobreza não são benefícios, mas a constituição do sujeito social, capaz de formar história própria, individual e coletiva. Querer que toda responsabilidade caia sobre o Estado é uma visão de quem não quer mudar, desobriga o sistema produtivo, deturpa pela raiz os horizontes da emancipação dos povos e da nação. Muito obrigada pela tolerância, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, telespectadores do Canal 16, assistência a esta Sessão, eu vou me ater a falar da atual receita do Município, e um dos principais tributos diretos que compõe a receita do Município: o Imposto Predial Territorial Urbano. O Prefeito encaminhou uma mensagem a esta Casa, colocando para sua apreciação, a Lei do Orçamento, e esta Lei prevê as despesas que vão na centralizada e na descentralizada.

Aqui já se fizeram várias colocações a respeito, por exemplo, do Orçamento do Departamento de Esgotos Pluviais, o DEP. Há reuniões interessantes ocorrendo nesta Casa, como a Audiência de ontem, produzida na Comissão de Economia e Orçamento. Há um estímulo, do meu ponto de vista, inclusive inapropriado, e uma expectativa criada de que as comunidades, vindo à Casa, terão condições de ter um retorno à altura da exigência ou das demandas que estão colocadas, quando há o limite dos tributos. É o caso do Bairro São Geraldo. A crítica é de que houve redução no Orçamento do DEP. O Orçamento do DEP é de 13 milhões, quase 14 milhões. Tendencialmente devem reduzir, inclusive, as taxas de receita, na medida em que o DMAE começar a fazer a separação dos coletores, que são mistos, e, portanto, têm uma taxa que é repassada para o DEP, quando houver o separador absoluto, e essa taxa é repassada, devida ao DEP pelo DMAE. E também o fato de que um volume de obras de grande porte foi realizado ainda há pouco tempo e que não estão sendo executadas este ano, a não ser aquela do Camaquã, que é uma obra de grande porte.

Há uma tranqüilidade e penso que esta Casa é sensível sempre que responde a qualquer legítima pretensão de um cidadão. Agora, o que esta Casa não pode fazer é estimular expectativas que não podem ser respondidas, principalmente, quando a tendência de alguns Vereadores é de tirar a receita do Município e apresentar-lhe volume de despesa.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Estilac Xavier, eu fico espantado e surpreso com a argumentação de V. Ex.ª. V. Ex.ª veio debater o IPTU, mas veio, sobretudo, sustentar o aumento de receita para o Município de Porto Alegre. Vereador, encontre outra fórmula de aumentar a receita para o Município de Porto Alegre que não em cima do sofrido contribuinte e cidadão porto-alegrense. Encontre outra fórmula, Vereador!

E não se exclua da responsabilidade do Bairro São Geraldo, que há cinqüenta anos paga IPTU e não tem o retorno das obras em seu bairro. Obrigado pela sua atenção, Vereador!

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Como sempre, Vereador. Eu sabia que, quando V. Ex.ª ficou de atalaia no Plenário, V. Ex.ª seria trazido a esse debate. V. Ex.ª foi trazido ao debate. Eu estou dizendo que V. Ex.ª se posicionava no terreno de atalaia e eu sabia que V. Ex.ª viria no debate, porque, useiramente, V. Ex.ª quer comprimir a receita do Município e, ao mesmo tempo, quer-lhe dar todos os encargos possíveis, inclusive aqueles que não são da sua absoluta alçada. Há alguns, por exemplo, a extinção do DNOS - ou V. Ex.ª esqueceu que o DNOS foi extinto? -, cujos equipamentos estavam em sucata aqui no porto, sem dizer as obras de saneamento, aliás, de Governo que ambos somos opositores. Mas V. Ex.ª tem de colocar no complexo do seu raciocínio esse elemento, sob pena de causar má idéia de que todos os problemas das cidades são resolvidos na cidade, coisa que V. Ex.ª nunca disse, mas, também, não gostaria que isso fosse uma ilação.

 

O Sr. João Bosco Vaz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Estilac Xavier, eu fiquei atentamente ouvindo o aparte do Ver. Isaac Ainhorn quando falou dos últimos cinqüenta anos. Então eu pergunto: quantos Prefeitos passaram, pelos últimos cinqüenta anos, que não fizeram a obra?

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Um deles é o ilustre colega nosso, o Ver. João Antonio Dib. Um outro, é o ilustre Deputado Federal Alceu Collares. E os outros, na seqüência, são os Prefeitos Olívio Dutra, Tarso Genro, Raul Pont e atualmente o Prefeito Tarso Genro.

Ver. Isaac Ainhorn, quando nós estamos tratando dos tributos... Eu não teria nunca a idéia sofismática e falaciosa de vir aqui dizer: “O Ver. João Dib é responsável; o ex-Prefeito Alceu Collares é responsável.” Eu discordo das linhas programáticas desses governos, mas desconsiderar o que cada um fez no seu tempo seria, no mínimo, desconhecer que este País está sob um modelo econômico. Aliás, contraditoriamente, porque, se o nosso Governo tendencialmente tem a mesma opinião política nacional a respeito das questões econômicas e do modelo produzido, não poderia ter a oposição que tem do Ver. Isaac Ainhorn. Por quê? Porque há um interesse que deve sobrepujar todas as outras questões. Quando nós nos colocamos na cena pública, nós estamos, de fato, fazendo o quê? Hierarquizando valores. E se há um valor que nós todos devemos pregar – pelo menos V. Ex.ª se tem exposto dessa maneira – são as questões que dizem respeito à participação popular, à publicidade dos atos públicos, à democracia como meio e forma de se resolver os litígios legítimos de uma sociedade; portanto, inclusive, a inversão dos recursos dos que mais têm para aqueles que não têm, como uma ação do Estado e não como uma benesse de alguma filantropia. Não! O Estado existe para aqueles que precisam.

Por isso, está aí a necessidade constitucional da saúde, da educação. E o Município tem a sua parte nisso. Aqueles que pregam o fim do Estado, ou o Estado mínimo, ou aqueles que acham que a iniciativa privada com a sua excelência, quem nem sempre é assim, porque estamos vendo, a rodo, as falências e concordatas, é a solução, aqueles que defendem que a iniciativa privada pode dar conta de tudo vão verificar que as pessoas que não estão socialmente colocadas no mercado, não têm como ser atendidas. E aí o Estado é importante. Aí vem o serviço público do transporte coletivo, aí vem a saúde, aí vem a educação. Mas o que se trata? Comprimir a receita e aumentar as cobranças, criando uma contradição e um paradoxo sem solução. E a receita de Porto Alegre, que tem entre seus principais tributos o IPTU, tem problema. O primeiro problema, Ver. Luiz Braz, é que a nossa Planta de Valores está defasada dez anos. Essa é a receita que nós temos hoje. Sem haver privilégio de classes, estão em todos os níveis, as defasagens são em todas as áreas.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Estilac Xavier, o primeiro problema do IPTU não é a Planta de Valores; é a não-cobrança dos valores lançados. Este ano, 165 milhões são lançados e a Prefeitura vai arrecadar 90 milhões. Ela quer tirar essa diferença cobrando mais daqueles que pagam correta e religiosamente. Isso é muito ruim.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Vereador, agradeço, mas não é essa a realidade. Há poucos dias, esta Casa aprovou a ampliação do número de Procuradores do Município, inclusive suas funções. Para quê? Para habilitar o Município a resgatar a dívida ativa. V. Ex.ª está falando da dívida ativa, que é aquilo que o Orçamento manda numa projeção e é realizado em outra. Essa é a diferença e daí vem a sua insistente pergunta sobre onde está o IPTU? Está nas obras da Cidade, está lá na Perimetral, está na Av. Bento Gonçalves, está na habitação e onde é possível e onde são alocados nas mais diversas atividades que a Cidade exige.

Mas eu falava na Planta de Valores. Ver. Isaac Ainhorn, vou-lhe citar um caso. Na Rua Santa Flora tem um imóvel, um modesto imóvel, avaliado em 25 mil reais. Na Prefeitura, o valor desse imóvel é de 1 mil, 681 reais, cujo percentual relativo é de 6,72% do custo real do mercado. Sabe quanto paga esse cidadão de imposto? Quatorze reais e 29 centavos. Um pouco mais de um real por mês, o mesmo imóvel. Não é excepcionalidade.

Na Rua Capitão Pedro Werlang, outro imóvel avaliado em 25 mil reais, preço de mercado, e nos cadastros da Prefeitura está avaliado em 12.971 reais, está com 51,88 do seu valor. Esse cidadão paga 110 reais.

Então, está mais que certo que há de se fazer essa correção, porque ela atinge a todos os elementos. Eu voltarei numa próxima Sessão para falar dos outros casos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muita coisa foi falada aqui pelos meus antecessores, até falaram, para discutir o Orçamento, em capitalismo, em socialismo, e tal, não sei o quê. E nós temos aqui números do nosso Orçamento. Eu não sei por que a Vereadora que me antecedeu insiste com o socialismo. O socialismo distribui a pobreza. E nós queremos distribuir a riqueza, tornar todos com reais condições de qualidade de vida. Falou-se em IPTU. Eu não sei por que não aceleram a aprovação do Projeto do Ver. João Antonio Dib, que permite dar um tempo para as pessoas regularizarem as suas construções, e assim pagarem mais imposto. E também uma readequação na parte administrativa da Prefeitura. Ver. João Antonio Dib, a Prefeitura quer me cobrar o imposto de um terreno que eu vendi em 1995. É uma barbaridade! Ou seja, desorganização! Eu vendi um terreno em 1995, já está construído, sei lá se a pessoa averbou ou não, e agora querem cobrar de mim.

 

 O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Carlos Nedel, eu vou explicitar o que está acontecendo com o IPTU na Prefeitura. Este ano, assinado pelo Prefeito e pelo Secretário da Fazenda, este ano, 2001, são lançados 165 milhões de reais de IPTU, para cobrança dos contribuintes porto-alegrenses. A Prefeitura diz que vai arrecadar 90, pelo menos apresenta esse número, e eu não tenho acesso ao fluxo de caixa da Prefeitura, não sei, então sou obrigado a aceitar. Faltam 75. Por que faltam? Porque os poderosos, os que têm mais, esses não vão pagar, e também não os estou acusando. Por que não vão pagar? A Prefeitura sabia que não podia cobrar a alíquota progressiva territorial e cobrou. Ora, aquele que tem advogado à disposição entra com o seu advogado, vai à Justiça, vai discutir. Não paga. Setenta e cinco milhões. Não é dívida ativa ainda; será um dia. Eles não dizem onde entrou aquele dinheiro. Também não sei. Mas são 75 milhões. O que eles querem fazer agora, acertando a Planta de Valores - e ninguém conseguiu ainda ler os valores do metro quadrado de terreno, ninguém nesta Câmara conseguiu ler -, é cobrar do pobre pagante, do “zé pagante”, como dizia o nosso Ver. Adel Carvalho, cobrar daquele que paga religiosamente, arrancar muito mais, porque, dos poderosos, que podem colocar advogado, eles têm medo.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ver. João Antonio Dib, também há uma outra forma de manipular o Orçamento, de maquiar os números: colocam uma arrecadação mais baixa, põem um Orçamento menor, para, depois, com o excesso de arrecadação, fazerem o que bem entendem. Vejam como é que realmente funciona. Logram o Orçamento Participativo, porque dão um valor menor nas obras, e depois, executam o Orçamento com excesso de arrecadação onde bem desejarem.

Há pouco, veio aqui a SMOV. Fala-se muito aqui em investimento. A verdade é que o grande Orçamento da SMOV, 13 milhões e 600, estão sendo pagos pelo BNDES, do Governo Federal: 1 milhão e 600 para a Bento Gonçalves e 12 milhões de reais para a Perimetral. O BID está pagando 30 milhões de reais este ano: 1 milhão para a pavimentação de vias; 20 milhões para a Perimetral; 2 milhões e 600 mil para o fortalecimento institucional - que eu não sei bem o que é - e 5 milhões para vias estruturais. O BID, aquele BID do tal de FMI, do “Fora, FMI”, está aqui com 30 milhões, no próximo ano, para Porto Alegre.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, agradeço a gentileza de V. Ex.ª em me conceder o aparte. Ontem, tivemos aqui na Casa uma Audiência Pública com a comunidade do Bairro São Geraldo. Estamos acompanhando a problemática que aquela comunidade vive ao longo dos anos. Até então, este Vereador tinha uma simpatia pelas reuniões do Orçamento Participativo. Mas pelo que se ouviu e pelo que se está vendo, confesso a V. Ex.ª que a minha simpatia caiu por terra, porque não é sério o que se discute no Orçamento Participativo. Sou obrigado a colocar, neste microfone, a V. Ex.ª que eu fui a várias reuniões do Orçamento Participativo e nunca vi uma comunidade se movimentar tanto como a comunidade do Bairro São Geraldo. Veja V. Ex.ª: saneamento básico ficou em 5º lugar para o ano de 2002! Até que ponto vamos ter confiança no Orçamento Participativo? Sou grato a V. Ex.ª.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Vereador, efetivamente temos que considerar que o Orçamento Participativo faliu, faliu porque aquele então candidato ao Governo Municipal, Tarso Genro, em campanha, dizia assim: “O Orçamento vai para a Câmara analisar com as propostas do Orçamento Participativo. A Câmara vai analisar, emendar, ajustar e aprovar.” Dizia isso, significando que o plano de investimento vinha junto. Hoje, o Orçamento está aqui, quase uma caixa-preta; raras, raras obras relacionadas. Raras. Como vamos saber o que foi aprovado ou não pelo Orçamento Participativo? Não sabemos, escondem, parece que fazem de propósito, não querem mostrar o que o Orçamento aprovou.

Pois eu queria ver, por exemplo - e não encontrei no Orçamento porque é uma caixa-preta -, onde estão os recursos para o Fórum Social Mundial. A Prefeitura vai gastar quase 1 milhão de reais no ano que vem. Não está aqui, ou não encontrei, gostaria que alguém me dissesse. Onde estão os recursos do Fundo Municipal de Turismo, que nós aprovamos, aqui, no ano retrasado? Não foi nem no ano passado, foi no ano retrasado. Não consta aqui. Ver. Beto Moesch, do Fundo Pró-Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, num valor de 600 mil reais, somente 60 mil foram para obras, parques e praças, e 80 mil reais para manutenção de áreas verdes; o resto, 320 mil reais, em eventos, festas, e mais 54 mil para passeios ecológicos, muito instrutivos; mas, a obra em si, 60 mil mais 84.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Cumprimento V. Ex.ª, procurarei ser breve, dizendo duas coisas apenas: em primeiro lugar, essas verbas se identificam na abertura de determinadas páginas às quais, infelizmente, os Vereadores não têm acesso na estrutura do esquema financeiro da Prefeitura Municipal. Por isso a importância da senha para se ingressar em todas as folhas do verdadeiro Orçamento da Prefeitura Municipal. Por outro lado, gostaria, neste momento, sabendo que V. Ex.ª é um homem de posições fortes, que cada um de nós, sobretudo da oposição, nos manifestássemos, porque os da situação, nós sabemos, não são “vaquinhas de presépio”, é óbvio, são Vereadores que têm identidade própria, linha própria, mas correm na linha governamental. V. Ex.ª vai rejeitar de plano o Projeto do IPTU?

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Pretendo, Vereador, sem dúvida.

Ver. Ervino Besson, eu vou responder a V. Ex.ª que as comunidades dos Bairros São Geraldo, Navegantes, São João e Floresta encaminharam uma Emenda Popular aqui na CEFOR. Nós Vereadores vamos corrigir, aprovando Emendas e Emenda Popular, para, então, realmente fazermos um Orçamento adequado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, solicito utilizar o Tempo Especial para fazer um relato acerca da visita que a Comissão Externa presidida por este Vereador fez à Rua Luiz de Guanella.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Deferimos o Requerimento de V. Ex.ª e, de imediato, concedemos o Tempo Especial de até dez minutos, para que V. Ex.ª relate a visita que a Comissão Externa fez à Radial Anita.

Pedimos que os Vereadores façam silêncio, porque temos um colega Vereador na tribuna.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Tempo Especial.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós solicitamos, e foi deferido pelo Sr. Presidente e pelos Vereadores desta Casa, a formação de uma Comissão Externa, para que nós fôssemos visitar o trecho indicado pelo Projeto enviado pelo Executivo Municipal a este Legislativo, no sentido de que se constituísse aquele trecho, após votado, o trajeto da IV Radial ou da chamada Radial Anita.

Há um ano e meio, quando votávamos, aqui, o Plano Diretor, o trecho a ser votado, aquele que estava para ser gravado, estava exatamente próximo dali, na Rua Fernando Strehlau, na seqüência da Brasília. Agora o trecho indicado para nós está exatamente na Rua Dom Luiz de Guanella, e essa indicação foi dada de acordo com aquilo que nós conhecemos dentro do processo depois de uma reunião do Fórum das Regiões, onde as pessoas conversaram entre si. As pessoas da região chegaram a um entendimento de que aquele trecho da Rua Dom Luiz de Guanella seria o melhor.

Então, fomos lá, eu, o Ver. Cassiá Carpes, o Ver. Juarez Pinheiro e o Ver. Humberto Goulart, para fazer a visita. Fomos recebidos lá por uma comissão de moradores. Esses moradores, logo de início, mostraram contrariedade com relação ao Projeto da Casa e o trecho apontado pelo Executivo para se transformar na IV Radial. Fomos, então, fazer uma caminhada, e vários moradores daquela rua nos acompanharam para que eles pudessem, também, dar todas as indicações e mostrar dificuldades do trajeto para que ali saísse a IV Radial. O que nós vimos foi o seguinte: nas proximidades da Av. do Forte, ou quase na esquina do Forte - e eu peço, por favor, que me corrijam em cada impropriedade que eu colocar aqui na tribuna, eu quero apenas fazer um relato -, próximo à Av. do Forte, a Rua Luiz de Guanella é larga, mas assim mesmo ela não perfaz os 30 metros necessários para a Radial, e se o traçado for aprovado aqui nesta Casa exatamente como está, mesmo nesse trecho mais largo da Rua Luiz de Guanella, um dos lados seria quase que totalmente sacrificado; e o lado a ser sacrificado, de acordo com os relatos - e o medo da população seria exatamente esse -, é onde viceja o pequeno comércio. Várias casas comerciais - floriculturas, oficinas mecânicas, bares, lanchonetes - estão colocadas no lado direito da Rua Luiz de Guanella para quem vai da Av. do Forte para o interior do bairro. Mas atravessando a Av. do Forte, vários prédios seriam destruídos para que a Radial pudesse ser feita. Internando-nos em direção ao bairro, a partir da Av. do Forte, vamos ver que a Rua Luiz de Guanella vai estreitando, e esse estreitamento faz com que pedaços maiores, hoje ocupados pela população e também pelo pequeno comércio, possam ser atingidos. E por isso mesmo, a cada casa que nós visitávamos, a cada trecho por que passávamos, ouvíamos uma insatisfação.

Eu ouço, Ver. Elói Guimarães, Ver. João Antonio Dib, falar, há algum tempo, que a IV Radial é inevitável, que a IV Radial vai desafogar uma área da Cidade que, em pouco tempo, estará praticamente inviável se não for o novo traçado da IV Radial. Eu pergunto a V. Ex.as: será que não poderíamos sugerir ou discutir com os técnicos uma via que fosse mais estreita do que 30 metros de largura? Seria realmente necessária uma via com 30 metros de largura para que houvesse a solução do tráfego naquela região? Eu ouvi do Ver. João Antonio Dib, antes de vir à tribuna, uma questão: seria realmente necessária a existência da IV Radial? Se for necessária, Ver. João Antonio Dib, nós vimos, de acordo com os mapas que consultamos, que existem outras saídas.

Existe uma saída, por exemplo, que foi mostrada por alguns moradores e que não atinge propriedade nenhuma, saindo diretamente do Parque Alemanha e indo por uma área ainda não-urbanizada diretamente para a Nilo Peçanha. Acredito que esse possa ser um trajeto a ser estudado pelos técnicos da Prefeitura Municipal e penso que ele que não custaria praticamente nada para a Prefeitura, tendo em vista que, tanto no trajeto que nos foi apresentado lá pela rua Brasília ou nesse trajeto pela rua Dom Luiz de Guanella, os gastos da Prefeitura com desapropriações vão ser elevados.

Pelo que eu vi, só posso dizer às senhoras e senhores que existe uma contrariedade muito grande por parte de ambas as populações, tanto dos moradores da rua Brasília, quanto dos moradores da Dom Luiz de Guanella. Os moradores das ruas vizinhas também se sentem ameaçados de, de uma hora para outra, terem sobre si o gravame da IV Radial. Também são contrários a que as suas ruas sirvam de passagem ou trajeto. O projeto parecia ser tranqüilo, vindo aqui para esta Casa com uma indicação de que o Fórum das Regiões; o Orçamento Participativo teria já resolvido o problema, já teria havido uma discussão naquela região e o pessoal da Dom Luiz de Guanella estaria satisfeito com o novo traçado. Tudo isso foi desmentido com a visita da Comissão Externa composta por mim, pelos Vereadores Humberto Goulart, Cassiá Carpes e Juarez Pinheiro àquela região.

Se cometi alguma falha no relato que fiz, eu peço, por favor, que os Srs. Vereadores me corrijam, pois não é esta a minha intenção. A minha intenção é esclarecer os Srs. Vereadores sobre aquilo que a Comissão viu, e que vai - acredito – determinar, para os próximos dias, a aprovação, ou não, aqui desta Casa; a votação, ou não, nesta Casa, de um projeto que já tramita por aqui.

Os Vereadores, inclusive o Ver. Estilac Xavier, que é Líder da bancada petista na Casa, já me havia dito que pretendia futuramente fazer um pedido de urgência para a tramitação deste Projeto. Na visita que fizemos, Ver. Estilac Xavier, pelo menos no que tange àquilo que foi apresentado para nós, aqui, no Projeto, nós percebemos que havia muita insatisfação sobre aquele traçado que foi enviado aqui para esta Casa.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estou atento a sua exposição sobre a visita que foi feita ao futuro traçado, ali na Guanella, da Anita Garibaldi, mas quero-lhe recordar que o meu pedido de urgência da reunião das Comissões Conjuntas já está requerido à Mesa Diretora e, inclusive, na oportunidade, ficamos de fazer a votação logo depois da visita. Então, estou colocando, hoje, essa questão em discussão na Casa e agora eu vi V. Ex.ª comentar que haveria maiores discussões. Não sei se existem elementos novos para que possamos já tratar do assunto. Já existem comunidades que vieram com os dois lados de interesse e vamos ter que decidir sobre isso - temos que ver qual é a melhor oportunidade.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Talvez V. Ex.ª esteja correto sobre a necessidade de esta Casa decidir sobre um traçado ou outro, ou, de repente, o que me disse o Ver. João Dib, antes de vir para esta tribuna, esteja correto, que seria a não-necessidade de aprovarmos nenhum dos traçados, ou talvez, quem sabe, darmos a possibilidade de um novo traçado para que aquela região pudesse, de alguma forma ser satisfeita com relação a esse projeto da chamada IV Radial. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2221/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 049/01, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, que dispõe sobre a utilização de programas de computador na Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 2254/01 – SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria dos Vereadores Ervino Besson e Sebastião Melo, que institui linha especial de serviço de lotação para atendimento ao Bairro Belém Novo, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 142/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo.

 

PROC. Nº 3702/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 251/01, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Rua Alberto Sehbe Simon um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. Nº 3736/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 253/01, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que revoga a Lei nº 8.125, de 6 de janeiro de 1998, que denomina Av. Senador Darcy Ribeiro um logradouro irregular localizado no Núcleo Esperança, no Bairro Restinga Velha.

 

PROC. Nº 3790/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 254/01, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que autoriza o Executivo Municipal a construir o Memorial pela Paz no Parque Moinhos de Vento.

 

PROC. Nº 3805/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 255/01, de autoria do Ver. Adeli Sell, que acrescenta os incisos XVI e XVII ao art. 11 da Lei nº 3.187, de 24 de outubro de 1968, e alterações posteriores, que estabelece normas para a exploração do Comércio Ambulante e dá outras providências.

 

PROC. Nº 3900/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 099/01, de autoria da Mesa Diretora, que dá nova redação à letra "b" do § 1º do art. 58 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores. (composição Comissões Temporárias)

 

PROC. 0859/00 – SUBSTITUTIVO Nº 01, que dispõe sobre a utilização de programas de computador na administração pública de Porto Alegre, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/00, ambos de autoria da Ver.ª Helena Bonumá.

 

PROC. Nº 3603/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 022/01, de autoria do Ver. Ervino Besson, que cria o Conselho Municipal de Justiça e Segurança, os Fóruns Municipais Regionais de Justiça e Segurança e os Conselhos Comunitários de Justiça e Segurança.

 

PROC. Nº 3660/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 248/01, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Júlio Heinzelmann Petersen.

 

PROC. Nº 3939/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/01, que altera e acrescenta dispositivos às Leis Complementares nºs 07, de 07 de dezembro de 1973, e 48, de 28 de dezembro de 1979. (IPTU Progressivo) Com Emendas nºs 01 a 05.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3555/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 239/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que acrescenta dispositivos à Lei nº 6.806, de 21 de janeiro de 1991, que dispõe sobre o estacionamento de veículos nas vias e logradouros públicos de uso comum, onde for permitido, e nas áreas urbanas pré-determinadas.

 

PROC. 3598/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 241/01, de autoria do Ver. Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Empresário Jaime Antônio Sirena Pereira.

 

PROC. 3770/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 093/01, de autoria da Mesa Diretora, que denomina Biblioteca Jornalista Alberto André a biblioteca da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3624/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 084/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que concede o prêmio Quilombo dos Palmares à Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora.

 

PROC. 3668/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 249/01, de autoria do Ver. Paulo Brum, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana do Trânsito e dá outras providências.

 

PROC. 3682/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 091/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que torna itinerante a exposição sobre os 40 anos da Legalidade, promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. 3686/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 250/01, de autoria dos Vereadores Ervino Besson e Adeli Sell, que dispõe sobre o licenciamento de guarita para a prestação de serviços de segurança privada.

 

PROC. 3687/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 092/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Jorge Luís Lopes Gomes.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 3609/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 082/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que altera o inciso II do art. 68 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (prazo/CPI)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se leis resolvessem os nossos problemas, Porto Alegre seria uma cidade sem nenhum problema. Hoje a nossa Pauta inclui onze novos Projetos de Lei.

A Ver.ª Helena Bonumá quer dispor sobre a utilização de programas de computadores na Câmara Municipal de Porto Alegre. Ela é a 1ª Secretária da Mesa e sabe que tal Projeto de Resolução competiria à Mesa, mas ela o apresentou. Depois fazem um Substitutivo os Vereadores Ervino Besson e Sebastião Melo para o serviço de lotação no Bairro Belém Novo. Eu, que fui Secretário de Transportes por duas vezes, fico horrorizado de ver que o Vereador, que é parte da síntese democrática de todos os cidadãos, precise fazer um Projeto de Lei, o que é um absurdo, para estabelecer uma linha de lotações. É que lá na Secretaria Municipal de Transportes não se consegue falar com o Secretário. Eu, que fui duas vezes Secretário de Transportes, que fui Prefeito, não tenho resposta de S. Ex.ª o Engenheiro Luiz Carlos Bertotto. Eu estou dando nome de rua; o Ver. Reginaldo Pujol está tornando sem efeito uma denominação de rua, porque já estava denominada; o Ver. João Bosco Vaz, preocupado com a necessidade de paz no mundo, está propondo a construção de um monumento no Parcão, que lembra a todos os porto-alegrenses que a paz é indispensável para que as criaturas que vivem nesse mundo possam viver melhor; o Ver. Adeli Sell está fazendo alterações na Lei Complementar que estabelece normas para a exploração do comércio ambulante - esse comércio ambulante é uma vergonha na Cidade de Porto Alegre -; a Mesa Diretora está propondo uma alteração no Regimento, o que é correto; e há um Substitutivo que dispõe sobre a utilização de programa de computador na Administração Pública de Porto Alegre, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá. Se ela não pode fazer Projeto de Resolução para estabelecer programa de computador na Câmara, muito menos lá no Executivo.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, eu adentrava este Plenário quando V. Ex.ª falava da questão do lotação. V. Ex.ª sabe que, em Belém Novo, que é um bairro a que todos nós queremos bem, que é um bairro interiorano da nossa Cidade, nós já tivemos umas dez, quinze reuniões, com a presença de mais ou menos trezentas pessoas, na igreja, em torno dessa matéria. O Governo Municipal não tem sensibilidade. Eu convidei o Secretário Municipal para ir lá comigo umas dez vezes, ele ou alguém da EPTC, para conversar sobre esse assunto. Esse é um assunto que é tabu na Secretaria - eu creio que há conflito dos lotações com os ônibus -; portanto, ninguém trata disso.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Não, não é nada disso, ele não fala com os Vereadores, e eles pensam que existe uma lei dizendo que só pode haver quatrocentas e três lotações em Porto Alegre. Não existe. Quando criaram o serviço de lotações era para ter setecentos e quarenta. Nunca foram colocadas setecentas e quarenta e, então, ele fica dizendo aí que não pode colocar. Por isso eu disse: é incrível que um Vereador não tenha acesso ao Secretário Municipal de Transportes.

O Ver. Ervino Besson está fazendo uma revolução, vejam só que ele quer um conselho de justiça e segurança, os foros municipais, regionais de justiça e segurança, e os conselhos comunitários de justiça e segurança. Meu Deus do céu! Isso dá bem para ser uma proposição de um Prefeito, numa campanha para Prefeito.

O Ver. Antonio Hohlfeldt concede um Título de Cidadão a Júlio Petersen, figura extremamente querida nesta Cidade.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, diante das constantes manifestações sobre a questão dos lotações e problemas com a EPTC, por que nós não articulamos aqui uma reunião de Vereadores, uma mesa redonda para discutir? Afinal de contas, qual a legislação que existe? O que vale e o que não vale e o que podemos fazer? Eu estou disposto a intermediar essa conversa, e um conjunto de Vereadores, interessados em discutir com o Secretário. Não precisa ser comparecimento, porque atrapalha a Sessão; podemos fazer na Sala da Presidência, quem sabe.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Concordo com V. Ex.ª.

Mas vejam V. Ex.as como as leis fazem mal para o País. Eu deveria discutir sobre o IPTU e não cheguei lá. O IPTU, que a Prefeitura não arrecada dos que podem pagar, porque cobra mal, cobra errado. E quer fazer caixa em cima daqueles que pagam religiosamente. Mas eu vou poder voltar a falar do IPTU. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a discussão do IPTU merece menos prevenções, menos preconceitos do que começamos a sentir nesta Casa. Tenho dificuldade em achar que teremos uma boa solução se nós continuarmos ouvindo alguns Vereadores dizerem que, de pronto, estão rejeitando o Projeto do IPTU ou classificando-o de mera fúria arrecadadora do PT. Penso que não é esse o perfil da Casa, e temos uma grande expectativa de que a Casa se debruce, com responsabilidade e com aquela sensibilidade de que eu falava há pouco, sobre o que é a necessidade da população, a atual realidade de arrecadação do IPTU, de taxação do IPTU e de como é significativo corrigir distorções.

É impensável imaginar o Imposto de Renda com alíquota única! Tenho certeza de que aqui ninguém defende um único percentual de Imposto de Renda, independente de se ganhamos dois ou três salários mínimos ou vinte, trinta salários mínimos. Tenho certeza de que todos concordam com que seria profundamente injusto o mesmo percentual ser descontado de quem, mal e mal, com seu salário, compra condições básicas de sobrevivência, ser descontado de quem tem salário e condições de renda que lhe permitem luxo, supérfluo, escola particular, que lhe permitem diferentes aquisições, que não são básicas - não acho que sejam incorretas, todos deveriam tê-las -, mas que não são mínimas para a sobrevivência. Achar que taxá-los no mesmo volume, fazer a mesma taxação é justo é defender a injustiça social.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Sofia Cavedon, acompanho o raciocínio de V. Ex.ª, e o que acho incorreto no seu raciocínio é que V. Ex.ª compara duas coisas que não podem ser comparadas. Uma é o imposto real, que é o IPTU, imposto sobre o valor do imóvel; outra é o Imposto de Renda, que é imposto pessoal. São duas coisas completamente distintas uma da outra. Então, o que falha no raciocínio de V. Ex.ª são exatamente esses dois princípios que não podem ser comparados, porque um é pessoal e o outro é real.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ouso divergir de V. Ex.ª, porque desconto pessoal é um desconto real sim. É um desconto direto no salário, no produto do trabalho do trabalhador. Real, no sentido de que ele se faz sentir. É claro que são dois tributos bem diferenciados, e que fatores diferenciados devem incidir sobre a tributação, sobre a sua construção. Mas a lógica serve para isso. Por mais que a gente saiba que, hoje, a forma como é aplicado o Imposto de Renda é profundamente injusta ainda, não acho que possamos considerar justo que uma família, que tem condições de ter um imóvel numa área nobre, com uma estrutura generosa, com muito mais acesso a diferentes serviços, pague o mesmo percentual de tributos de outra família, que tem um imóvel muito mais modesto, muito mais longe, talvez, de serviços, ainda em processo de aquisição de serviços básicos, de condições básicas de trânsito. Essa questão é que quero frisar.

A proposta do Governo vem provocar esse debate, vem corrigir essa distorção, e a Câmara tem de ser responsável, conseqüente e se desarmar para fazer esse debate.

E mais, trago para cá também um elemento da legitimidade, hoje, da aplicação do IPTU, porque o que é arrecadado de IPTU é discutido pela Cidade. Não acho, diferente do Ver. Ervino Besson, que acha que o OP faliu, e que não dá crédito à discussão, porque a discussão essencial da aplicação da verba do IPTU, por exemplo, e não é só essa; está na população, está na sistemática do Orçamento, está nas temáticas, nos conselhos setoriais, Vereador. Portanto, hoje a Cidade pode dizer que, talvez insuficiente e com problemas, ela incide sobre o que é arrecadado. Tem mérito nós discutirmos arrecadar o IPTU e como arrecadá-lo, porque temos um avanço muito importante na Cidade do controle da aplicação dessa verba. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, apresentei um Projeto de Lei que acrescenta incisos à Lei que estabelece as normas para a exploração do comércio ambulante e dá outras providências. Na verdade, eu não sei como foi acontecer que, em 1999, quando nós fizemos algumas modificações na legislação, esses dois itens que estou propondo tenham ficado fora. Estou propondo a proibição, evidentemente, de venda, no comércio ambulante da Cidade, de produtos de fabricação estrangeira, introduzidos irregularmente no País, em boa linguagem, que todo mundo entende: contrabando. Segundo, produtos com marca de terceiros, não-licenciados; em boa linguagem, que todo mundo entenda: pirataria.

Vejam o seguinte, a fiscalização da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio faz uma ação fiscal, e aí o sujeito diz: “Não, esse produto não é pirateado; ele não é do Paraguai”. Aí tem de chamar - vejam só - a Receita Federal; aí tem de acionar a Secretaria da Fazenda para ver se tem tributação do ICMS pago. Isso é um absurdo!

Só um cego não enxerga o que é um produto contrabandeado ou pirateado, haja vista a excelente ação que foi feita pela SMIC no final de semana lá na Praça da ENCOL, onde, finalmente, se viu que é possível prender contrabando e pirataria. Lá havia orientais vendendo tênis e roupas que, evidentemente, não vieram do Paraguai. Nós sabemos que há contrabando que baixa no Salgado Filho e que baixa no Porto de Rio Grande.

Nós já dissemos que falta uma ação coordenada entre as esferas do Governo Federal, Estadual e Municipal nesse particular, porque quando a Polícia Federal, com a Receita Federal, junta-se com a Secretaria da Fazenda e a Brigada Militar, não entra cigarro contrabandeado nesta Cidade. Mas nós sabemos que esses produtos, além de entrar por ar e por mar, entram pelo posto de GOIO-EN, entre Chapecó e Nonoai. Eu já disse que lá temos problemas na fiscalização da Fazenda do Estado. Eu já alertei o Secretário Arno Augustin e o Secretário Bisol sobre esse grave problema, porque eles não entram mais por Iraí, porque, lá, a mesma Secretaria e o mesmo Governo têm uma ação fiscal. Mas há, sim, senhores e senhoras, alguém corrupto naquele lugar, porque lá eles estão entrando e baixam aqui em Porto Alegre com esse tipo de produto.

Então, se nós tivermos esta Lei aprovada – vou discutir isso com minha Bancada para aprovarmos com urgência urgentíssima -, porque isso vai dar conseqüências às atividades que o Dr. Cezar Alvarez e sua equipe estão fazendo em Porto Alegre e que o 9º Batalhão está fazendo. Quero elogiar, aqui, Vereadores Paulo Brum e João Bosco Vaz, a Brigada Militar, que está, junto com a SMIC, fazendo um excelente trabalho no Centro da Cidade. Quero parabenizar o Coronel Marcadela, que está fazendo esse trabalho, e o Major Leal, que está, diuturnamente, preocupado com essa questão no Centro da nossa Cidade.

Com essa legislação que estou propondo - modificação nas normas de exploração do comércio ambulante na Cidade de Porto Alegre, proibindo os produtos de fabricação estrangeira introduzidos irregularmente no País - leia-se, contrabando -, produtos com marca de terceiros não-licenciadas - leia-se, pirataria -, vamos ter, sem dúvida nenhuma, esse problema resolvido.

A Ver.ª Sofia Cavedon me mostrou, hoje, dois postais que ela recebeu, que, na verdade, falam de mim novamente sobre a questão que estou tratando aqui. Não será por cartão postal mandado para mim, para a Ver.ª Sofia Cavedon, ou para quem quer que seja, que eu irei calar a boca, que eu deixarei de dizer que nós temos de acabar com o contrabando e com a pirataria nesta Cidade, porque não são os pobres que se estão beneficiando, como alguns querem fazer crer, mas meia dúzia de pessoas que controlam esse comércio. E nós sabemos que essas pessoas são de uma máfia organizada e que usam da brutalidade, como mataram um casal de chineses em São Paulo, haja vista a revista Isto é da semana passada.

Agora sim, eu quero dizer, pela última fez, que já mandei cinco cartas para o Secretário Bisol. Espero que o Secretário, do meu Governo, tome alguma atitude sobre essa questão, porque esse é um problema de segurança, de dignidade do povo de Porto Alegre. Eu não quero ficar calado diante das ilegalidades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, está em 1ª Sessão de Pauta o Projeto de Lei do Executivo que trata da alteração da Lei Complementar nº 07, relativa ao IPTU.

Esteve, há menos de um ano, em Porto Alegre, um dos maiores filósofos do momento, alemão, que disse que não pode haver democracia quando há exclusão social muito grande. Nós, no Brasil, ocupávamos, até pouco tempo, o terceiro lugar em injustiça social e distribuição de renda, perdendo para Honduras e Serra Leoa. Agora nós estamos mais avançados: nós já estamos perdendo para Honduras e Serra Leoa e estamos em primeiro lugar em injustiça social e concentração de renda. Um dos motivos que levam o Brasil a alcançar o primeiro lugar, o triste primeiro lugar, é a má distribuição de renda e a questão tributária.

Neste País, 75% dos impostos são impostos indiretos. Os impostos indiretos oneram, de forma igual, a ricos e a pobres. Por exemplo, no momento em que uma pessoa que tenha posses, compra um quilo de arroz, ela paga o mesmo ICMS que paga uma pessoa assalariada comprando a mesma quantia de arroz. O Ver. Luiz Braz, que está fazendo uma pós-graduação em questão tributária, pode confirmar isso. Portanto, um dos males que temos neste País é a questão de a carga tributária ser excessivamente por meio de impostos indiretos.

O IPTU não é um imposto indireto; o IPTU é um imposto direto, ou seja a injustiça tributária e fiscal pode ser resolvida.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Luiz Braz, seja breve, peço-lhe a gentileza.

 

O Sr. Luiz Braz: Serei muito breve, Ver. Juarez Pinheiro. V. Ex.ª sabe da admiração que lhe tenho e pelos conhecimentos que tem sempre que vai à tribuna, mas devo dizer-lhe que os impostos indiretos se regem pela essencialidade: quanto mais essencial for o produto, mais baixo deve ser o tributo.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Isso deveria ser a regra, só que neste País não é assim. Na verdade, Ver. João Antonio Dib, o IPTU é um daqueles impostos pelo qual podemos fazer justiça social e justiça fiscal.

Não está aqui, agora, o Ver. Isaac Ainhorn, que foi o autor do Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar, que gerou grande injustiça social e fiscal. Graças a um redutor, por ele colocado, hoje nós temos na Cidade pessoas com um imóvel de menor valor que pagam muito mais do que uma pessoa com um imóvel de maior valor. Neste País quem ganha menos paga mais, quem ganha mais paga menos. Essa é a regra. A iniciativa foi do Ver. Isaac Ainhorn, que, aliás, recebeu uma boa resposta, aqui no Plenário, do Ver. Pedro Américo Leal, quando perguntou: “V. Ex.ª vai votar contra o IPTU?” O Ver. Pedro Américo Leal respondeu: “Vou estudar o Projeto, vou votar com a minha consciência e com aquilo que for mais justo.”

Ver. João Antonio Dib, queria responder a V. Ex.ª, que alega, aqui na proposta, que a carga lançada de IPTU é de 160 milhões e o arrecadado fica bem aquém disso. O Vereador, que já foi Prefeito, lembra bem desses momentos, faz que não ouve agora, mas sabe do que eu estou falando e sabe o que é carga lançada e o que é a possibilidade de arrecadação. Mas faz aqui, o meu amigo Ver. João Antonio Dib, uma tautologia para fazer uma disputa política, para fazer uma disputa, neste caso, partidária. Na verdade, carga lançada significa a totalidade, a possibilidade total, formal de arrecadação do imposto. Isso é carga lançada, Ver. João Antonio Dib. Outra coisa, bem diferente, é a possibilidade real que temos de arrecadação.

Para concluir, Sr. Presidente, queria dizer, por exemplo, Ver. João Antonio Dib, que é a partir da carga total aqueles que pegam descontos de 20% a 30%, é abatido da carga total, de possibilidade total e formal, aqueles que mudam de alíquota a partir do momento em que tinham um terreno e passam a construir.

E a outra parcela, V. Ex.ª sabe, que é dos inadimplentes. Portanto, uma coisa é a carga total lançada, outra coisa é a possibilidade de arrecadação.

Eu queria dar uma resposta ao Ver. João Carlos Nedel, mas o tempo não permite; em outra oportunidade, darei a resposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, todos que nos acompanham aqui pela TV Câmara. O grande debate desta Câmara passa a ser, Ver. Isaac Ainhorn, que gosta bastante de debate, o IPTU. Mas antes de entrarmos na questão do IPTU, o Ver. Juarez Pinheiro lembrou bem algumas balizas importantes para termos conta para discutir este imposto que é o IPTU. Uma delas é a questão do imposto direto versus imposto indireto. Eu trouxe, Ver. Juarez Pinheiro - até para ilustrar um pouco mais, que o que mais preocupa a população, o que mais onera a população é justamente o imposto indireto, como V. Ex.ª bem tratou aqui - alguns exemplos, em um gráfico que gostaria de mostrar. (Mostra o gráfico.) Uma pessoa com renda de até dois salários mínimos paga de imposto direto, que é o caso do IPTU, 1,71% da sua renda, em média. Já de impostos indiretos, 26%. Quem tem uma renda de 30 salários mínimos paga de impostos diretos, IPTU, 10%; e de impostos indiretos, que é aquele que quando o trabalhador vai fazer a sua cesta básica, o seu rancho, paga 7,34%. Nos impostos indiretos, o trabalhador, com renda de dois salários mínimos paga 26% do seu salário em impostos indiretos. Já quem ganha mais de trinta salários mínimos paga 7,24% de impostos indiretos. O imposto indireto é o real fundamento do que mais preocupa a população.

E tem mais, o IPTU de Porto Alegre é, entre algumas capitais, o mais baixo, em média. Também trouxe uma tabela aqui para mostrar, Ver. Juarez Pinheiro, que o imposto, em média, pago em Porto Alegre, de IPTU, é de 161 reais; Curitiba, 241 reais; Belo Horizonte, 276; Rio de Janeiro, 361, e em São Paulo, 530. Temos também um IPTU sóbrio aqui.

Terceira colocação: o Ver. João Antonio Dib gosta de fazer o debate sobre a questão da arrecadação e da fiscalização, debate ao qual não nos recusamos; muito pelo contrário, a questão da arrecadação, da fiscalização e da diminuição da inadimplência do IPTU é uma perseguição constante da Prefeitura, tanto que eu diria que, desde a época em que o Ver. João Antonio Dib era Prefeito, até hoje, aumentou em 50% a arrecadação do IPTU ao longo desses treze anos. A quarta colocação importante, que vai mais em direção ao Ver. Isaac Ainhorn, é que a questão do IPTU não é uma questão, no nosso ponto de vista, de aumento ou diminuição da arrecadação do imposto, uma pauta constante no debate que o Ver. Isaac Ainhorn propõe aqui, mas, sim, uma questão de justiça fiscal e de justiça social, porque nós precisamos de um imposto que seja justo na sua cobrança. Talvez o lema da outra vez, quando tínhamos o imposto progressivo, de “quem tem mais paga mais; quem tem menos paga menos”, se faça necessário também para esse debate, porque nós precisamos, independente de a arrecadação aumentar ou diminuir, é que ela tenha justiça fiscal. Ela pode diminuir ou aumentar, mas a justiça fiscal e a justiça social têm de prevalecer. Portanto, a alíquota tem de ser justa para o contribuinte.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Há doze anos, trabalho como Vereador em cima dessa questão do IPTU. Quero-lhe dizer que a maior injustiça que pode ser praticada é essa chamada justiça de quem tem mais deve pagar mais IPTU e quem tem menos deve pagar menos, porque, na prática, isso não existe. E vou-lhe dar só um argumento: 25% dos que pagam IPTU em Porto Alegre são inquilinos, e os inquilinos constituem-se na classe média de baixa renda ou de pessoas que têm dificuldades. E o princípio básico é o seguinte: a capacidade contributiva dos munícipes chegou à exaustão, porque não é apenas o IPTU; são dezenas de impostos, IPVA e tantos outros. Muito obrigado.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Contrapondo o argumento do Ver. Isaac Ainhorn, eu diria que 25% das famílias com mais baixa renda gasta mais com habitação que os 25% com mais alta renda. Mas nós trataremos desse Projeto mais adiante, porque ele não envolve só um aumento de arrecadação ou correção de alíquotas; ele envolve estímulo à questão ambiental, estímulo à produção primária, progressividade, reavaliação da Planta de Valores e isenções, conjuntamente existem seis faixas diferenciadas de isenção que envolve este Projeto. É um Projeto muito mais complexo do que apenas a discussão de aumento ou não da alíquota. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, bendita hora em que este Parlamento, assim como outros no Estado e em nível nacional, teve a oportunidade de instalar um canal de televisão para que a população observe a atuação dos seus representantes e faça uma avaliação correta para renovar ou não o Parlamento, mas também porque nós podemos esclarecer, porque nem todos têm tempo, o trabalhador levanta cedo, dorme cedo, a própria classe média asfixiada que está pela crise, às vezes não tem tempo, ao ler as manchetes dos jornais, para avaliar o que vai no âmago, na intimidade da notícia. É necessário que esclareçamos a população para ela ver: “Isso me toca diretamente.”

Aqui foi dito, no final do pronunciamento do Ver. Marcelo Danéris, exatamente uma verdade, o exame da matéria do IPTU, ele concluiu dizendo: “Não se trata apenas das alíquotas, não é só a progressividade, há a Planta de Valores, há as isenções.“ Eu quero alertar a população, no meu entendimento, porque o menos importante neste Projeto, que, se aprovado, vai pesar no bolso do contribuinte, e muito, no ano que vem, não é a progressividade. Eu sempre digo que, nesta Cidade, não há muitos ricos. Costumo dizer que nunca vi uma Limusine nesta Cidade. É uma Cidade de serviços e de classe média. Há classe média alta? Há. Há ricos? Há. Mas, se somados, se isso for colocado no papel, o que vai importar a diferença da arrecadação às burras municipais só da progressividade é que ela vai ser pequena em relação ao principal, que é o valor venal das suas propriedades, que será aumentado em todas as propriedades; a exceção, é claro, que o próprio Projeto prevê, e isso já existia, é que, de três salários mínimos para quatro, haverá isenção.

A novidade do Projeto é que a Zona Rural, os que produzem, terão facilidades no IPTU. Mas, pelo amor de Deus, contra o meu voto e contra o de muitos votos aqui nesta Casa. Infelizmente, a maioria aprovou a transformação da Zona Rural de Porto Alegre - a única Capital que tinha e tem sindicato rural, pela importância da sua Zona Rural, e não foi com o meu voto - em Zona Urbana, e que agora, evidentemente, terá de pagar não o ITR (Imposto Territorial Rural), mas o IPTU, e aí o PT fica bonzinho, entre aspas, e diz: “Não, mas quem tiver um imóvel de 25 hectares e que tiver produtividade pagará menos ou terá isenções”. Mas é claro, isso é o mínimo que se pode fazer para quem produz a fruta para a CEASA, faz a maior festa do pêssego de mesa do Brasil, tem arroz e inúmeras plantações.

Agora, o eixo da questão principal deste Projeto está, não nas alíquotas progressivas, no aumento generalizado do valor venal dos imóveis, porque todos sabem que dizem que determinado imóvel, em determinada zona, tem supermercado perto, tem escola, portanto, ele vale, diz o corretor, no mínimo, 300 mil reais. Vale? Aí publicam no jornal, tentam vender, e quem é que paga 300? E aí as pessoas começam a dizer que não podem, porque têm filhos no colégio e em universidades. Então o imóvel pode valer esse preço, mas ninguém paga esse valor, porque não há dinheiro, não há riqueza, não há circulação de riqueza. Neste momento, é hora de aumentar todos os valores venais? A Planta de Valores de Porto Alegre? É esta a hora? Eu já tenho falado muito aqui sobre o CPMF, que começou para ser da saúde, era 0,24% e hoje está tem 0,38%, e agora até o Sr. Lula já é favorável a que seja, na perspectiva do poder, transformado, não como é, em contribuição provisória, mas que seja definitivo.

Então, a verdade única e exclusiva é esta: é aumento de imposto. E eu quero que a população telefone, passe e-mail, pressione os Vereadores se quer ou não aumento de imposto nesta Cidade. Eu quero o pronunciamento da população que nos colocou aqui. Se eu sentir que ela quer, eu votarei favorável. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há alguns dias, referi, desta tribuna, uma entrevista apresentada no programa Chamada Geral da Rádio Gaúcha, a respeito do Abrigo Ingá Brita. Posteriormente, tivemos aqui uma autoridade judiciária, que também abordou a questão dos abrigos, em geral, e, muito especialmente, para o caso de adolescentes, quando referiu uma liminar, dada pelo Judiciário, que obriga a Prefeitura a incluir no Orçamento de 2002 novos valores para ampliação ou a construção de novos abrigos para adolescentes na Cidade de Porto Alegre. Coisa que, aliás, o Prefeito Tarso Genro não cumpriu. Eu, como Presidente da CEFOR, vou fazer cumprir, por motivo óbvio. Liminar se cumpre! Enquanto ela está vigente, ela deve ser cumprida, Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª que é da área jurídica. Portanto, nós deveremos, na CEFOR, corrigir aquilo que o Prefeito Tarso Genro se omitiu, que é incluir a determinação do Juiz de Direito em relação aos abrigos.

Mas eu tenho, aqui, hoje, Sr. Presidente, a cópia transcrita da entrevista que, na Rádio Gaúcha, deu um dos adolescentes, abrigado no Ingá Brita, com a denúncia, Ver. Haroldo de Souza, e eu a leio. Conta um interno: (Lê.) “Um dos meninos não se comportou bem com o auxiliar da gerente e o auxiliar da gerente levou ele pelo braço para dentro do quarto e esbofeteou o menino lá dentro do quarto. E eu e outras pessoas presenciamos isso. Ficou óbvio, ele chorou e isso não é o tipo de conduta que se espera de um educador para com um adolescente que está abrigado, que tem uma situação, que já tem uma auto-estima baixa, que já vem de agressões na família.”

Em outra passagem, ele conta uma segunda situação: (Lê.) "No final do ano passado, uma menina ficou presa durante um mês em uma sala fechada, ela ficou um mês trancada, sem sair; e ela jantava após todo mundo, isolada, e não tinha muito contato com a área externa. ‘O abrigo’ - de acordo com o jovem – ‘enfrenta problemas de estrutura’”, etc., etc. e tal. Aquelas coisas que nós conhecemos e que a nossa Comissão Externa constatou quando da sua visita lá no Ingá Brita. Na mesma entrevista entra o Sr. Renato Guimarães - Presidente da FASC -, que diz que, a partir do recebimento da cópia do programa, que é esta que eu tenho em mãos, que requisitei formalmente à Rádio Gaúcha, ele, Sr. Renato Guimarães, abriria sindicância: “Vamos chamar o Diretor da Casa para conversar, ver o que aconteceu. Mas nós temos todo o interesse em querer apurar esse tipo de denúncia.” Essa entrevista foi no dia 8 de outubro, e hoje é dia 17 de outubro, que eu saiba, o Sr. Renato Guimarães até agora não cumpriu com a sua palavra. Pelo menos, por informações que eu tenho, em nenhum momento a Diretora do Ingá Brita recebeu qualquer convite ou chamado para ir-se explicar com o Presidente da FASC. E aí diz o Sr. Renato Guimarães, em relação à menina que ficou por trinta dias em uma sala fechada: “Que ela estava em situação de risco muito grande, estava na rua se prostituindo” etc., etc. e tal. Ora, observando a determinação do Conselho Tutelar de que o adolescente tem de ficar sob proteção total, e vendo a atitude de manter a adolescente trancada numa sala por trinta dias, sem jantar com os outros, a não ser que a prostituição se dê dentro do Ingá Brita - e eu nunca cheguei a dizer isso, nem a imaginar isso em nenhum momento -, eu fico realmente preocupado.

E fico mais preocupado, Sr. Presidente, quando, depois de pedir por várias vezes à Ver.ª Sofia Cavedon que me ajudasse para que a Diretora do Ingá Brita enviasse os documentos que havíamos solicitado para esta Casa, cópia inclusive dos livros de registro, o Prefeito Tarso Genro assinou uma desculpa de que não poderia encaminhar cópia do livro, com base num determinado artigo do ECA, que eu quero aqui, de público, ainda que sem ser juiz, refutar. Conversei, naquele dia em que recebemos aqui a autoridade judicial, com o doutor Procurador e ele me disse que a interpretação do Prefeito Tarso Genro realmente não tem nada que ver com o ECA. Acrescento eu: tem de ver, certamente, com a vontade do Prefeito Tarso Genro de também fugir da questão.

Quero antecipar, Ver. Haroldo de Souza, que hoje estou fechando uma reunião com a minha assessoria jurídica no sentido de entrar com uma representação no Tribunal, junto ao Juiz da Adolescência, a fim de pedir a autorização, que seja determinado que tenhamos acesso ao livro e que nós possamos trazer esse livro para conhecimento público. É em nome dos adolescentes que estão sendo desrespeitados e violentados nos seus direitos que penso ser fundamental que isso realmente venha a público para obrigar a Prefeitura de Porto Alegre, de uma vez por todas, a tomar as providências necessárias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores. Eu quero aproveitar esta oportunidade para dizer que fiquei muito satisfeito por receber, hoje, na rádio, um representante do Unificado dizendo que aquela instituição promoverá no dia 23, terça-feira, o IV Encontro de Drogas dentro da Escola. Quero parabenizar os dirigentes do Unificado. O objetivo: (Lê.) “Acreditando no trabalho em conjunto com a escola regular, realiza a IV Jornada Unificada de Debate, cujo tema privilegiará a discussão de questão que se revela a cada dia mais relevante e urgente. O evento destina-se a diretores, orientadores educacionais, psicólogos e coordenadores pedagógicos de escolas de Porto Alegre, Grande Porto Alegre e Interior do Estado, que serão nominalmente convidados.” Tema: “A droga tem sido um dos assuntos mais discutidos pela mídia em geral, mas na escola ela é um tabu com dificuldades de ser enfrentado. O consumo de drogas no mundo todo aumentou consideravelmente na última década. Onde fica a opinião dos jovens dentro da escola? O que eles querem? O que nós podemos fazer? O que podemos e devemos fazer?” O evento será no dia 23, terça-feira, na PUC. “Quais são os caminhos que a droga toma até chegar ao usuário?” Essa será a palestra da Polícia Federal. No debate teremos a participação especial de adolescentes como debatedores das palestras, numa tentativa de ouvir diretamente suas opiniões. Serão representantes dos grêmios estudantis das principais escolas convidadas pelo Unificado. Novamente, quero parabenizar os dirigentes e professores do Unificado por esta iniciativa. Ah se todas as escolas tivessem esta iniciativa! Por isso estamos com um Projeto tramitando na Casa, aprovado pelas Comissões, estando, inclusive, na Ordem do Dia, que levará a todas as escolas a possibilidade de uma semana de conscientização contra as drogas. Parabéns ao Unificado, tomara que todos tenham essa iniciativa.

Quanto ao corredor de centralização da Anita, onde há esta rivalidade, esta disputa entre a Brasília e a Dom Luiz Guanella, estivemos lá com os Vereadores Luiz Braz, Humberto Goulart, Juarez Pinheiro e anotei alguns detalhes, o que me faz dar aqui uma opinião. Dizer que o novo traçado foi discutido pela comunidade é mero sofisma, mas, pelos delegados do fórum de planejamento que representam as Ilhas, Parque Humaitá, representantes de comunidades bem distantes dos atingidos pelo novo traçado... Se é direito da comunidade atingida pelo 1º traçado não aceitá-lo, mobilizando- se, também é direito dos atingidos pelo novo traçado alternativo buscarem seus interesses junto a esta Casa e junto ao Executivo. O caso aqui não é de ficar a favor do traçado “a” ou “b”, mas, sim, daquele que obedecer os critérios técnicos, daquele que trará menor prejuízo e uma macrozona, daquele que obedecer a uma discussão transparente.

Ora, se não estou enganado, esta Casa ainda não recebeu o Plano Viário da Cidade. Quem sabe a Câmara solicita a retirada do Projeto pelo Executivo para inclui-lo no Plano Viário. O bom administrador é nobre quando dá condições de o processo ser transparente e maduro. Portanto concordo com o Ver. Luiz Braz, não há possibilidade de uma discussão ampla agora a não ser com as entidades de bairros.

Inclusive há o Requerimento - para ser aprovado, hoje, aqui, pelo Ver. Estilac Xavier – de urgência à reunião conjunta da CCJ, CEFOR, CUTHAB, COSMAM para analisarem esta questão. É válido um adiamento, pois foi discutido na outra Legislatura e houve uma renovação nesta Casa, e, sem dúvida, nós caminhamos naquele trajeto e há uma disputa de regiões. O ideal será que possamos achar um denominador que não venha a fazer com que essas comunidades tenham esse contato muito áspero, e que possamos, nesta Casa, com muito sensibilidade, discutir um traçado que seja bom para aquelas comunidades e para a nossa Cidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho três assuntos sobre os quais gostaria de falar, nesta tribuna, neste momento, mas o mais importante, sem dúvida nenhuma, é o malfadado IPTU. O Projeto de Lei do Executivo, no entendimento deste Vereador, não deveria nem ser analisado e muito menos votado, porque é um desrespeito de parte do Executivo mandar para esta Casa um Projeto que não pode ser lido. Eu duvido - e tenho dito isso reiteradas vezes - que alguém consiga ler a Planta de Valores para saber sobre o valor do metro quadrado de terreno. Eu não sou mais do que nenhum dos Vereadores, mas não consigo lê-la. Não consigo analisá-la. Já pedi que me dessem assessoria, de parte do Executivo, para saber o que eles colocaram lá, mas não dão; ainda não deram.

Eu analisei aquilo que eu podia analisar que era o preço do metro quadrado da construção. O mínimo de aumento que tem, o mínimo, é 40%, mas existem aumentos de 300 e 400%, também, no metro quadrado de construção. Eu só imagino o que possa existir na Planta de Valores, que é a fórmula... Para um engenheiro, é difícil; eu não sei, não fiz a fórmula; não sou Einstein, não sou nada parecido com essas figuras que fizeram esse Projeto, mas eu só imagino: a partir do metro quadrado de construção, o que não está com o metro quadrado de terreno? Deve ter com aumentos de 500, 600%.

Então não tem o que fazer, senão nem votar, deixar o Projeto morrer nas gavetas aí e vamos esquecer dessa coisa. Até porque eu tenho a mais ampla convicção, e, nessa matéria de IPTU, eu tenho experiência, Ver. Isaac Ainhorn, já entrei com V. Ex.ª na Justiça contra o Prefeito Raul Pont, que se escondeu nas largas saias da imunidade parlamentar. Já entrei sozinho contra a Prefeitura duas vezes, uma vez sozinho e outra vez com o meu Partido, contra a alíquota progressiva, que terminou vencendo no Tribunal, mas não foi o nosso processo, exatamente, que venceu, mas era nos mesmos termos, tanto que, quando a Prefeitura foi derrotada, eu fui amplamente procurado porque todo mundo sabia que eu tinha entrado. Então, tenho experiência nisso aqui. Fui Prefeito e, quando fui Prefeito, o IPTU nunca foi reposto em razão da inflação, sempre abaixo da inflação. Mas agora eles estão aqui, propondo, para o ano de 2001, 80 milhões e 800, e nós já vimos que vão arrecadar 90 ou 92 milhões. Estão propondo para o ano que vem 92 milhões. Só a colocação do IGPM em cima dos 80 milhões e 800 vai chegar nos 92 milhões. Então não precisa se preocupar. A Prefeitura vai, no ano que vem, não lançar 165 milhões, vai lançar 180 milhões e não vai cobrar. Quer cobrar mais daqueles que pagam religiosamente, os outros podem deixar para depois.

Então, ninguém precisa se preocupar com a pobre Prefeitura. Nunca vi a Prefeitura com tanto dinheiro, em todo tempo que eu a conheço. Eu vejo coisa assim como o ICMS, que a Prefeitura, em junho deste ano... Eu não tenho os dados de agosto, mas já há 140, 150 milhões em agosto. Mas em junho deste ano havia 104 milhões. Está propondo - e tinha a proposição de 139 milhões e meio -, para o ano que vem, 161 milhões. Este ano vai arrecadar mais de 200 milhões. Eles querem que o Rio Grande ande para trás, todos os anos eles fazem isso. Coisa assim como o IPVA: para o ano de 2000 foram 44 milhões e meio; para o ano de 2001, foram 44 milhões e meio, vão arrecadar 80 milhões de IPVA; para o ano que vem há 64. Então, ninguém precisava ficar preocupado que as obras da Cidade sejam prejudicadas, porque há o famoso IPTU que a Prefeitura quer arrancar daquele que paga corretamente, e não dos outros, só daquele que paga, aquele pobre diabo que tem uma pequena casa e que paga um baixo IPTU; daquele, um pouco melhor, que tem um apartamento e também paga IPTU; do outro, que tem um apartamento de mais luxo, um pouquinho, e que também paga, porque é a sua propriedade, e é o orgulho do munícipe pagar o IPTU de sua propriedade, então não é isso o que assusta a Prefeitura.

As outras coisas, a Emenda aprovada, e proposta por mim, de melhoria do sistema pluvial do Bairro São Geraldo, aprovada pelo Prefeito, e a matéria referente às placas nas ruas, identificando-as, ficam para uma próxima oportunidade, porque o Presidente me alerta que meu tempo se encerrou. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, volto a falar, nesta tribuna, a respeito de um assunto que tem me preocupado diariamente que é a questão do lixo em Porto Alegre. Fiz vários Pedidos de Informações ao poder Executivo e, infelizmente, em relação a essa matéria, até hoje, o Sr. Prefeito não me respondeu nenhum.

Mas tenho praticado várias diligências nessa área, Ver. Isaac Ainhorn, e, por incrível que pareça, a Empresa Cores, que é muito amiga do Prefeito, que doou dinheiro para campanha – é público isso, os jornais publicaram isso –, fez doação para a campanha do Prefeito Tarso Genro - e eu não estou dizendo se essa doação é legal ou ilegal, foi considerada ilegal, pela Justiça, mas o Promotor entendeu que a doação era no 1º turno, então não era ilegal, porque a eleição se deu no 2º turno -, e eu quero dizer aos Srs. Vereadores que, no dia 27, Ver. Elói Guimarães, vai fazer seis meses que essa Empresa está prestando contrato emergencial com a Prefeitura; totalizando, nesse contrato emergencial, 6 milhões de reais. E, agora, no dia 27, vão estourar 180 dias. Estou alertando, porque a Lei das Licitações, a Lei nº 8.666, traz no art. 24 a dispensa de licitação, mas ela diz, no inciso IV, que os contratos emergenciais só poderão ser feitos em 180 dias consecutivos, ininterruptos, contados da ocorrência da emergência do contrato, vedada a prorrogação dos respectivos contratos. Então, eu quero deixar aqui a pergunta: como é que a Prefeitura vai fazer a partir do dia 27, porque o Ver. Luiz Braz apresentou a esta Mesa... E, se a Comissão de Constituição e Justiça não convocar o Sr. Diretor-Geral, eu vou propor a este Plenário ou à minha Comissão que convoque imediatamente o Dr. Campani. Imediatamente o Dr. Campani tem de vir a esta Casa dar explicação. Isso é muito sério! E, se eu não estiver falando a verdade, quero que o Governo me responda. Se o que eu estou falando aqui nesta tribuna não é verdade, se tem contrato de emergência, se são seis meses, eu retiro o que estou dizendo, porque eu já falei desse assunto três vezes. É a quarta vez que venho à tribuna cobrar esse assunto, e o Governo silencia sobre esta matéria. Estão no governo há doze anos e deixaram para fazer uma concorrência em cima de quando terminava o contrato de cinco anos. Isso, no mínimo, tem um nome: desleixo administrativo!

Desleixo administrativo, Ver.ª Sofia Cavedon. O administrador público não sabia que o contrato ia terminar em abril? Sabia? E por que não fez a concorrência com tempo antecedente? Por que não fez, Vereadora?

Então, Srs. Vereadores, eu quero aqui, mais uma vez, dizer que o Sr. Prefeito Municipal não tem respondido os Pedidos de Informações deste Vereador relativamente à esta matéria. E eu quero pedir, Sr. Presidente, que V. Ex.ª tome as providências como Presidente desta Casa. Esta é uma questão da instituição. O Pedido de Informações é do Vereador, mas a resposta não tem vindo é para a instituição. Não é o desrespeito ao mandato deste Vereador, apenas, é à instituição. Aliás, o Prefeito tem feito isso em todas as matérias. Na CPI foi uma beleza! No dia 20 terminou o prazo; mandaram, no dia 21, faltando 5 minutos para as 18h, a Kombi cheia; mandou tirar uma foto e mandou a Kombi de volta. E até agora os processos não chegaram na Casa. Eu quero pedir à Secretaria da Mesa que me diga, por favor, quantos processos há da CPI aqui dentro. Por favor, Sr. Presidente, me diga oficialmente quantos processos vêm do DEMHAB, porque uns dizem que são 6 mil, que são 5 mil, que são 3 mil. Por favor, me dê uma certidão. Quero uma certidão, por favor, para saber quantos processos há nesta Casa.

Por isso fica aqui aquele velho ditado: “À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer ser.” Ou seja: acho que o Prefeito Tarso Genro é um homem íntegro, correto, digno e honrado, mas esta questão do lixo é uma questão extremamente grave e esta Casa tem de aprofundar este assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PC do B.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, aqueles que nos assistem aqui e nas suas casas. Venho fazer uma exposição acerca de algumas graves situações que estamos vivendo na Cidade de Porto Alegre, no âmbito da moradia, e que, através da CUTHAB, estamos tentando resolver, o que permanentemente compartilhamos com os demais Vereadores, porque a sua solução envolve, evidentemente, a participação de todos nós.

O problema mais emergencial com que nos defrontamos foi, nesta segunda-feira, o despejo da ocupação da área da Cooperativa Habitacional Metropolitana, na Vila Safira onde cerca de quatrocentas famílias sofreram uma ação de reintegração de posse. Lá estiveram a Ver.ª Maria Celeste, que não é da CUTHAB, e o Ver. Sebastião Melo. Tivemos, na tarde de segunda-feira, a presença aqui de uma comissão da comunidade. Naquela mesma tarde, de forma bastante ágil, encaminhamos ao Sr. Juiz de Direito Dr. Edson Jorge Ceguette, um documento solicitando a suspensão da ação de reintegração de posse, e marcamos uma reunião, na terça-feira, com a comunidade e o Presidente da Cooperativa, Sr. Alceu Rosa, para tentarmos uma negociação que solucionasse o problema. Aqui estiveram cerca de cem pessoas da comunidade, que nos historiaram os fatos. Trata-se de uma área da Cooperativa, adquirida em 1996, mas que, até agora, não teve aprovados os seus projetos; a área estava desocupada, e muitas das famílias que a teriam ocupado seriam famílias cooperativadas inadimplentes. Tivemos a presença da Direção da Cooperativa e do Sr. Alceu Rosa e fizemos uma discussão bastante ampla; creio que conseguimos um encaminhamento positivo. Esse encaminhamento foi no seguinte sentido: o Sr. Alceu Rosa comprometeu-se a fazer uma assembléia dos cooperativados para tentar conseguir um prazo de 30 dias para uma saída não conflitiva da área e, sim, uma saída negociada, pacífica; aventou-se, também, a hipótese - como hoje há a previsão de oitocentos lotes, para os quais só haveria quinhentas e cinqüenta famílias adimplentes, havendo uma sobra de duzentos e cinqüenta lotes, - que se desse a oportunidade para as famílias cooperativadas, que hoje estão inadimplentes, de negociarem e colocarem o seu débito em dia; ainda havendo sobras – e a própria Cooperativa admite que poderão haver sobras de terrenos -, que as famílias ocupantes mais necessitadas se inscrevessem na Cooperativa e pudessem adquirir as suas quotas e, assim, ficarem em condições de solucionar o seu problema. Essa é uma questão que está, ainda, em desenvolvimento, mas cremos que foi, nas circunstâncias que se deram, uma solução razoável.

No mesmo dia de ontem, também tratamos a questão do “Túnel Verde I” e “Túnel Verde II”. No caso, do “Túnel Verde”, é uma área onde, há dez anos, existe um loteamento irregular para o qual a comunidade procura regularização. Ela tem encontrado dificuldades, porque os projetos não estão sendo aceitos na SPM, visto que é uma área que está numa quota muito baixa. Então, acertou-se de fazer uma visita na área na próxima quinta-feira, dia 25, com os membros da Comissão, para a qual os demais Vereadores estão convidados. Já fizemos um contato com o Secretário da SPM, Sr. Carlos Vieira, que se comprometeu a ir junto nessa vista e iremos convidar também o DEMHAB, o DEP, o CAR da região, e mais o DMAE que tem todo um projeto de estações de tratamento de esgotos na região.

Portanto, são duas comunidades que há anos estão enfrentando dificuldades de regularização e o problema da ocupação que, através da reunião de ontem, procuramos dar um encaminhamento. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, recentemente, por iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt, esta Casa instituiu uma Comissão Especial, onde nós investigamos as denúncias que chegaram até está Casa, referindo-se aos procedimentos adotados pelo Abrigo Ingá Brita.

Nesta semana, também participou da Tribuna Popular o Dr. José Antônio Daltoé Cezar, Juiz da 2ª Vara do Juizado da Infância e da Adolescência da nossa Cidade. Os dados levantados por essa Comissão e colocados para a comunidade através da imprensa, as repercussões da decisão da Justiça, que, através de uma liminar no nosso Município, tenta ampliar o número de recursos para o atendimento das crianças e dos adolescentes, evidentemente, motivou uma série de iniciativas de pessoas, militantes das causas das crianças e dos adolescentes, de entidades que nos procuram, reafirmando uma série de preocupações com a débil política, com a frágil política de atendimento das crianças e adolescentes do Município de Porto Alegre.

Evidentemente, os Vereadores desta Casa têm responsabilidade pública de analisar as políticas do Executivo, cumprindo assim a sua função de fiscalização dos atos do Executivo. Já sabíamos e tínhamos várias vezes aqui denunciado as carências da política de assistência do Município de Porto Alegre, porém os dados recentes estimulam pessoas a trazerem aos nossos gabinetes relatos de situações muito graves sobre as quais precisam ser aprofundados os debates nesta Casa. Trinta por cento do atendimento às crianças que não têm o convívio familiar é feito por instituições como o Albergue João Paulo II, a Casa do Menino Jesus de Praga, a Aldeia SOS e uma série de outras entidades não-governamentais ligadas a setores das igrejas ou ligadas a segmentos que trabalham na área dos direitos infantis.

Denunciava-me uma dessas entidades que várias crianças constam como atendidas pela Prefeitura. A média de gastos de algumas entidades com as crianças é de 700 reais ao mês. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre repassa para essas entidades a absurda quantia de 40 reais. Na verdade, isso não é um repasse suficiente para atender minimamente uma criança; isso significa números para uma contabilidade e prestação de contas públicas que não correspondem efetivamente à preocupação social e à necessidade de atendimento que essas crianças têm.

No bojo desse debate, surge também uma outra situação muito grave sobre a qual esta Casa tem de se debruçar com a maior urgência. Qual será o percentual de crianças de zero a seis anos nesta Cidade? Quanto cresceu, nos últimos anos, o número de crianças de famílias de baixa renda, desempregadas, subempregadas que habitam as vilas de Porto Alegre? Quanto cresceu o número de vagas em creches e em escolas que atendem essa faixa etária?

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que estou, através de solicitação de várias pessoas que trabalham com essa área, procurando fazer um levantamento sobre a omissão do Poder Público Municipal em relação à proposta educacional para crianças de zero a seis anos em Porto Alegre. Além de deixar essas crianças no abandono, deixa em absoluta insegurança as suas famílias. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na semana passada, em Porto Alegre, ocorreu talvez o maior show do ano, show do Eric Clapton. Mas, estranhamente, a produtora do show não cumpriu a lei que foi aprovada por esta Casa, em 1998, por unanimidade. A Lei prevê que todo e qualquer show internacional, em Porto Alegre, tem de ser precedido por músico local. E, para surpresa geral, não foi cumprida a Lei. O que estamos fazendo? Imediatamente, enviamos um ofício à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, para o Secretário, Sr. César Alvarez, para que faça o cumprimento da Lei. E a Lei é bem clara: “Toda vez que a mesma não for cumprida, há uma multa contratual de 10% da bilheteria.” Volto a dizer que objetivo da Lei não é multar e arrecadar recursos, mas o objetivo, quando a Lei foi aprovada, foi fazer com que os nossos músicos possam, nessas oportunidades, mostrar um pouco mais do seu talento à população, não só a do Rio Grande do Sul, mas à população de outros Estados e de alguns países aqui do MERCOSUL. Esse show teve mais de cinqüenta mil pessoas. E, agora, o Ver. Marcelo Danéris, músico por formação, nos dizia das inúmeras bandas de blues que poderiam ter feito a abertura. Eu até estava dizendo que esse show, Ver. Marcelo Danéris, tem a cara do Nei Lisboa. O Nei Lisboa poderia fazer essa abertura, e eu tenho certeza de que aquelas mais de cinqüenta mil pessoas que lá estava presentes gostariam também de ter essa rara oportunidade de ver Nei Lisboa fazendo a abertura do último show que o Eric Clapton diz que está fazendo pelas nossas terras.

Nós lastimamos, mas, ao mesmo tempo, vamos insistir para que o Executivo, através da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, cumpra a Lei, porque é inadmissível o não-cumprimento da Lei, até porque, quando essa Lei foi proposta aqui para a Casa, as produtoras ajudaram no trabalho, e foram as próprias produtoras que, na oportunidade, nos convenceram de que a aplicabilidade da Lei só seria possível para os locais que comportam acima de duas mil pessoas, ou seja, em nenhum teatro em Porto Alegre seria possível cumprir a Lei, e justificaram o porquê: porque nos palcos pequenos seria muito difícil implantar toda aquela parafernália tecnológica de instrumentos, bem como mais os instrumentos de quem faria a abertura. Agora, esses megashows, nesses megaeventos, no Estádio Beira-Rio, no Estádio Olímpico, ou mesmo no Gigantinho seriam possíveis, ou seja, em um grande palco é possível instalar mais de um equipamento, e lastimamos que a Lei não tenha sido cumprida.

Um músico local teria a possibilidade de mostrar seu talento, já que são músicos reconhecidos pela população de Porto Alegre e pelo nosso Estado como grande músicos. Voltamos a insistir: queremos, uma vez não cumprida a Lei, que ela seja aplicada com veemência, para que possamos, nos futuros shows aqui na nossa Cidade, ver cumprida a exigência, ou seja, toda a vez que houver um show internacional em Porto Alegre, que possamos ter a sua abertura feita por um músico local. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Pauta Especial, seis vezes dez minutos, sessenta minutos. Pauta, cinco vezes cinco, vinte e cinco. Tribuna Popular: treze vezes dois minutos. Comparecimento do Secretário Municipal de Obras e Viação: uma hora e “cacetada”. Aí eu fiquei na esperança, começou a chegar a tarde, o cair da tarde, e eu digo: hoje as Lideranças não vão. Eu sou o último? Não, tem mais. Mas já que todos falam, eu também vou falar. “Povo do meu....” Vamos acordar, Parlamento! Vamos acordar! Tivemos, hoje, uma tarde muito morosa, muito devagar, quase parando. Precisamos dar uma sacudida. Precisamos ir, sim, ao encontro da solução dos problemas. Agora chegar aqui e “...Porque eu fiz uma reunião com os moradores da vila tal, que o artigo tal, o regulamento tal não permite que isso seja feito...” Por favor, entremos, todos nós, trinta e três homens que formamos este Parlamento, para a história. Manchetes das revistas nacionais. Eu até estava brincando aqui com a Ver.ª Maria Celeste: “Vamos para um hotel-fazenda, num fim de semana, os trinta e três Vereadores, e vamos voltar de lá com um novo Regimento, vamos mudar tudo.” Por que é que nós não entramos para a história, gente? Porque não é possível, são 18h36min, e nós, “na real”, de novo, não fizemos absolutamente nada.

Já que tem de falar, então eu vou falar. Aí o guri que é recolhido da rua ou então apanha em casa, ele vai para o Ingá Brita - denúncia do Ver. Antonio Hohlfeldt - e comete uma desobediência lá dentro, fecham ele num quarto e ele leva uns “bifes”: “Ô malandro, está aqui o bife. Te cuida!” Não é assim! Se for para recolher para as entidades assistenciais do Município e tratar a criança com violência como é tratada em casa, que fique na rua. A rua já é a escola para a formação do crime. Se for para ser assim, o Prefeito Tarso Genro não precisa cumprir o que prometeu no dia em que assumiu; deixa as crianças na rua. Nós precisamos ter acesso, sim, a essa carta-denúncia, a essa carta de ocorrência, sei lá, que o Ver. Antonio Hohlfeldt vai pedir junto ao Juizado de Menores para que nós tenhamos a prova documental.

“Maneira, magro.” Estou maneirando. Estou enviando um pedido à Prefeitura para que se crie uma - acho que guarita é o nome disso - lá no Morro Santa Tereza, porque assalto lá tem hora marcada. Duas horas, três horas, quatro horas, cinco horas, seis horas, sempre tem um carro da Brigada ali - um carro. Às vezes, quando o carro sai os meninos vão lá: “Me dá aí, que esse é meu. O relógio...” E ali é um local de turismo de Porto Alegre.

Vamos fazer uma guarita lá no Morro Santa Tereza e vamos deixar lá um cidadão permanentemente para que nós possamos dar condições de aumentar um pouquinho, cada vez mais a arrecadação do Município, porque se diz, aqui, que há muito dinheiro para fazer, mas, como diz o Ver. João Antonio Dib: “Leis são feitas para serem cumpridas.” Mas não são. Agora, elas também podem ser alteradas, o regime de um Parlamento pode ser alterado, se é para continuarmos assim.

Estou olhando, já falei três minutos e vinte e cinco segundos, e o que eu decidi para o Município de Porto Alegre?

Eu sei que o meu querido Ver. Humberto Goulart está tão desesperado quanto eu, quanto à morosidade com que se trata o assunto pista de eventos. Andei lá pela região onde a Prefeitura pensa em construir essa bendita pista de eventos. Desde já, me posiciono contrariamente ao local, porque ali existem doze campos de futebol que são alugados nos fins de semana e feriados, cuja renda sabem para que é? Para pagar escola de crianças carentes. Não me interessam os outros motivos, só esse motivo me basta para ser contrário à construção da pista de eventos naquele local. A Escola Técnica Santo Inácio funciona ao lado desses doze campos de futebol. Paralelamente, há muito tempo, há esse entendimento que se busca, dividindo os aluguéis desses campos de futebol para as crianças que precisam estudar e não têm condições. Para mim, em primeiríssimo lugar é educação sadia, não essa educação que os pais que formam o grupo do MST dão aos seus filhos. Se os pais do MST têm ou não condições de dar escola aos seus filhos é outra história, o Governo é que não pode ser conivente com esse jeito de reivindicar não respeitando os direitos da criança na sua formação. Pista de eventos próxima a Escola Técnica Santo Inácio - fiz por gosto isso, já termino Presidente, como todos fazem - por favor, definitivamente não!

Quanto à pista de eventos, no dia em que terminou o carnaval de 2001, eu vi gente do governo dizendo que o próximo carnaval de 2002 já seria na pista de eventos, pelo menos na pista de desfile. Será que os carnavalescos de novo vão ser enganados, aliás, enrolados de novo? Desculpe, estou em meu horário, como todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Haroldo de Souza quer esquentar o debate. O debate quente nesta Câmara, e que importa a todo o cidadão e cidadã de Porto Alegre, é o IPTU. E esse debate é importante que nós façamos com toda a seriedade e tranqüilidade, como propôs aqui o Ver. Sebastião Melo em uma de suas intervenções, ou mesmo como o Ver. Pedro Américo Leal tratou, que temos de estudar o Projeto.

Eu disse, aqui nesta tribuna, que o Projeto é complexo, é importante, porque ele não trata apenas da progressividade das alíquotas; trata de uma série de outros critérios sobre os quais nós nos precisamos debruçar para estudar. O Ver. Nereu D’Avila criticou, disse que isso é um aumento generalizado. O mais interessante que o Ver. Nereu D’Avila defendeu aqui foi que não há ricos em Porto Alegre; portanto, não precisamos mais discutir sobre IPTU; não se precisa de progressividade, porque, segundo o Ver. Nereu D’Avila, nunca passou uma limusine pelas ruas de Porto Alegre. Eu quero perguntar para todo o cidadão e cidadã de Porto Alegre, se isso é possível. Não há ricos em Porto Alegre, não há limusine, mas há carros importados com três lugares que podem custar duas vezes o preço de uma limusine, que circulam por toda a Porto Alegre. Parece-me que esse é um argumento muito fraco.

Mas ele diz, também, que vai haver um aumento generalizado na alíquota do IPTU. Vou fazer algumas perguntas. Como vai haver um aumento generalizado na alíquota do IPTU, se há uma reavaliação da Planta de Valores? Como nos exemplos dados aqui pelo Ver. Estilac Xavier há distorções enormes na Planta de Valores, onde há pessoas com apartamentos do mesmo valor em áreas urbanizadas iguais e que pagam diferenças, Ver. João Antonio Dib, de mais de 300%. Então é óbvio que vai haver correções na Planta de Valores. Isso significa reduções também; então, não é aumento generalizado.

Como pode haver aumento generalizado, se alíquotas começam com 0,2, e hoje a alíquota é única de 0,85? Então, aquele que paga uma alíquota única, hoje, de 0,85, vai ter redução. Então não é aumento generalizado. Como vai haver aumento generalizado, se são seis faixas de isenções propostas pelo Projeto do IPTU, isenções para aposentados e pensionistas, com até quatro salários mínimos, isenções para pessoas com imóveis de até dez mil unidades fiscais? No Município, hoje, o valor é em torno de 11 mil e 600 reais. Atualmente, essa isenção é apenas para quem tem valores até 3 mil e 800 reais. Só aqui, já significa um número enorme de contribuintes que vão ser isentos. E só na questão dos aposentados e pensionistas, significa em torno de vinte mil contribuintes com isenções. Mas como vai haver aumento generalizado, se há um incentivo à produção primária que, inclusive, envolve o corredor agroindustrial de Porto Alegre? Então, não pode ser sério um debate que diz que vai haver aumento generalizado e sequer leva em conta uma série de critérios ambientais, de patrimônio histórico e cultural, que também está previsto no IPTU e que foi uma das reivindicações do Ver. Beto Moesch, que eu tenho certeza de que está acompanhando o IPTU na área ambiental. Mas o Ver. Nereu D’Avila propõe, agora, ouvir a população. Por várias vezes vem aqui e critica o Orçamento Participativo e a forma de participação popular como se ouve a população. Mas ele diz: “Se a população disser sim, eu voto com o novo projeto do IPTU. Então, está lançado, aqui, o desafio, Ver. Nereu D’Avila, porque a população de Porto Alegre tem que ser ouvida, como já foi ouvida nos fóruns do Orçamento Participativo, mas quantas vezes mais forem necessárias e tenho certeza de que ela vai dizer sim. E eu quero cobrar de V. Ex.ª o seu voto pela aprovação do IPTU.

Mas o Ver. João Antonio Dib faz uma outra provocação: que o que nós queremos é cobrar de quem paga corretamente. Mas há um erro nisso, Ver. João Antonio Dib, porque, hoje, não se paga corretamente, porque uma pessoa que paga 300% a mais do que outra pessoa que mora nas mesmas condições não está pagando corretamente. E nós temos que fazê-la pagar corretamente. Então, o contribuinte tem que pagar corretamente. E a reavaliação da Planta de Valores é para que o contribuinte, hoje, não seja penalizado numa alíquota maior do que a sua renda, a sua capacidade e o local onde mora. E isso é o que está acontecendo, hoje: o Zé, que paga imposto, como diz o Ver. João Antonio Dib, está pagando incorretamente o seu imposto, porque há uma desvalorização na Planta de Valores, que nós precisamos reavaliar, para corrigir a Planta de Valores e o IPTU de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, eu penso que é muito sadio o debate sobre o IPTU progressivo. Acho que temos que ter o entendimento até para salvar a Cidade e mostrar à população o que acontece hoje, Ver. Haroldo de Souza, na política do IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano - e agora com o progressivo. Gostaria que o Ver. Marcelo Danéris, o Ver. Estilac Xavier, os Vereadores que vêm aqui e defendem o aumento do IPTU, o IPTU progressivo, explicassem à população por que, nos últimos tempos, por causa destes projetos que geram leis inconstitucionais, os ricos não pagam IPTU. Empresas que deveriam pagar - de acordo com os cálculos do PT – até 6 milhões de IPTU acabam não pagando IPTU, porque essas empresas que são de ricos entram na Justiça, aproveitando-se da inconstitucionalidade da lei e acabam não pagando. V. Ex.as sabem quem paga o IPTU? É a classe média. O imposto vai estourar só em cima da classe média. Os pobres não pagam porque ficam naquela zona de isenção. Aí o que acontece? A Constituição Federal permite progressividade no art.156, incisos I e II, e no art. 182. No art. 182 é progressividade no tempo com relação àqueles terrenos que estão mal-aproveitados. No art. 156 permite mais dois outros tipos de progressividade; no inciso I: a progressividade em razão do valor do imóvel. O valor do imóvel é porque um imóvel que vale 1 milhão vai pagar mais imposto do que um imóvel que valha 100 mil reais. É a progressividade através do valor do imóvel, é permitido pela Constituição. A outra progressividade é em razão da localização e do uso do imóvel. Isso significa o seguinte: o proprietário de um imóvel que está localizado em Petrópolis irá pagar uma alíquota maior - essa é a progressividade da alíquota. A alíquota pode ser maior em Petrópolis do que lá na Restinga, porque o imóvel de Petrópolis vale mais, ele está num local melhor; por isso, ele pode pagar uma alíquota maior. Só que o que fez a Prefeitura com o Projeto que mandou para cá? Mandou uma multiplicidade de alíquotas para uma mesma região. Essa multiplicidade de alíquotas para uma mesma região vai novamente gerar ações de inconstitucionalidade logo após a publicação da Lei, e novamente nós vamos ter o PT dando o presente para os ricos. Os ricos vão continuar não pagando imposto, como não pagam até aqui, porque as leis que nós aprovamos lá no passado foram leis consideradas inconstitucionais. Então, os ricos não pagam IPTU, e os pobres não pagam porque estão numa zona de isenção. Agora a classe média, que é, absolutamente, a maioria, essa classe média vai pagar o imposto lá em cima. A classe média vai “pagar o pato”, e sempre é assim.

E quero que alguém venha aqui, do Governo, e conteste o que estou dizendo, porque eu vou mostrar com a Constituição, a não ser que não leia a Constituição. Se fizeram uma leitura da Constituição e se leram o Projeto de Lei não podem entender este Projeto de forma diferente! E se vão aprovar o Projeto tal qual ele foi enviado para esta Casa então, realmente, vão revelar para a população que querem dar este presente para os ricos: os ricos vão continuar a não pagar imposto, e a classe média vai pagar.

Aí vem o discurso da tribuna, que é um discurso falacioso. Não podemos continuar com isso! A população não pode continuar sendo enganada. Nós temos que trabalhar com os dados reais, com aquilo que realmente existe. O que existe é uma possibilidade de progressividade que tem limites na Constituição. Fora disso não basta a vontade das pessoas que estão vinculadas ao Partido dos Trabalhadores de querer aumentar o imposto para todas as classes ricas e diminuir o imposto para todas as classes pobres. Nós temos um regramento, o regramento é da Constituição, é da Lei Orgânica, e é, exatamente dentro desses regramentos, que temos que votar o Projeto do Imposto Predial Territorial Urbano, que agora pode ser progressivo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): De acordo com o que determina o art. 145 do Regimento, a Sessão poderá ser prorrogada por prazo não superior a duas horas para discussão e votação de matéria constante na Ordem do Dia, desde que requerida por Vereador ou por proposta do Presidente da Mesa. São 18h49min; portanto, a Sessão deverá ser prorrogada. Colocamos em votação a prorrogação da Sessão para que possamos ingressar na Ordem do Dia.

Em votação nominal, por solicitação do Ver. João Antonio Dib, a prorrogação da Sessão. (Pausa.) (Após a apuração.) APROVADA por 22 votos SIM e 07 votos NÃO.

Havendo quórum passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. HUMBERTO GOULART (Requerimento): Sr. Presidente, o meu Requerimento é no sentido de propor uma nova ordem aos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Certamente, respeitando a página 6, o Veto Parcial ao PLE nº 015/01.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Primeiro o PLE nº 015/01; segundo, o PR nº 063/01; terceiro, Requerimento nº 234 e quarto, Requerimento de Urgência sobre a reunião das Comissões Conjuntas; a seguir a ordem normal, já pautada.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Humberto Goulart. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com abstenção do Ver. João Antonio Dib.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2405/01 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/01, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2002 e dá outras providências.

 

Parecer:

- da CEFOR. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela rejeição do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 11.10 – Quinta-feira.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 015/01, com Veto Parcial. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós iniciamos a discutir, neste momento, o Veto aposto pelo Sr. Prefeito Municipal à Emenda Popular nº 20, que prevê a construção de centro cultural no Morro da Cruz, com palcos para encenação das estações da Via Sacra, no início, meio e fim da Via Sacra, especialmente no alto do morro, onde são encenadas a crucificação, a morte e a ressurreição de Cristo.

Os fundamentos deste Veto, Sr. Presidente, estão inseridos no Projeto e foram analisados pela Comissão de Finanças e Orçamento, eis que se trata de Veto a um dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, e, pela sua natureza, caberia ser analisado pela Comissão de Finanças e Orçamento, que chegou à conclusão de que o Veto Parcial do Sr. Prefeito não deveria ser mantido por esta Casa.

Diz o Parecer: (Lê.)

“Entende o Poder Executivo haver ilegalidade na proposta por falta de projeto aprovado e por ser contrário ao interesse público. Ao propor a construção de um centro cultural no Morro da Cruz, os legisladores subentenderam todas as fases da obra, isto é, desde a elaboração do projeto até a entrega à comunidade. De tal forma, o projeto deverá ser discutido, elaborado e aprovado após se enquadrar dentro de todas as normas legais. Por sua vez, nada de mais interesse popular do que uma Emenda Popular, assinada por representantes de uma populosa e ativa comunidade que, a cada ano, presencia a montagem e a desmontagem dos cenários para a realização da Via-Sacra, com custos sem nenhuma utilidade no resto do ano, a exemplo do que acontece com a passarela do carnaval em Porto Alegre.

O Poder Executivo vetou a Subemenda nº 1 à Emenda nº 45 do Plano Plurianual, que previa a elaboração desse Projeto, mas não vetou a própria Emenda nº 45, que passa a valer na sua redação original prevendo a construção do centro cultural do Morro da Cruz, o que é agora reiterado pela LDO, já que o Legislativo acatou o Veto.

Já a Emenda nº 108 prevê culminar os estudos de viabilidade para implantação da Linha 2 do Metrô e iniciar os procedimentos para a sua efetiva implementação. Alega o Poder Executivo que, se não for aprovado o estudo de viabilidade, não poderão ser iniciados os procedimentos de implantação. É absolutamente óbvio que não teremos procedimentos de implantação se não for aprovado um estudo de viabilidade. Nesse sentido, o Veto parece demonstrar a falta de vontade política em complementar o mesmo.

No Plano Plurianual, foi aprovada, sem nenhum Veto, a alteração do objetivo que ampara essa Emenda, que ficou assim redigida: ‘Viabilizar o implantação da Linha 2 do Metrô do Município de Porto Alegre.’ E foi mantida a meta da conclusão dos estudos sobre o Metrô.

Mas vamos mais além: Foi incluída uma nova meta, também sem Veto, para permitir efetuar convênio com o Governo Federal, Governo Estadual e iniciativa privada, para a implantação da Linha 2 do metrô. É evidente que essa última meta do Plano Plurianual não será implementada se a anterior não tiver um desfecho positivo, analogamente ao que aconteceu com a Emenda nº 108, objeto de veto pelo Poder Executivo.

Por estas razões...” - conclui o Ver. Antonio Hohlfeldt – “...somos contra o Veto Parcial do Sr. Prefeito e a favor da manutenção das Emendas nºs 20 e 108.

Pela rejeição do veto parcial.”

Essa é a colocação do Ver. Antonio Hohlfeldt, que, lamentavelmente, não está presente neste momento, e que faço questão de, na discussão, colocar, pois, não integrando a Comissão de Finanças e Orçamento, só conheci este Parecer neste momento e subscrevo inteiramente esta manifestação, pela sua correção e, sobretudo, pela sensibilidade com que ela foi exposta.

Era isto, Sr. Presidente. Somos, por conseguinte, contrários ao Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PLE nº 015/01.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Emenda Popular nº 20, que prevê a construção do Centro Cultural Morro da Cruz, com palco para encenação das estações da via-sacra, tem mérito. Ela é resultado de uma realidade social, é a concretização de uma atividade cultural, histórica, fundamental no Morro da Cruz. Não há nenhuma divergência neste sentido. A comunidade do Morro da Cruz é uma comunidade que luta por melhores condições de vida, uma comunidade participativa, toda a sua movimentação é bem-vinda, e é uma comunidade que é convidada, sistematicamente, para discutir Orçamento, para discutir investimento, para discutir políticas para a Cidade. Só que a Cidade tem um método. A Cidade legitimou e constituiu um método para que isto aconteça, um método que não é unilateral, não é um método onde as idéias estejam prontas na cabeça de um, ou de um grupo, e elas linearmente vão para o papel e do papel vão para o Orçamento, para o Plurianual. Temos um método constituído, revisto, reconstruído anualmente pela própria população, que é o Orçamento Participativo. E ele é método, porque é assim, com critérios, com regras, construídas coletivamente, que se consegue chegar a uma decisão coletiva, que se consegue fazer com que cada região, com que cada comunidade, na sua região, leve suas necessidades, seus pontos de vista, experimente-os perante o ponto de vista dos outros, perante as necessidades dos outros e, juntos, definam o que é prioridade, o que vamos buscar antes, o que vamos definir primeiramente em nossa região. Essa mesma comunidade discute de onde virão as verbas, definem temáticas, incidem e fiscalizam a aplicação destes recursos.

Esta Emenda, que vem diretamente à Câmara de Vereadores, não é resultado desse método, não é resultado desse diálogo nas regiões, não é resultado desse longo e exaustivo processo que a Cidade vive, em que a Prefeitura investe, em que os moradores da Cidade investem o seu tempo. Este é o único pecado desta Emenda, e, portanto, ela não pode ser aceita, sob pena de nós relativizarmos, sob pena de nós fragilizarmos, sob pena de nós quebrarmos uma regra que é combinada, revista, reescrita, repensada anualmente, por milhares de cidadãos desta Cidade. E esta Câmara de Vereadores já referendou isto na discussão do Plurianual. O Plano Plurianual, discutido nesta Casa, teve emenda deste mesmo teor, emenda em relação ao centro cultural do Morro da Cruz, inclusive definindo que o Governo faria um projeto neste sentido. O Prefeito vetou essa emenda e a Câmara manteve o Veto. Aqui, o Plenário desta Casa, manteve esse Veto.

Portanto, hoje, na Câmara, está em discussão um Orçamento para o ano de 2002 que não prevê nenhum investimento para o Morro da Cruz, porque não está contemplado no Plurianual e pelo processo de discussão do Orçamento Participativo, que gerou o Orçamento desta Cidade. É em nome desse método, é em nome dessa coerência, que a Prefeitura faz o Veto desta Emenda. É em nome dessa coerência, da preservação desse método, da legitimação do processo coletivo de decisão, que eu penso que a Casa deve manter o Veto, referendando uma lógica legitimada pela Cidade, que envolve muitos dos nossos cidadãos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, passarei, logo em seguida, às mãos de V. Ex.ª, um requerimento de minha autoria. e peço a V. Ex.ª que, dentro dos trâmites da Casa, possa ser o mais rápido possível, porque eu tenho informações precisas de que, no dia 27, vence o sexto mês de contrato emergencial com a Empresa Cores para recolhimento do lixo de Porto Alegre, e a nossa Lei nº 8.666 veda contrato de emergência após seis meses de vigência. Essa informação é precisa. Sei que o Ver. Luiz Braz já solicitou que a Comissão de Constituição e Justiça convide o Sr. Diretor do DMLU. Só que verifiquei, lá na Comissão, que, até hoje, isso não foi providenciado.

Por isso, estou passando às mãos de V. Ex.ª Requerimento que solicita a visita do Sr. Diretor a esta Casa para dar explicações.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ver. Elói, já que a Comissão de Constituição e Justiça foi envolvida, V. Ex.ª pode-se posicionar.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, eu já diligenciei à Comissão de Constituição e Justiça. Se foi requerido que a Comissão de Constituição e Justiça ouça o Sr. Diretor do DMLU, ele será ouvido, não há por que não ouvi-lo. Então, há uma decisão já previamente estabelecida. Eu só tenho que constatar - e não tenho condições agora de saber efetivamente - se está lá na Comissão de Constituição e Justiça o pedido do Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ver. Elói Guimarães, a Diretoria Legislativa me mostra o Processo com o Requerimento do Ver. Luiz Braz chegando hoje à Diretoria Legislativa, vindo da Procuradoria, com a data do dia 16 de outubro. Ele será encaminhado amanhã à CCJ.

O Ver. Sebastião Melo mantém o Requerimento.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE nº 015/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vamos nos ater à Emenda nº 20, que é uma emenda do Ver. Aldacir Oliboni, que pretende construir o centro cultural Morro da Cruz, com palcos para encenação das estações da Via-Sacra, no início, meio e fim da Via-Sacra do Morro da Cruz, especialmente no alto do morro, onde são encenadas a crucificação a morte e a ressurreição de Cristo. Nós estivemos, quando se discutia a matéria, debatendo o assunto, porque entendemos que, a par do aspecto religioso, que está incorporado ao cotidiano da Cidade, todo esse ato religioso do Morro da Cruz constitui-se também, ao lado do aspecto da fé, com toda a respeitabilidade que a via-crúcis recomenda, num aspecto cultural hoje inserido, incorporado à atividade cultural da Cidade.

Então, o Veto a esta Emenda é uma negativa à instituição do referido palco, das referidas condições materiais, para que melhor se qualifique esse ato religioso, ato cultural, enfim, que também é uma festa da comunidade, mesmo que ela tenha esse conteúdo de calvário, de Paixão. Mas, nesse evento, há toda uma atividade extremamente útil e importante para a Cidade. Então, acreditamos que a matéria tem fundamento, tem razão, tem substância e, como tal, o Veto não se presta a ser o melhor caminho no sentido de se tornar cada vez mais consagrada a chamada Via-Crúcis do Morro da Cruz.

É nesse sentido, e nem poderia ser diferente, que nós estamos aqui defendendo a contrariedade ao Veto, porque, mesmo que algumas dificuldades no campo formal possam existir, o mérito é extremamente saudável. Há uma razão profunda para que se institua, em nossa Cidade, toda essa materialidade que a Via-Crúcis tem. Muitas vezes, há a necessidade de uma série de equipamentos para que se possa consagrar o calvário de Cristo, equipamentos esses que podem tornar definitivo na Cidade de Porto Alegre o que se dá uma vez por ano. Fica aqui a nossa manifestação contrária ao Veto por entender que ele não faz jus à inteligência e ao momento que se vive, e perde-se a oportunidade de ter aprovada uma boa iniciativa, poderíamos até dizer uma sacra iniciativa, que vem em função do culto, da religiosidade, da cultura, enfim, da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir o PLE nº 015/01.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são 19h20min, e estou hoje aqui um tanto apreensivo com o que acontece neste Plenário. O meu querido e saudoso Dilamar Machado sempre dizia: “Ninguém chega aqui nesta Casa por acaso; a pessoa que chega aqui e ocupa um assento nesta Casa é porque teve o aval, a credibilidade do povo desta Cidade.” O que eu quero dizer com isso? Tenho o maior respeito por todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa, mas está acontecendo algo que eu não consigo entender. O nosso colega Ver. Aldacir Oliboni, grande Vereador, é uma criatura simpática, querida da comunidade do Morro da Cruz, onde representa aquele Ser salvador de todos - em todas as crenças acreditamos num Ser superior, nós acreditamos nisso. O Ver. Aldacir Oliboni representa esse Ser na cruz, encena aquele sofrimento, aquela história que todos nós conhecemos. Só que na votação desse Projeto, ouvindo alguns segmentos, eu votei contrariamente. Mas a minha surpresa é que o Ver. Aldacir Oliboni não estava presente, Ver.ª Sofia Cavedon. Todos os Vereadores devem ter respeito uns aos outros, igualmente. O Prefeito Municipal vetou uma emenda popular, e o Ver. Aldacir Oliboni pediu a este Vereador - implorou - que votasse pela derrubada do Veto do Sr. Prefeito. Só que essa manobra de Plenário eu não consigo entender. O Ver. Aldacir Oliboni, mais uma vez, não está aqui no Plenário. Então eu pergunto: o que está acontecendo? Será que o Ver. Aldacir Oliboni não merece o respeito desta Casa? Não é um Vereador que teve o legítimo aval do povo de nossa Cidade para ocupar uma cadeira desta Casa, Vereadora? Vereadora, estou muito triste hoje.

 

A Sra. Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não dá para considerar desrespeito ao Ver. Aldacir Oliboni. Ele não está aqui por contingências próprias, e nós temos um prazo para votar o Veto, inclusive a Pauta está trancada por causa desses vetos, o senhor sabe muito bem.

 

O SR. ERVINO BESSON: Minha querida Vereadora, não é isso que este Vereador entende, assim como vários Vereadores desta Casa; não é por aí.

Veja que há uma Emenda Popular aqui, Vereadora, e até em respeito e pelo que representa, na semana, para a cultura da nossa Cidade, mas eu entendo que não é com esse tipo de manobra que nós vamos resolver o problema, sinceramente. Eu penso que esta Casa tem outra fórmula, outro caminho a seguir, e não esse caminho. Eu não estou aqui culpando ninguém, mas foram tomadas algumas decisões, não sei por quem, que, pela segunda vez, o Vereador que tem um grande interesse por um Projeto que é dele, que tem o aval de grande parcela da comunidade, e na votação do Projeto, o Vereador não se encontra presente, e também no Veto. Convenhamos, Vereadora! Há algo estranho.

 

A Sra. Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ressalvo que é muito forte falar em manobra, Vereador, há uma opção de cada Vereador aqui. Como o senhor mesmo disse, é um Vereador respeitado, é um Vereador que tem o seu conjunto de compromissos, mas é um Vereador que tem autonomia e liberdade de estar ou não, segundo o seu critério de avaliação.

 

O SR. ERVINO BESSON: Vereadora, é só um Projeto. Eu não estou aqui culpando ninguém. Não é um Vereador da minha Bancada. Eu só estou pensando que... É uma visão deste Vereador. Eu vejo com muita tristeza o que está acontecendo com o Projeto do Vereador, na votação do Projeto, agora com o Veto do Prefeito. Eu penso que não é assim que tomamos algumas posições perante um Vereador legitimamente eleito pelo povo da nossa Cidade de Porto Alegre. Sou grato pela atenção dos nobres colegas desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLE nº 015/01.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Ervino Besson, eu não sei quantos membros da sua Bancada estão presentes, no momento. A Bancada do Partido dos Trabalhadores está aqui com a sua maioria. Eu quero dizer que V. Ex.ª votou contra a inversão dos Vetos. O Ver. Aldacir Oliboni estava aqui, sim, para votar este Veto na Sessão anterior. Nós tentamos votar primeiro esse Veto e V. Ex.ª votou contra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Não havendo mais nenhum Vereador inscrito para discutir a matéria, damos por encerrada a discussão. Em votação o PLE nº 015/01. (Pausa.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Com a presença de doze Vereadores, não há quórum para que nós possamos votar a matéria.

Encerramos a Sessão por falta de quórum, alertando que a discussão da matéria foi encerrada.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Gostaria que V. Ex.ª me respondesse: esta matéria tranca a Pauta, obviamente? E a Sessão seguinte, da próxima sexta-feira, inicia-se necessariamente com esta matéria?

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Sim, obrigatoriamente.

Já está encerrada a discussão do Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 015/01. Entraremos direto no processo de votação.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h29min.)

 

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